Posts

Panorama e perspectivas no setor de Shopping Centers

A Associação Brasileira de Shopping Centers projeta um crescimento de 9,5% para 2021

Talvez um dos setores mais atingidos pelas restrições impostas para conter a disseminação da Covid-19 seja o dos shopping centers. Essa atividade, que dependia quase que exclusivamente do fluxo de pessoas que visitavam seus corredores diariamente, viu todas as operações do país suspenderem as atividades em abril de 2020, sendo o mês mais impactado pelo coronavírus, até então, com queda de faturamento em 89% – conforme dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) – quando comparado com o mesmo mês do ano anterior.

Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), as visitas mensais aos shopping centers caíram de 502 milhões de pessoas em 2019 para 341 milhões no ano passado representando uma queda de 32%. Outros estudos também confirmam essa redução, como o Índice de Performance do Varejo (IPV), realizado pela FX Data Intelligence, o qual demonstra que, em 2020, a frequência de pessoas ficou 27,71% menor que em 2019. O IPV ainda traz dados referentes a lojas de ruas, em que a queda foi de apenas 2%, evidenciando que os efeitos mais duros foram sofridos pelos shoppings.

O tempo de permanência dentro dos centros de compras também foi reduzido, de uma hora e meia, em 2019, para uma média de 30 minutos ao longo de 2020, segundo pesquisa da Alshop. Esse dado vai ao encontro da percepção da Abrasce quanto a uma mudança de comportamento, em razão do medo da contaminação pelo coronavírus, que fez com que os visitantes passassem a ir com menos frequência aos shoppings tornando suas compras mais assertivas. A queda de circulação teve reflexo direto na receita nominal do setor que, de acordo com a Abrasce, registrou, em 2020, um faturamento de R$ 128,8 bilhões, uma queda de 33,2% em relação a 2019, quando o faturamento foi de R$ 192,8 bilhões.

Com o espaço físico sofrendo restrições de circulação, foram observadas nos players do mercado diversas ações, como redução dos custos condominiais e flexibilização das condições para faturamento de aluguéis, para amenizar o impacto que os lojistas tiveram e continuam tendo. Muitos desses lojistas também necessitaram buscar outros meios de receita, como o delivery e o drive-thru.

Segundo dados da Abrasce, no final de 2020 o número de empreendimentos com aplicativos já correspondia a 41%, demonstrando a já conhecida tendência de aceleração digital provocada pela pandemia (de diversos estudos, podemos citar o Análise do Comportamento de Consumo, publicado pelo Itaú em 9 de fevereiro de 2021; este relata que as compras digitais chegaram a crescer 29% no ano passado). Além dos lojistas, os shoppings buscaram desenvolver seus próprios marketplaces, sendo que, em 2020, 29% deles já operacionalizavam por esse canal, ante apenas 11% em 2019. A pesquisa ainda afirma que 59% dos shoppings pretendem implementar uma plataforma de marketplace nos próximos dois anos.

Apesar do impacto financeiro, sete shoppings foram inaugurados em 2020, somando-se aos 594 já em operação. O número de lojas também cresceu e chegou a 110 mil, uma alta de 5% na comparação com 2019. Houve, ainda, um crescimento de 2,8% no número de salas de cinemas, totalizando 2.982 unidades. Já a vacância ficou em 9,3% em 2020, contra 4,7% no ano anterior. No total, 7% dos shoppings passaram por algum tipo de expansão. Para os próximos anos, 26% dos empreendimentos pretendem expandir – número expressivo se considerarmos que, em 2019, apenas 10% dos shoppings tinham planos de ampliação.

Para 2021, está prevista a inauguração de 13 shoppings que, juntos, somam uma ABL de 278.227 m². O destaque fica por conta do Estado do Paraná que conta com quatro lançamentos e 127.200 m² de ABL, colocando o estado na 4ª posição em se tratando de ABL – ficando atrás apenas de São Paulo (1ª), Rio de Janeiro (2ª) e Minas Gerais (3ª).

Para 2021, a Abrasce projeta um crescimento de 9,5% baseado no cenário atual. A instituição acredita que a imunização da população é fundamental para a recuperação econômica. Em vista disso, a associação enviou uma carta aos prefeitos dos 222 municípios, onde há shoppings no Brasil, e aos governadores, colocando o setor à disposição para auxiliar no processo de vacinação da população. 

Perspectivas para a Economia Brasileira e Mundial: 2021

A sustentabilidade da recuperação da atividade econômica 

A economia mundial entrou em recessão severa no primeiro semestre de 2020. O distanciamento social, em virtude do avanço da pandemia, gerou quedas expressivas na atividade produtiva. O Gráfico 1 descreve o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) em países selecionados, tendo como base de referência o nível de atividade no 4º trimestre de 2019 (pré-Covid). Pelo fato de o início da pandemia ter ocorrido na China, sua economia sofreu de forma mais severa no 1º trimestre, recuperando-se surpreendentemente no período seguinte enquanto a economia global desabava. A retração econômica na Índia e no México foi de 25% e 17%, respectivamente, em apenas um trimestre. Nesse mesmo período, a economia brasileira seguiu a tendência dos EUA e Europa, com queda de cerca de 10% do PIB.


Fonte: OECD (2020), Quarterly GDP (indicator).

É importante destacar que a economia chinesa está um passo à frente dos movimentos econômicos da pandemia. E, apesar de ela ter subido exatamente no 2º trimestre, seu nível de atividade produtiva ficou relativamente estagnado no 3º trimestre. Durante o processo de recuperação, o Banco Popular da China identificou que as famílias, as quais sofreram com a perda da renda, terão uma maior propensão a poupar e, com isso, estão encontrando uma maior dificuldade para expandir o consumo das famílias e investimentos das empresas. Ou seja, uma recuperação mais plena da economia mundial dependerá, certamente, de novos estímulos econômicos, em especial o fiscal.

Essa recuperação dependerá do avanço de um amplo programa de vacinação aliado aos pacotes fiscais. O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, sinalizou para o avanço nessa estratégia. As discussões no Congresso e Senado dos EUA indicam, em uma etapa inicial, um pacote fiscal para o início de 2021 na ordem de US$ 908 bilhões. Seus recursos estariam direcionados para um Pacote de Proteção ao Salário (30%), seguro-desemprego adicional, incluindo US$ 300 semanais até março (20%), ajuda a governos estaduais (18%), distribuição de vacinas (2%), suporte às companhias aéreas (2%) e demais programas (28%).

Paralelamente ao pacote norte-americano, é fundamental acompanharmos a relação EUA-China no cenário internacional. Entendemos que uma ação conjunta das duas maiores economias pode ajudar na recuperação mundial. Em especial, nossa atenção está voltada para o anúncio de estímulos fiscais da economia chinesa quando o País passar a anunciar uma maior meta de déficit fiscal para 2021. Atualmente o déficit público está em cerca de 3,6% do PIB. Espera-se um anúncio de déficit para o próximo ano de pelo menos 1 ponto percentual do PIB. Apesar de o consumo e exportações terem apresentado forte recuperação no terceiro trimestre de 2020, há uma preocupação em relação aos investimentos em infraestrutura e manutenção na geração de emprego de qualidade para sustentar o consumo das famílias.

A tabela a seguir destaca as perspectivas de crescimento mundial do PIB para 2020 e 2021 conforme projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional). Um crescimento de 5,2% para a economia mundial em 2021, com destaque positivo para os mercados emergentes (6,0%).


Fonte: FMI, projeções de outubro.

Entretanto, mesmo com o avanço dos pacotes fiscais nos EUA e China, as perspectivas para nossa economia são de retomada mais moderada. Segundo o Relatório Focus, de 4 de dezembro de 2020, o mercado espera uma expansão do PIB de apenas 3,50%. Isto é, abaixo da retomada dos países emergentes. Cabe ressaltar que o atual processo inflacionário de alimentos tende a se dissipar ao longo do primeiro semestre de 2021, com uma taxa de câmbio mais próxima de R$ 5,00 por dólar. O IPCA deve ficar entre 3,40%, com uma maior pressão de preços administrados, em especial nos setores de energia, combustíveis, transportes públicos e saneamento.

A notícia boa é que nossa economia vai avançar em seu processo de recuperação, mas tudo indica que em um ritmo inferior aos dos países emergentes.

O que esperar de 2019?

São positivos os primeiros sintomas da economia brasileira com a mudança de gestão política em 2019. A bolsa vem reagindo bem e o dólar circula na casa dos R$3,70, o que é muito positivo e saudável para a situação atual do país.

Na parte política os anúncios e as primeiras ações demostraram confiança ao mercado, a redução de Ministérios, com a promessa de enxugamento da máquina pública, enviou um recado positivo aos investidores. Ainda assim sabemos que há muito o que ser feito e a recuperação será a passos lentos.

Entendemos que os principais desafios da nova equipe econômica se encontram na área fiscal. Reduzir o atual déficit público de 7,10% para 6,50% do PIB em 2019 vai exigir do novo governo uma bela diminuição das despesas correntes da administração pública, aliada a aprovação da Reforma da Previdência. Segundo os economistas ouvidos pelo Banco Central do Brasil (BCB), a partir dessas medidas o déficit público do setor público em relação ao PIB (riqueza gerada pelo País) apresentará uma dinâmica decrescente, contribuindo com isso para a redução da dívida pública brasileira. Em um cenário de folga orçamentária, o governo poderá avançar de forma consistente em uma Reforma Tributária, reduzindo o número e a carga de impostos indiretos os quais incidem violentamente no processo de produção e geração de riqueza.

Se formos olhar para as principais expectativas macroeconômicos para este ano, poderemos encontrar um ambiente mais otimista em favor da recuperação da economia. Estamos falando da tabela a seguir a qual trás as expectativas recentes do mercado financeiro, coletadas pelo Banco Central do Brasil (BCB), para o final do ano de 2019.

Fonte: Relatório de Mercado Focus, 11 de janeiro de 2019.

Espera-se que o PIB venha crescer em torno de 2,57%, puxado pela retomada dos serviços e indústria. Um ajuste na taxa de juros Selic de 50 pontos-base passando para 7,00% ao ano no final do ano. A notícia boa é que a economia brasileira nunca operou por um prazo tão extenso com uma taxa de juros anuais abaixo de 8%. O efeito natural consiste no reestabelecimento do crédito ao consumidor e as firmas; condição essencial para a retomada do consumo das famílias e o investimento das empresas. No lado externo, o mercado estima uma taxa de câmbio mais bem-comportada, próxima a R$ 3,80 por dólar norte-americano. Ou seja, não há por hora uma preocupação do mercado em que a taxa de câmbio venha a ultrapassar o patamar de R$ 4,00, no ano de 2019. Como consequência final, teremos uma taxa de inflação (IPCA) alinhada com a meta de 4,25% para dezembro desse ano, indicando um equilíbrio macroeconômico.

Em 2019, esperamos que a retomada do crescimento econômico venha se consolidar. Pelo lado da oferta teremos indicadores mais favoráveis dos setores econômicos, em especial indústria e serviços; e pelo lado da demanda a expansão do consumo das famílias e da melhora no financiamento das empresas.

O que dizem os setores produtivos paranaenses sobre o saldo de 2018 e o que esperam de 2019

Representantes de vários setores da economia paranaense se reuniram no CORECON-PR para debater os cenários econômicos futuros e também fazer um balanço do período que se finda. O consenso é que o Brasil caminha para a recuperação, mas ainda são passos lentos.

O evento que teve a participação do economista Lucas Dezordi, sócio da Valuup, contou com representações da FIEP, FAEP, DIEESE, ACP e Ipardes.

Dezordi destacou o processo inflacionário que teve alta de 4,56% entre novembro de 2017 e outubro de 2018. O economista explica que a estiagem, a greve dos caminhoneiros, o preço dos combustíveis e o aumento da energia elétrica cooperaram para esse cenário. Entretanto, as previsões da equipe da Valuup são de deflação para novembro e dezembro de 2018. Outro ponto destacado foi o fenômeno boca de jacaré, provocado pela alta do câmbio e a baixa da taxa de juros, entenda neste artigo.

Empregos

Um dos fatores mais preocupantes ainda é o mercado de trabalho, segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, Fabiano Camargo, ainda são 13 milhões de desempregados no país. Camargo salienta que houve uma pequena redução do desemprego em 2018 se contabilizados os trabalhadores que migraram para postos informais, sem carteira assinada. “A verdade é que as pessoas desistiram de procurar emprego, elas saíram da estatística porque se submeteram a ocupações precárias ou estão tentando um negócio próprio”, explica o economista.

Indústria

Os industriais apostam na retomada da economia em 2019 para ganhar fôlego e conseguir uma recuperação mais consistente. O setor começou 2018 com bons números de largada, mas ao longo do período também sofreu as consequências de 2018.

O representante da Federação das Indústrias do Paraná – FIEP, Roberto Zürcher, lembrou que o Brasil tem todo o potencial necessário para subir junto com os países desenvolvidos. Falou também que é preciso entrar no padrão da Indústria 4.0 “precisamos, no mínimo, produzir aquilo que consumimos” alertou Zürcher.

Comércio

Depois de três anos de sufoco o comércio paranaense aposta em um 2019 mais estável porem sem grandes saltos “o consumidor está muito mais consciente e quer comprar sem se endividar” salienta do representante da Associação Comercial do Paraná – ACP, Antoninho Caron. Por isso o próximo período deve mostrar melhores números, mas sem grandes saltos. Caron lembra que o consumidor está mais experiente e aprendeu muito com a crise “as pessoas perceberam que foram ludibriadas, enganadas por uma realidade que não existia, agora elas têm os pés no chão, isso é muito positivo e saudável para a economia”.