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Os impactos do coronavírus no Mercado de Trabalho

No mês de maio, o Caged divulgou o movimento de admissões e desligamentos e também os saldos do emprego formal (CLT) na economia brasileira para os meses de janeiro a abril. Os gráficos a seguir apresentam a evolução dos saldos de emprego geral e por setor:

Observamos uma acentuada queda no saldo de empregos em março e uma queda ainda maior em abril, indicando forte piora no mercado de trabalho brasileiro. Tal queda não deixa de ser um reflexo, em grande parte, das restrições de circulação impostas no combate à Covid19, por isso a consequente redução da atividade econômica.

Em relação aos setores que apresentaram os piores saldos de emprego estão as atividades de serviços e comércio. Como indicado pelos estudos da Valuup Consultoria, grande parte dos empresários e executivos indicava que tais atividades seriam mais afetadas. Em seguida, temos o setor industrial, o qual apresentou uma forte redução no emprego. Sobre as regiões brasileiras, o Sudeste registrou a pior situação, com saldo negativo de 450 mil empregos até abril, em grande parte por conta do estado de São Paulo, com saldo negativo de 260 mil empregos também nesse mês. As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo sofreram forte impacto em virtude do isolamento social.

Entender a relação entre emprego e produção no curto prazo é fundamental para projetarmos o desempenho do PIB neste ano. Em nossa análise, estimamos um saldo negativo (desligamentos maiores que admissões) no ano de 2020 de aproximadamente 2,8 milhões de trabalhadores, gerando com isso uma queda do PIB de cerca de 7%. Esse movimento, acrescentado aos impactos no mercado informal de trabalho, pode gerar uma taxa de desemprego de aproximadamente 17% da força de trabalho.

Com isso, defendemos que ações governamentais que visam manter o emprego e o funcionamento das empresas são imprescindíveis para evitar uma recessão mais profunda em nossa economia. Infelizmente, os empréstimos emergenciais às pequenas e médias empresas não estão chegando à ponta final. Empresários precisam de capital de giro emergencial para enfrentar a dramática queda na receita, evitando com isso uma onda de desligamentos.

Redução de Despesas Fixas e Diversificação de Produtos

Lições aprendidas com a pandemia da COVID-19 por quatro diferentes setores

Na última quarta-feira, dia 13/05/20, a Valuup promoveu um encontro virtual de cinco empresas pertencentes a quatro diferentes setores: mineração, metal mecânico, autopeças e financeiro. O objetivo era apresentar as lições já aprendidas na pandemia da COVID-19 e perspectivas para retomada econômica.

Os pontos de maior destaque foram:

  1. Novas oportunidades de produtos e produtos exclusivos;
  2. Atenção especial aos estoques;
  3. Economia provocada pelo home office;
  4. Dificuldade de acesso ao BNDES Giro;
  5. Aumento do protecionismo das empresas e países.

Da porta pra dentro das empresas é consenso que o caixa é o que importa. Cash is the king! No entanto, o diretor da Perfimec, Marcelo Utrabo, destacou que a empresa vem dando especial atenção aos estoques, principalmente porque é dependente de fornecedores de grande porte (aço) e por ter um ciclo financeiro longo. Utrabo lembrou que os fornecedores ainda não estão “queimando preço” e que não sabe se isso pode ocorrer devido ao impacto da variação cambial.

Outro ponto importante se refere à redução das despesas fixas para as empresas com a adoção do home office. Marcos Marcatto, diretor da Enaex Britanite, lembra que o home office representou uma economia significativa para a empresa. Outro ponto enfatizado por Marcatto foi a baixa inadimplência do setor em que atua. A Enaex opera no setor de mineração, e os impactos da crise econômica foram baixos para o setor  até o momento.

Outra empresa no setor de mineração, a T- Minas Bentonitas, também não está sofrendo muito com a crise atual, afirma Felipe Corbellini, diretor da empresa. Isso se deve ao fato de a empresa atuar fortemente no fornecimento de matéria-prima para o agronegócio. Porém, o executivo reclama que não consegue acessar as linhas de crédito prometidas pelo governo, como o BNDES Giro.

O impacto positivo, por conta da redução de despesas fixas em decorrência do home office, também foi abordado por Eduardo Freitas, diretor da Junto Seguros. Para Freitas, a forma de trabalhar poderá mudar no futuro, tendo redução de aluguéis, despesas de escritório e com funcionários, além de haver maior satisfação dos empregados por trabalharem em casa. Freitas observou que o mundo poderá convergir para um maior protecionismo, não só entre países, mas também no ambiente corporativo.

Buscar novos nichos de mercado, oferendo produtos exclusivos e “quebrar paradigmas”, isso é o que o Grupo Hubner vem tentando fazer, segundo o seu diretor, José Luis Marins. “Pode ser uma oportunidade para consolidar um mercado”, lembra José Luis. Com os olhos no Mercosul, o diretor afirma que a empresa vem tendo dificuldades para receber de empresas argentinas. Apesar de a Hubner atuar num setor que vem sofrendo bastante, o de autopeças, a empresa conseguiu trabalhar fortemente no segmento de reposição de peças e peças para o agronegócio, o que evitou amargar prejuízos.

Os executivos convergem ao destacar a habilidade do brasileiro em lidar com situações de vulnerabilidade econômica, podendo essa habilidade ajudar a contornar a atual crise. Outro ponto destacado é que as exportações, com dólar na casa dos R$ 5,50, podem ajudar a impulsionar a retomada do crescimento brasileiro. Quem sabe o Brasil volta pro jogo!

Dois cenários para o futuro da economia no Brasil

A pandemia, causada pela COVID-19, encontrou a economia brasileira frágil, ensaiando os primeiros passos para a retomada depois de seis anos de crise. Não se esperava outra coisa que não uma queda livre da produção, do consumo e aumento generalizado do desemprego. Mas os últimos acontecimentos políticos no país provaram que o cenário pode ser ainda pior.

É possível visualizar dois cenários, um pessimista e outro muito pessimista. Vamos começar pelo pior.

Cenário1: muito pessimista

O pior dos cenários projetados para o Brasil para os próximos meses inclui a piora da crise política, somada à instabilidade econômica e ao avanço da pandemia. A união dos três fatores custaria alto para a sociedade brasileira. Quais fatos poderiam determinar esse cenário catastrófico?

  • A saída de Paulo Guedes do governo, uma troca de comando no Banco Central e a interferência política de militares na condução da economia;
  • A apresentação de mais evidências, pelo ex-ministro Sergio Moro, de interferências políticas do presidente nas investigações da Polícia Federal;
  • A Procuradoria Geral da República (PGR) oferecer denúncia ao Judiciário, e esse processo, encaminhado pela corte, ser aceito no Congresso;
  • O avanço do Plano Pró-Brasil, com Rogério Marinho, mas sem uma pauta consistente de reforma que garanta a solvência do Estado brasileiro;
  • O avanço do contágio por coronavírus, com aumento de internações e mortes acima do projetado;
  • O pico da pandemia se prolongar até junho.

Diante desses fatos, imaginam-se uma recessão intensa, profunda e longa (em W), uma queda abrupta do PIB e um dólar alto. Veremos também pressão na curva de juros de curto e médio prazos. Podemos, inclusive, ser ver o aumento da taxa Selic.

O resultado de tudo será a redução do crédito ao consumo de bens semiduráveis (eletrodomésticos, roupas) e financiamento (bens de capital e imóveis).

Cenário2: pessimista

Para esse cenário, um pouco menos pessimista, enxerga-se o Brasil ainda com piora na crise política, no entanto, com estabilidade econômica e sem avanço dos estímulos fiscais, vislumbrando também o controle da pandemia. Para que essa realidade prospere, seria necessário:

  • Paulo Guedes permanecer no governo e manter comando do Banco Central;
  • PGR conseguir reduzir a interferência política dos militares na economia;
  • A apresentação de mais evidências pelo ex-ministro, Sergio Moro, de interferências política do presidente nas investigações da Polícia Federal;
  • A Procuradoria Geral da República (PGR) oferecer denúncia ao Judiciário, e esse processo, encaminhado pela corte, ser aceito no Congresso;
  • Plano Pró-Brasil não avançar sem uma pauta consistente de reforma que garanta a solvência do Estado brasileiro;
  • Em relação ao coronavírus, avanço no número de internações e mortes igual ao projetado.
  • Pico da pandemia acontecer em abril e início de maio.

Neste caso teremos uma recessão daria profunda e longa (em U). Também com queda do PIB, ainda que um pouco menor. Haveria pressão na curva de juros de longo prazo. O dólar se manteria alto. A taxa Selic se manteria como no cenário anterior, podendo subir para conter o câmbio. Ainda assim, veríamos a redução do crédito ao consumo de bens semiduráveis (eletrodomésticos, roupas) e financiamento (bens de capital e imóveis).

Não haverá como fugir da crise que já está instalada, entretanto, o que se espera é que fatores políticos não venham causar ainda mais sofrimento a uma economia duramente fragilizada.

PL apresenta novas possibilidades para o cenário de RJ

Muito se tem escutado sobre uma possível nova onda de Recuperações Judiciais e Falências, mas e o que tem de novidade em relação a este ambiente no Brasil? No dia 02/04 foi apresentado à Camará pelo deputado Hugo Leal, um Projeto de Lei (PL), que altera em caráter provisório, até 30/12/2020, aspectos da Lei de Recuperações Judiciais e Falências (11.101/2005) e cria um mecanismo chamado popularmente de Recuperação Judicial Express.

Em relação a Recuperação Judicial Express (negociação preventiva), o esquema a seguir resume o funcionamento deste possível mecanismo:

Sendo assim, a empresa requerente deve demonstrar queda de ao menos 30% do faturamento, decorrente do COVID-19, após decretação do estado de calamidade pública (20/03). As empresas que comprovarem os requisitos poderão requerer o mecanismo de negociação preventiva, junto com a apresentação da indicação de um Negociado e as condições comerciais entre Empresa Requerente e Negociador. Com o deferimento do Juízo, é concedido um período de 60 dias de Stay Period, suspensão de ações e execuções. O Negociador deve apresentar para o judiciário o andamento das negociações e os possíveis acordos firmados, que serão protocolados no processo.

Após os 60 dias de suspensão dois resultados são esperados:

  • Acordos foram firmados, salvaguardando a empresa requerente, e o processo é encerrado; ou
  • Impossibilidade de acordos, o processo também é encerrado, porém com a possibilidade de a Empresa Requente solicitar Recuperação Judicial ou Autofalência.

É notório que este é um mecanismo preventivo, buscando evitar possíveis Recuperações Judiciais e Falências, dando agilidade e assertividade a negociação e evitando todos os ônus que um processo de RJ pode trazer.

A Valuup tem expertise em Recuperações Judiciais e está à disposição de empresas que necessitem aprofundar esse assunto e avaliar as possibilidades de enquadramento. Se esse for o seu caso, entre em contato.

Imóveis em Curitiba tem valorização estagnada durante a crise, mas cenário poderia ser pior

Os imóveis em Curitiba tiveram seus valores praticamente congelados durantes os anos de crise a partir de 2015. Esse não é um resultado bom, obviamente quem investe e também quem adquire um imóvel espera valorização ao longo do tempo, a questão é que a realidade poderia ser ainda pior.

Mesmo com a queda abrupta na concessão de crédito e diminuição escancarada do poder de compra da população, os imóveis não tiveram desvalorização nominal. Os preços conseguiram se manter mesmo com a demanda diminuindo de forma significativa. Veja no gráfico o comparativo dos preços dos imóveis (eixo à direita) com a concessão de crédito (eixo à esquerda) no país no mesmo período.

Esse é um sintoma de que tivemos recessão econômica, mas não se chegou em uma depressão, como aconteceu nos EUA em 2008. A estabilidade dos valores dos imóveis em nossa economia e uma curva, ainda que pequena, em ascensão, nos mostra que não chegamos ao caos.

A recessão brasileira foi severa, entretanto, não vivemos um problema de crise bancária. Como consequência, o mercado imobiliário ficou estagnado e até mesmo em retração em alguns períodos.  Mas não quebrou. Com a retomada do financiamento, o setor poderá recuperar de forma revigorada com melhoras no preço dos imóveis.

A retomada ainda que lenta é medida pelo grau de otimismo do setor na construção civil, medida pela FGV. Se analisarmos os últimos oito anos, observamos que falta pouco para se chegar na linha do otimismo, veja no gráfico a seguir.

Há muito espaço para crescimento. A utilização da capacidade instalada na construção civil ainda tem um caminho considerável a percorrer. Ainda há muita ociosidade de mão-de-obra, e com essa retomada teremos a melhora de um dos índices mais preocupantes da economia, do desemprego.

Sabemos que, se completada a capacidade de produção da construção civil, veremos uma avalanche de empregos serem ofertados, e com certeza, ocupados pela população que sofre na pele as consequências do desemprego. Sem dúvidas é o que todos queremos ver na economia brasileira.

Rota 2030 e as perspectivas do setor automotivo

Um novo programa de incentivo fiscal, o Rota 2030, promete aquecer o mercado de autoveículos no Brasil. Na atual situação, em que a economia precisa de ajuda para se restabelecer, uma notícia como essa é no mínimo animadora.

Mas não podemos deixar de ponderar que a política do novo governo eleito vai de encontro com programas como esse. A promessa é não conceder incentivos a setores individuais, mas projetar uma redução tributária igualitária.

Quem está certo e quem está errado é difícil saber. Na teoria a nova política faz sentido, mas isso pode levar tempo, que o Brasil não tem.

O fato é que a herança da Rota 2030 é definitiva e comemorada pelo setor automotivo que há tempos vem esperando a concretização do programa que terá duração de 15 anos.

O programa engloba vários incentivos, como redução de IPI sobre veículos híbridos e elétricos. As companhias que aderirem se comprometem com uma meta de elevação na eficiência energética.

O governo estima que o benefício fiscal chegará a R$1,5 bilhão por ano em renúncia fiscal.

Em 2018 a indústria automotiva já apresentou recuperação, a produção cresceu 14% em relação à 2017 e fechou o período com uma produção de 2,195 milhões de veículos.

Quem está carregando esse número são os veículos pesados – e isso é muito positivo – uma vez que significa aumento de produção e recuperação da atividade econômica. Ônibus e caminhões apresentaram crescimento de 43% e 30,5% respetivamente.

Ainda não chegamos aos patamares de 2013, quando o país produziu 2.866 unidades, maior média dos últimos 10 anos. É lá que se pretende chegar novamente com o programa Rota 2030.

De acordo com a Anfavea, o Brasil deverá apresentar um crescimento 11,1% na produção de autoveículos em 2018 e fechar o ano com uma produção de 3 milhões.

As exportações do produto exibiram uma queda de 8% nos primeiros nove meses de 2018 em função da crise macroeconômica na Argentina, importante player neste setor.

A frota brasileira é composta principalmente por automóveis que correspondem a 83% dos 43,6 milhões de autoveículos em circulação no país, por isso o Rota 2030 pode impactar significativamente o mercado. Apesar de o país possuir uma das maiores frotas do mundo, a taxa de motorização brasileira de 4,7 habitantes por autoveículo ainda se encontra abaixo de países emergentes como México, Rússia, Tailândia e Argentina, o que significa oportunidade, ainda muito a que se explorar no Brasil.

Agora resta aguardar os resultados do programa e também as ações do novo governo, uma vez que uma reforma tributária poderia impactar neste cenário.

Ambiente macroeconômico afeta fusões e aquisições no Brasil

Não é nenhuma surpresa que 2018 não será um período a ser comemorado pela economia brasileira. Alguns números do primeiro semestre já comprovam o que é visto a olho nu.

Segundo dados levantados pela Boston Consulting Group, os valores das negociações de fusões e aquisições diminuíram 26,7% no primeiro semestre de 2018 se comparadas com 2017. Em valores reais, as companhias de capital aberto desembolsaram no primeiro semestre deste ano US$ 22 bilhões. O número de negociações no Brasil também caiu de 225 para 172 operações, que significou 23,6% de queda.

Esse cenário é a soma de vários fatores que influenciaram o andamento da economia brasileira, a começar pelo ano político. As incertezas do futuro do país criaram um ambiente de retração e desconfiança.

“A crise dos caminhoneiros foi um balde de água fria para o mercado de M&A” afirma Luís Gustavo Budziak. Segundo o sócio da Valuup, muitos negócios travaram nas duas pontas: os compradores ficaram mais receosos; e os vendedores viram suas empresas perderem valor. “Neste ambiente, fica muito mais difícil fechar bons negócios”, esclarece Budziak.

 

Em 2017 foram registradas 436 transações, 2018 não deve chegar a esse número, mas a tendência é de recuperação a longo prazo, uma vez que a economia brasileira vem amadurecendo e deve proporcionar transações em valores mais altos e mais números de megafusões. De certa forma é possível esperar, independente do resultado das urnas, que 2019 será um ano melhor, o que inclui a retomadas dessas operações.

No ano passado foram realizadas sete operações acima de US$ 1 bilhão, a maior delas foi anunciada pela Vale que incorporou a Valepar, avaliada em US$ 21 bilhões. Neste ano a maior compra foi da Fibria pela Suzano, avaliada em US$ 10,7 bilhões.

A queda brasileira contraria a tendência global que no primeiro semestre trilhão, com crescimento de 31,9% em comparação com o mesmo intervalo de 2017. Interessante observar que o número de operações diminuiu, o que mostra que as fusões e aquisições estão mais caras.

“Cabe destacar que o potencial de crescimento do mercado doméstico brasileiro é um fator positivo para a recuperação das operações de fusão e aquisição”, esclarece Lucas Dezordi. Para Dezordi, uma recuperação mais consistente de nossa economia, alinhado a manutenção de juros baixos no longo prazo, irá gerar uma nova onda de fusões e aquisições no mercado de capitais. Movimento essencial para a consolidação de mercados relevantes da economia brasileira.

 

Espera-se que o mesmo aconteça no Brasil nos próximos anos.