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O relatório de qualidade dos ganhos além do processo de due diligence

Recentemente os vendedores estão buscando esse relatório por conta própria, com o objetivo de se autoavaliar antes de iniciar um processo de venda.

Nos últimos anos, relatórios de qualidade de ganhos (também chamados  Quality of Earnings Report ou QofE) tornaram-se mais populares em negócios de M&A, pois ajudam os compradores a se sentirem mais confortáveis ​​com os números do vendedor e identificam  os riscos do negócio.

Os relatórios QofE são diferentes de uma auditoria embora as demonstrações financeiras auditadas da empresa vendedora sejam um bom ponto de partida. A diferença é que um estudo QofE enfoca o poder dos ganhos econômicos da empresa; afinal, as empresas são normalmente adquiridas pela geração de seus fluxos de caixa futuros. O objetivo do estudo QofE é fornecer garantia de que os ganhos são sustentáveis e serão traduzidos em fluxos de caixa.

Esses relatórios geralmente são elaborados em processos de M&A na fase de due diligence e realizados por uma empresa terceirizada, o que fornece uma análise e revisão das finanças do vendedor e da estrutura do negócio através de uma visão independente: uma vez que a empresa é terceirizada, não tem interesse na transação, sendo, portanto, imparcial e não influenciada por nenhuma pressão entre as partes envolvidas no negócio. 

O relatório analisa a qualidade dos ganhos, isto é, quão sustentáveis ​​são receitas e ganhos e quão realistas são as projeções do vendedor. O escopo do relatório pode variar dependendo das preocupações do comprador e da complexidade do negócio, fazendo com que diversos tópicos possam ser estudados. Por exemplo, se a carteira de clientes do vendedor é, em sua maioria, de empresas consolidadas, se as receitas são baseadas em contratos de longo prazo ou recorrentes, se as receitas aumentam constantemente, esses ganhos geralmente seriam de alta qualidade. No entanto, se os clientes são, em sua maioria, empresas menores, se os pedidos são irregulares, se hámuitos pedidos únicos, se os fornecedores são pequenos, se o imobilizado de produção já está defasado em relação ao mercado e se as receitas aumentam e diminuem constantemente, o relatório, provavelmente, classificaria esses ganhos como de qualidade inferior.

Recentemente os vendedores estão buscando esse relatório por conta própria, com o objetivo de se autoavaliar antes de iniciar um processo de venda. O benefício é que a empresa pode identificar os problemas que diminuem o seu valor e ajustá-los internamente com antecedência, servindo como uma boa ferramenta para tomada de decisão, além de demonstrar profissionalismo na gestão, transmitindo confiança para um eventual comprador. 

A principal diferença entre uma auditoria ou revisão financeira e um relatório QofE pode ser assim estabelecida: as auditorias verificam se as finanças estão em conformidade com as normas contábeis; já os relatórios de QofE levam em consideração os riscos e também cobrem as projeções futuras.

O relatório de QofE não substitui a due diligence completa realizada pelos compradores, mas pode ser uma ferramenta independente muito importante para a compreensão do negócio.

Como o Due Diligence colabora na Fusão e Aquisição de empresas

Saber o que está comprando, essa é a principal função do Due Diligence no processo de Fusão e Aquisição.

Comprar e vender uma empresa envolve riscos para todas as partes, mas há como lançar mão de ferramentas que minimizam os erros e trazem mais clareza para a negociação. O objetivo é entender quais obrigações se assumem com a compra ou fusão da firma.

Nesta fase, se faz a auditoria nas áreas contábeis, tributárias, técnica, comercial, trabalhista e jurídica. O resultado desse estudo trará uma visão ampliada do negócio.

Um comprador deseja saber qual é a extensão dos passivos, se há ou não contratos problemáticos firmados pela empresa-alvo. Há riscos de litígios? Existem questões de propriedade intelectual envolvida? São perguntas que serão respondidas pelo Due Diligence.

Muitos aspectos são analisados, vamos listar alguns dos principais pontos de observação.

1 – Questões financeiras

Como está a saúde financeira da empresa? Essa será uma das primeiras perguntas as serem respondidas. Será essencial ter acesso aos últimos balanços para com eles se fazer a projeção de desempenho futuro.

No Due Diligence se busca saber se as demonstrações financeiras são auditadas, se sim, conta como aspecto positivo no processo. Procura-se saber se as informações trazem todos os passivos da empresa. As margens estão em curva ascendente ou descendente? As projeções de entradas e saídas estão se cumprindo?

Outro aspecto avaliado é a condição e a necessidade de capital de giro para o negócio. Com essas informações também é feita a projeção de quanto de investimento será necessário.

Se confronta as informações de ativos e passivos, dívidas, contas a pagar e a receber.

2 – Tecnologia/propriedade intelectual

Neste aspecto o comprador deseja ter informações sobre a tecnologia e a propriedade intelectual da empresa. Se há patentes, se a empresa tomou as precauções para proteção de sua tecnologia e suas informações confidenciais. Isso inclui acordos de confidencialidade com funcionários e consultores.

3 – Comercial

Saber quem compra os produtos ou serviços. Qual é a base de clientes, como eles se comportam quanto a reincidência, pagamentos etc. Quais são os termos e políticas de venda estabelecidas. Qual é a política de compensação para a área comercial? Existe sazonalidade de vendas?

O comprador também investiga se terá problema na manutenção desses clientes com a mudança societária.

4 – Contratos

Uma das áreas mais complexas para análise. Quais são os contratos firmados pela empresa e quais os riscos que eles podem apresentar? Há garantias, empréstimos, contratos de crédito? Qual é a proporção desses acordos e como eles podem impactar o negócio.

5 – Recursos Humanos

Além de saber como está a empresa o comprador faz uma pesquisa de quem é a empresa, ou seja, as pessoas que compõem o quadro de funcionários. Desde a alta gestão até a base da produção. Ele analisará o organograma e as informações biográficas. Também há interesse em passivos trabalhistas. Formas de contratos de trabalhos, salários, benefícios e planos de carreira.

6 – Tributário

Entender o regime fiscal da empresa e saber e todas as obrigações estão em dia. Nesta fase se analisa as receitas de rendimentos federias, estaduais e locais.

7 – Propriedade

Revisão de todos os bens da empresa. O que inclui imóveis, terrenos, maquinários, carros, softwares, hardwares e tudo que é necessário para a existência da empresa.