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E agora, com o futuro definido, o que muda na economia?

Com um cenário político definido, a economia começa a se ajustar a nova realidade e já é possível fazer algumas projeções. Vamos aos fatos.

O anúncio da redução dos ministérios e, por consequência, o enxugamento da máquina pública trouxe um horizonte otimista. Essa é uma das ações para a meta, bem audaciosa por sinal, de zerar o déficit fiscal primário já em 2019, que hoje está na casa dos R$ 140 bilhões.

Essa diferença, entre a arrecadação e despesas públicas (excluindo gastos com juros), quando expressiva, aumenta a dinâmica da dívida pública sobre o PIB. Para sermos mais diretos, pagamos 7,2% do PIB com essa conta. E é essa sangria que o futuro governo precisa estancar.

É um longo caminho até lá. A redução dos gastos públicos é um bom sinal, mas é mais um símbolo positivo que um efeito prático, pois os valores economizados não serão, nem de longe, suficientes para equilibrar as contas, mas sem dúvidas não deixa de ser uma parte importante.

A grande expectativa ainda é a Reforma da Previdência. Empresários e investidores estão ansiosos para saber que desfecho o novo governo dará para esse dramalhão brasileiro que vem se arrastando. Mas há muitos personagens envolvidos para que o enredo chegue ao clímax: Congresso e Senado precisam estar de acordo.

Outra possibilidade já aventada por membros do novo governo seria viabilizar o leilão do excedente da cessão onerosa, que poderia arrecadar aproximadamente R$ 100 bilhões em troca de contratos para exploração de petróleo no pré-sal.

Se tudo isso se concretizar? Como os efeitos positivos chegarão na economia? Um sintoma importante e prático poderá ser a redução dos juros reais para financiamentos a longo prazo do déficit do Tesouro Nacional. Se a equipe econômica conseguir estabelecer ações para que essas taxas baixem para a casa dos 4% seria o ideal. Hoje, as Notas do Tesouro Nacional (NTN-B) com vencimento em 2035 estão pagado juros reais de 5,2% ao ano.

Um impacto direto seria no setor da construção civil, pois financiamentos de longo prazo estão ligados à infraestrutura e aquisição de imóveis, principalmente. A retomada na demanda dessas atividades seria fundamental para reestabelecer a economia brasileira, combatendo a elevada taxa de desemprego.

As promessas são animadoras, mas agora se espera a parte prática e o resultado das ações. Aguardemos.

Performance Econômica das Empresas da Construção Civil

Por: Fabio Furman e Luis Gustavo Budzuak

Observamos uma queda acentuada na venda de imóveis novos em todo o país. Somente na cidade de São Paulo a queda foi de 48% entre janeiro e agosto de 2015 se comparado com igual período de 2014, segundo o SECOVI (Sindicado da Habitação e Condomínio). Cabe perguntar como está a performance econômica das empresas da construção civil diante deste cenário de desaceleração e como seu resultado econômico foi impactado.

 

Para entender esse impacto, analisamos 17 empresas do setor da construção civil a partir de sua demonstração de resultado. Selecionamos os seguintes indicadores de performance econômica: EBIT (Earnings Before Interest and Taxes), índice que mede o resultado antes dos encargos financeiros e dos impostos; Margem Bruta, índice utilizado para medir o resultado bruto em relação à receita líquida; e, Margem líquida esse índice mede o percentual de lucro líquido sobre a receita líquida. Calculamos esses indicadores para os anos de 2010 a 2015, tendo como data de referência 30 de junho de cada ano.

As empresas escolhidas para nosso estudo foram: Helbor; Mills; PDG; CR2; João Fortes; Rossi; Viver; Direcional; Even; Eztec; Rodobensimb; Tecnisa; MRV; Cyrela; Gafisa; Trisul e Jhsf. Essas empresas foram escolhidas por terem seus dados econômicos e financeiros históricos disponíveis ao mercado (utilizamos o site Fundamentus).

Durante os cálculos observou-se que as empresas: CR2, João Fortes e Viver, apresentavam comportamento diferente das demais, com quedas muito bruscas em seus índices a partir do ano de 2012, como esse comportamento particular poderia distorcer a análise, as mesmas foram excluídas das análises (outliers).

Analisando o EBIT, observamos a empresa EZTec com o maior índice, 48,90%, em 2015, e o pior EBIT foi da PDG em 2012, -38,42%. Na Margem Líquida o melhor índice foi da EZTec, 58,83%, em 2015, e a pior foi da PDG, -42,45%, em 2012. No que diz respeito a margem bruta o melhor índice é o da Mills, 58,79%, em 2013, já o pior é da PDG, -19,35%, em 2012.

EVOLUÇÃO MÉDIA DOS ÍNDICES ANALISADOS

Foi também calculado a média para os três índices acima citados, no cálculo da média foram excluídas as empresas: CR2, João Fortes e Viver, pelo fato das mesmas provocarem grandes distorções em relação ao cálculo das médias.

O EBIT médio do setor de construção civil era de 22,3% em 2011, e atingiu 12,7% em 2012, retomando à 18,5% em 2014 e caindo à 11,1% em 2015, menor valor para o período analisado. Já em relação à Margem Bruta, em 2010, o índice era de 34,5%, reduzindo para 28,7% em 2012 e subindo para 33,2% em 2014 e finalmente 30,2% em 2015. E a Margem Líquida foi de 17,0%, em 2010, em 2012 foi de 8,7% e subiu em 2014 para13,1% caindo novamente em 2015 para 4,2%.

Observa-se no gráfico que, na média, há uma queda dos índices, EBIT, Margem líquida e Margem bruta, entre os anos de 2010 e 2012. Já em um segundo momento, no período 2012-2014 observa-se uma recuperação dos índices, retomando à patamares de 2010. Porém de 2014 a 2015 há uma queda brusca na média dos índices, EBIT e Margem líquida e uma queda menor na Margem Bruta.

 

Conclusão

 

Fazendo uma análise do setor a partir da média das empresas estudadas constatamos uma forte relação entre os três índices, uma vez que eles seguem tendências semelhantes.

A Margem Bruta foi o índice que sofreu o menor impacto no período recente, mantendo-se com patamar de 30% em 2015, superior ao ano de 2012.

Com relação ao EBIT, constatamos que há uma queda acelerada em 2015, chegando a 11,1%, metade do valor de 2010. Demonstrando que as empresas da construção civil não foram eficientes em cortar despesas operacionais no período.

Já a Margem líquida foi a que sofreu o maior impacto. Alcançando 4,2% em 2015, ou seja, menos do que a quarta parte do valor de 2010, que foi de 17,0%. Os juros e despesas financeiras, assim como os impostos, impactaram significativamente no resultado econômico das empresas da construção civil.

Constatamos que os índices de 30/06/2015 são os piores dos últimos cinco anos. Também se observou que o impacto é substancialmente maior na Margem líquida, seguida do EBIT e menos sensível à Margem bruta. O que representa que estas empresas apresentam menor eficiência nas suas despesas operacionais e na conta de juros.

Por: Fabio Furman e Luis Gustavo Budzuak