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Impairment Test do setor de varejo

Empresas do setor de varejo seguem as normas do CFC

Nossas perspectivas sugerem que teremos uma grande demanda por trabalhos de impairment test de ativo imobilizado e intangível, bem como fair value da carteira de recebíveis, covenants e, em alguns casos, going concern para as empresas.

Esse fenômeno está atrelado aos efeitos financeiros ocasionados pela Covid-19, obrigando as empresas a estimar, reconhecer e registrar perdas oriundas do impacto da pandemia nos negócios. 

O alerta já foi dado em março pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que destacou “a importância de as companhias abertas e seus auditores independentes considerarem cuidadosamente os impactos da Covid-19 em seus negócios e reportarem nas demonstrações financeiras os principais riscos e incertezas.”

Para identificar como essas informações vêm sendo tratadas pelas empresas de capital aberto, selecionamos um setor que supomos sofrer grande impacto: varejo (o segundo artigo da série; para acessar o primeiro – “Viagens e Lazer” – clique aqui), conforme a Classificação Setorial das Empresas Negociadas na B3, disponível no seu site. Analisamos as notas explicativas com o objetivo de constatar a existência de nota específica para o evento Covid-19, suas razões e se houve ou não registro de perda por impairment realizado pelas empresas, de acordo com a tabela a seguir:

Fontes:
As DFs foram disponibilizadas pelas empresas em www.b3.com.br, acessadas em 19/09/20, ou no site das próprias empresas.

Constatamos que todas as empresas do setor de varejo apresentaram nota COVID-19. Entre os fatores mais destacados, referentes aos impactos sofridos e medidas tomadas, encontramos: suspensão de contrato de trabalho, redução de jornada, renegociação de contratos de aluguel e revisão de despesas.

Com exceção de LOJAS MARISA e GRAZZIOTIN, todas as outras fizeram análise de impairment test por meio do fluxo de caixa futuro. Das sete empresas do setor, cinco fizeram teste (72%). Nenhuma delas identificou necessidade de ajuste por impairment test.

Esperamos que as demonstrações financeiras ao longo de 2020 demonstrem adequadamente os efeitos financeiros da Covid-19  conforme recomendado pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade), através das normas NBC TG 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, NBC TG 46 – Mensuração do Valor Justo, NBC TG 48 – Instrumentos Financeiros e NBC TG 24 – Evento Subsequente.

Valor de Sinergia

O Valor de Sinergia em processo de M&A

Entre as diversas metodologias existentes para se realizar o Valuation de uma empresa, a que atualmente é a mais completa e aceita pelo mercado é o método de fluxo de caixa descontado, devido à abrangência de variáveis que essa técnica contempla, mitigando as possíveis incertezas que fazem parte do estudo de Valuation.

Dentre essas variáveis, podemos citar o efeito do valor de controle bem como o do valor de sinergia, comum em processos de fusão e aquisição de empresas, que acaba gerando criação de valor para o acionista quando ocorre. 

Neste artigo focaremos no valor de sinergia e suas principais características.

Inicialmente, é necessário definir o conceito de sinergia. De acordo com o dicionário da Oxford Languages, é a “coesão dos membros de um grupo ou coletividade em prol de um objetivo comum”. Ainda, o mesmo dicionário traz a definição da palavra aplicada ao mundo dos negócios: “ação conjunta de empresas, visando obter um desempenho melhor do que aquele demonstrado isoladamente”. Dessa maneira, o termo sinergia, quando praticado no meio empresarial, refere-se a benefícios que duas ou mais companhias conseguiriam ter em conjunto caso ocorresse a união delas.

Tendo o conceito em mente, conseguimos então pensar diversas situações em que ocorre sinergia entre duas empresas: no caso de dois concorrentes se unindo para ganhar mercado; um parque fabril sendo utilizado por duas empresas diferentes para redução de custos; ou então dois clientes que se unem para negociar preços melhores com um determinado fornecedor.

Em uma operação, conseguimos segregar a sinergia em operacional e em financeira. A primeira diz respeito aos casos já citados no texto, que incluem, por exemplo, economia de escala, maior crescimento em mercados novos ou existentes e maior poder de precificação. Já a segunda se refere ao aproveitamento estritamente financeiro, como benefícios fiscais, capacidade de endividamento, ou o fato de a rentabilidade de uma conseguir suportar um investimento maior em outra.

Quando avaliamos empresas em que seja identificável a ocorrência de sinergia decorrente de sua aquisição, fusão ou qualquer outro arranjo societário, é de fundamental importância a sua valoração para que a tomada de decisão na negociação seja realizada de maneira consciente e embasada em premissas pautáveis. Portanto, é imprescindível o estudo de caso de maneira individualizada de cada operação para que sejam identificadas as sinergias provenientes, como o aumento das margens de lucros, a entrada facilitada em novos mercados etc. bem como o momento a partir do qual esse benefício refletirá nos fluxos de caixa das duas empresas em conjunto.

Para conseguirmos então distinguir o valor da operação que será resultante da sinergia, é realizado o Valuation da empresa-alvo de maneira separada, antes do processo de fusão/aquisição (taxas distintas de crescimento, de desconto etc.) e, na sequência, é desenvolvido o Valuation da empresa resultante já considerando o impacto da operação no fluxo de caixa.

Em estudos de sinergia, alguns cuidados devem ser tomados para que o valor justo reflita a realidade. As sinergias geradas devem ser projetadas com um certo grau de conservadorismo, pois é comum que se extrapole no otimismo. Outros cuidados que precisam ser tomados dizem respeito: ao custo de capital das operações, que deve ser realizado antes e depois da empresa resultante; ao acúmulo de caixa, que deve ocorrer sempre na empresa resultante e não na empresa alvo; e a não utilização de uma taxa livre de risco para descontar os fluxos da sinergia visto que fluxos provenientes de sinergia sempre possuem um risco maior.

A Valuup Consultoria é especializada em Valuation e no estudo de valor de controle e sinergias gerados em processo de M&A. Entre em contato para aprofundar o assunto e falar dos desafios da sua empresa.

Sustentabilidade e empresas: como estas duas questões conversam!

Recentemente fizemos um estudo para investigar se as empresas que se dizem sustentáveis, de fato mantém os investimentos em sustentabilidade mesmo quando seus indicadores econômico e financeiros não vão muito bem. Descobrimos que a sustentabilidade das empresas é algo mais discursivo do que uma preocupação real com as gerações futuras.

sustentabilidade

Há uma grande discussão em torno do tema sustentabilidade. A preocupação surgiu na década de 1970, e tomou força na década de 1990. A partir do início deste século as empresas passaram a empregar o termo sustentabilidade para quase tudo o que fazem. Tornando-se um jargão no mundo dos negócios, um discurso. Esta comunicação, ou discurso, foi feita através da mídia e da divulgação dos valores das empresas (missão e visão das empresas) de modo a legitimar a ação destas na sociedade.

Do ponto de vista teórico existe um grande embate acerca do tema sustentabilidade. A grande pergunta é: como é possível crescer economicamente sem que haja impacto sobre as questões sociais e ambientais, ou seja, como podemos produzir tantos produtos para sociedade sem que isso prejudique a sustentabilidade do planeta?

Acabou-se por convencionar que o conceito  mais aceito é do triple botton line. Este conceito argumenta que uma ação é sustentável quando ela se preocupa com três aspectos: a sustentabilidade econômica, a sustentabilidade social e a sustentabilidade ambiental.

Analisamos 15 empresas brasileiras de grande porte que se declaram sustentáveis através de seu discurso como sociedade, neste caso analisamos o discurso através da presença da palavra “sustentabilidade” ou sinônimos na missão, visão e valores das empresas. Do outro lado analisamos os relatórios de sustentabilidade produzidos por essas empresas através do modelo GRI (Global Reporting Initiative), onde podemos constatar a evolução dos investimentos dessas empresas em ações sociais e ambientais, por meio de 52 indicadores obrigatórios existentes. Analisamos a evolução dessas empresas no período de 2009 a 2012, sempre comparando a evolução social e ambiental com a evolução econômica e financeira. Nós evidenciamos a performance financeira das empresas através de cinco indicadores que são considerados importantes pelo mercado de capitais: receita líquida, lucro líquido, o lucro operacional (EBITDA), o retorno sobre os ativos (ROA) e retorno sobre o patrimônio (ROE).

Na tabela abaixo apresentamos as empresas analisadas e a performance sustentável em comparação com a performance econômico-financeira, em ordem alfabética.

TABELA 1    NÚMERO DE INDICADORES SUSTENTÁVEL COM CRESCIMENTO ACIMA DA PERFORMANCE ECONÔMICA-FINANCEIRA

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A média de indicadores de sustentabilidade com crescimento acima do crescimento financeiro das empresas foi de: 10,5% para a Receita líquida; 16,7% para o Lucro líquido; 16,8% em relação ao EBITDA; 16,3% para o ROA; e, 16,6% quando analisado o ROE. Com isso confirmamos que as empresas que se declaram sustentáveis não apresentam uma performance sustentável (investimento em sustentabilidade) superior à performance econômico-financeira. O emprego da palavra “sustentabilidade” pela empresa em sua estratégia está mais ligada a um propósito discursivo da organização do que uma preocupação real.

Individualmente as empresa que apresentaram melhor desempenho sustentável foi, pela ordem: Light, EDP Energias e Petrobras.

Parece que usar o termo “sustentabilidade” no discurso com a sociedade é algo relativamente fácil, afim de contas inserir algumas palavras deste tipo na comunicação da empresa não é nada complicado. Porém manter investimentos sociais e ambientais em linha com o crescimento da receita, lucro ou do retorno econômico-financeira é algo ainda muito difícil para as empresas.