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Mini barras seguram os efeitos da crise no mercado de chocolates

Na hora da crise os produtos não essenciais, considerados supérfluos, são deixados de lado nos carrinhos de compra das famílias brasileiras, este é o caso dos chocolates. O crescimento no consumo de chocolate em 2017 diminuiu 2% em relação a anos anteriores, chegando a R$ 11.9 bilhões, e diminuiu em 6% em questões de volume, conforme estudo da Euromonitor. Além da desaceleração a inflação de 5% afetou os custos de produção, como o custo de matéria prima, embalagens e logística, os quais se mostraram desafiadores para a categoria.

Neste cenário um produto ganhou destaque, as mini barras. Percebe-se um redirecionamento de consumo, as pessoas deixaram de consumir produtos maiores para optarem por versões reduzidas do produto. As mini barras de chocolate registraram o maior crescimento em 2017, com as vendas de no varejo subindo 8% em relação ao ano anterior. Essa categoria tem se tornado a mais forte por ser mais acessível e bem distribuída com variedades, geralmente são colocados em caixas para venda em varejo, estimulando a compra por impulso e favorecendo ainda mais as vendas desse setor.

A fabricação de chocolates é dominada por fabricantes internacionais, grandes multinacionais, como a Nestlé e a Kraft, lideram o mercado. Suas forças se derivam da popularidade das suas marcas e a presença de longa data que eles possuem no pais.

Desequilíbrios do setor de transporte rodoviário no Brasil

Considerado um dos termômetros de produção e da saúde econômica, o desequilíbrio observado no mercado de transporte rodoviário foi um dos sintomas mais evidentes da recessão que assola o país desde 2014.

Se olharmos para o número de caminhões em circulação no país entre 2010 e 2017 é possível observar a estagnação e os problemas enfrentados pelo setor. Segundo os dados do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) em 2010 o número de veículos pesados rodando nas estradas brasileiras era de 1.485.225, sete anos a frota passou para 2.033.596 unidades, 37% de aumento. Mas há uma curva interessante a ser observada, o crescimento se deu até 2014, depois disso o número praticamente não mudou.

Figura 1 – Frota Circulante Efetiva no Brasil

Neste cenário temos o fim dos subsídios para compra de veículos novos, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do governo federal, de 2009 até 2016, teve como objetivo renovar a frota brasileira que estava se deteriorando. Somado a isso, a demanda reprimida a partir de 2014 desacelerou o mercado e estagnou o crescimento da atividade econômica.

Além do número de caminhões, a circulação desses veículos nos últimos anos denota claramente a queda no número de fretes, o que significa menos mercadorias circulando pelo país. Se analisarmos os números do Índice ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) é possível observar que mesmo com o aumento da frota houve uma redução do fluxo de veículos entre 2010 e 2014. Depois disso, somando o aumento da frota à crise econômica temos uma demanda reprimida que gerou um impacto negativo no setor.

Figura 2 – Fluxo de Veículos Pesados nas Rodovias no Brasil

Neste desarranjo econômico quem sente na pele são os empresários do setor de transporte que veem os preços dos fretes caírem vertiginosamente enquanto os custos aumentam. Mais caminhões (excesso de oferta), menos frete (diminuição da demanda), mais custo (preço do diesel), colapso do setor (descontrole do preço do frete): greve dos caminhoneiros.

A prova dessa baixa de preço foi apontada pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho), o valor médio do frete de grãos em 2016 era inferior ao praticado em 2010, com valores corrigidos pelo IGP-DI. Se comparar com 2013, um ano antes do início da crise, a redução foi de 17%.

Tudo isso sem entrar na questão do diesel, a maior pancada para as empresas. Além de outros custos como manutenção e pedágio que subiram acima dos reajustes do frete.

Não atoa a greve foi inevitável para brecar a descida sem freio que o setor não tinha mais condições de controlar.

Mas é verdade que o resultado da paralisação não tem sido positivo para ninguém. A economia sangrou duramente e ainda sente os efeitos como ondas de avalanche. O aumento do preço do frete depois da adequação da tabela não teve resultados positivos, a demanda continua reprimida e algumas empresas ponderam adquirir frota própria para economizar no frete, o que irá minguar ainda mais o setor.

A verdade é que a única solução para tudo isso é a retomada da economia brasileira, é preciso que o brasileiro volte a ter poder de consumo para girar essa engrenagem. Mais consumo, mais produção, mais circulação, mais caminhões nas estradas.

Por que o crédito diminuiu para pequenas empresas?

O crédito para empresas brasileiras diminuiu nos últimos 5 anos, principalmente para as de médio e pequeno porte.

O período prolongado da crise econômica brasileira amedrontou as instituições financeiras, o resultado foi o endurecimento das regras de financiamentos empresarial. Por óbvio o lado mais fraco foi quem sofreu as maiores consequências. As micro, pequenas e médias empresas ficaram mais vulneráveis à crise e mais propensas a problemas financeiros nas oscilações de mercado, assim os recursos disponíveis no médio e longo prazo para esses negócios ficaram mais caros e escassos.

A redução do volume de operações de crédito afetou diretamente os pequenos e médios empreendimentos. De setembro de 2013 a agosto de 2018 o crédito para essas categorias caiu 26%, enquanto que no mesmo período as operações para as grandes empresas aumentaram 27% em termos nominais.

Temos assistido isso de perto. Grande parte dos nossos clientes são empresas de pequeno e médio porte. Elas viram as fontes de financiamento secarem nos últimos anos. A redução da participação das instituições públicas, o aumento de exigências por parte das instituições financeiras, tais como avais e garantias, são os fatores que mais contribuíram para a redução do crédito às micro, pequenas e médias empresas.

Essa avaliação está baseada nos dados extraídos do SGS – Sistema Gerenciador de Séries Temporais do Banco Central. Observamos neste estudo que o crédito para empresa brasileira está praticamente estável nos últimos 5 anos. Houve uma retração geral do saldo de crédito disponível para as empresas em -0,1% ao mês (a.m.), ou seja, crescimento zero nos últimos 5 anos. Pior ainda para os pequenos e médios empresários, os quais ficaram com uma fatia menor do crédito total disponibilizado.

Desde de dezembro de 2015 as instituições financeiras sob controle público reduziram o volume total de recursos disponíveis em -0,27% a.m., reduzindo o saldo de R$ 1,8 trilhões para R$ 1,65 trilhões em agosto de 2018. Já as instituições privadas aumentaram seu volume em 0,26% a.m., passando de R$ 950 bilhões para R$ 1 trilhão, enquanto que as instituições estrangeiras reduziram em -0,21% a.m. suas operações. No saldo geral temos -0,1% ao mês de saldo de operações financeiras com empresas. Se considerarmos a inflação do período o saldo disponível é ainda inferior.

No entanto, na prática, as micro, pequenas e médias empresas sentiram muito mais esse esvaziamento de crédito do que as grandes. As de grande porte tiveram redução de -0,04% a.m., passando de R$ 940 bilhões em dezembro de 2015 para R$ 928 bilhões em agosto de 2018. Enquanto que as micro, pequenas e médias caíram R$ 767 bilhões para R$ 494 bilhões, ou seja, uma redução ao mês de 1,41% a.m. Veja:

A razão que encontramos para essa realidade é que risco de calote dentro do contexto da crise econômica brasileira é muito mais expressivo para as menores. Essa realidade é compreensível, mas também injusta, uma vez que quem mais precisa de alternativas de crédito não teve acesso a ele.

O lucro da Petrobras é bom? Depende

O lucro anunciado pela Petrobras no segundo trimestre do ano nos leva a uma reflexão mais sociológica que econômica. Do ponto de vista empresarial, das decisões de gestão, podemos dizer que a empresa está adotando uma estratégia focada no rápido restabelecimento de suas margens de lucro. Isso era de se esperar. Depois de toda a crise institucional, política, econômica e até policial que sofreu, o resultado positivo dá evidências de que estão arrumando a casa e buscam um caminho viável para sair do atoleiro. Mas quando se olha para situação do país, a pergunta é: a que custo?

A guinada começou em julho de 2017, com a mudança das políticas de preço praticadas pela petroleira. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) autorizou que os valores dos combustíveis fossem reajustados diariamente, se necessário, considerando duas variáveis: o preço internacional do barril de petróleo e as variações cambiais. Com isso, a empresa atrelou sua receita ao dólar, criando uma situação favorável para sua arrecadação em períodos de forte valorização da moeda estrangeira, como observado neste segundo trimestre. A partir dessa política de reajuste de preços, a Petrobras ganhou mais fôlego para negociar suas dívidas bilionárias no mercado financeiro. O hedge (proteção) natural da receita em dólares foi fator relevante para a empresa reduzir seu nível de endividamento e apresentar indicadores econômico-financeiros mais saudáveis.

De julho de 2017 a junho de 2018, período no qual a Petrobras adotou sua política de preço de combustíveis, o barril do petróleo no mercado internacional subiu cerca de 50% e o dólar valorizou-se em aproximadamente 15%. As combinações desses dois movimentos fizeram com que a empresa repassasse esses reajustes aos consumidor final, em virtude de seu poder de mercado. O posicionamento dominante da Petrobras no refino de combustíveis possibilita que movimentos internacionais no preço do barril de petróleo seja repassado, praticamente de forma integral, às distribuidoras. Preços mais elevados da gasolina e do diesel ao consumidor final geraram impactos negativos na sociedade. Os gastos familiares nesses itens aumentaram expressivamente e as empresas e trabalhadores do ramo do transporte e dependentes do diesel tiveram suas margens reduzidas em uma economia extremamente fraca.

Foi nesse ambiente que, concomitantemente, a Petrobras iniciou um forte processo de recuperação de suas margens de lucro e a greve dos caminhoneiros teve início. Impossibilitados de repassarem os aumentos diários do diesel para os fretes de transporte, os caminhoneiros decidiram “cruzar os braços”. Com a paralisação do transporte rodoviário de cargas por duas semanas, nossa economia viveu um verdadeiro choque. Falta de combustíveis aos consumidores, escassez de matérias-primas para as indústrias, voos cancelados e alimentos perecíveis perdendo suas validades ilustram alguns exemplos das consequências que essa crise do setor de transporte gerou em nossa sociedade.

 

De onde vieram então os R$ 10 bilhões de lucro líquido da Petrobras, apenas no segundo trimestre de 2018? A origem desse excelente resultado deve-se ao fato de uma gestão mais eficiente, queda do endividamento, desinvestimentos em áreas menos lucrativas e, sobretudo, na nova política de preços. Entretanto, não podemos deixar de associá-la com o estopim da greve dos caminhoneiros e todos seus impactos na vida dos brasileiros.

A Petrobras prejudicou diretamente um de seus maiores clientes: o transporte de cargas rodoviárias. Era de se imaginar que a recuperação da empresa a qualquer custo traria consequências, ainda mais em um período de recuperação lenta da atividade econômica. O preço do diesel ficou insustentável e o setor parou o Brasil por duas semanas. Se olharmos por esse ângulo, percebemos que o caminho adotado deixou sequelas em nossa sociedade, as quais vão demorar para cicatrizar.

Lucas Lautert Dezordi é doutor em Economia, sócio da Valuup Consultoria e professor titular da Universidade Positivo (UP).
O artigo foi publicado no site da Gazeta do Povo 15/08/2018

Setor de serviços tem queda no Paraná

Os paranaenses estão com mais dificuldade em retomar o consumo, pelo menos é o que mostra os números do setor de serviço, divulgados pelo IBGE nesta semana.

O volume de serviços prestados no Paraná recuou 2,3% no primeiro semestre de 2018. O resultado é pior que a média nacional que ficou em -0,9%. Se olharmos apenas para o mês de junho a situação fica ainda pior, no Brasil houve crescimento de 0,9%, melhor resultado desde 2011, já o Paraná manteve os -2,3%, esse não é um bom sintoma.

O mercado de trabalho é diretamente influenciado pelo setor serviços, junto com o comércio, representam 60% do PIB brasileiro. Essa baixa significa que as pessoas ainda não possuem renda suficiente para gastos considerados extras, como é o caso de alimentação fora de casa e viagens de lazer.

Logo, esse nicho da economia sofre diretamente a retração, aí recomeça o ciclo do desemprego, que é um dos piores reflexos da crise.

Os números mostram também que a queda foi significativa na área de informações e comunicação, que recuaram 8,1%. Significa que as famílias diminuíram ou cortaram pacotes de TV a cabo e telefone, por exemplo.

Uma das atividades que contrabalanceou foi o resultado positivo do grupo dos transportes que teve alta de 2,4%. O segmento é representativo, pois a necessidade de deslocamento de produtos e agronegócio pelas estradas e porto, é um indicativo de movimentação econômica no estado.

O grupo de outros serviços, que inclui o ramo imobiliário, manutenção de veículos e equipamentos, atividades financeiras, entre outros, cresceu 6,3%.