Posts

Como os ativos intangíveis alteram o valuation de uma empresa

Selecionamos 8 itens que podem alterar o valor de um negócio e que não podem ser contabilizados de forma simples.

Avaliar uma empresa é uma arte que exige sofisticação. A medida que o valor é percebido de forma diferente é preciso calibrar o peso desses diferenciais no momento do cálculo.  

Entender os valores dos ativos tangíveis é uma prática comum e de menor dificuldade. Existe uma série de ferramentas e metodologias disponíveis e no fim das contas (literalmente) eles são mensuráveis monetariamente.

Mas quando se entra no universo dos ativos intangíveis a conversa sobe o nível e a complexidade se eleva a potencias maiores. Ao longo dos anos esse cálculo vem se tornando uma parte importante, senão a de maior peso, para uma série de empresas e mensurá-lo é hoje um dos maiores desafios do valuation.

Vamos abordar oito pontos em que essas informações precisam ser levadas em consideração, mas calculá-las não se aplica em uma matemática simples: 

1.     Propriedade intelectual: ativos relacionados a criação, patentes, direitos e marcas, ou ainda segredos industriais;

2.     Direitos B2B: basicamente royalties e direitos ou acordo de licença;

3.     Marca: valores relacionados a percepção do consumidor e do mercado;

4.     Intangíveis registráveis: tais como goodwill na aquisição e licenças de software;

5.     Dados: banco de dados, como lista de clientes, por exemplo;

6.     Direitos de não competição: acordos de não competição, que visam preservas receitas;

7.     Relacionamento: valores associados as redes de pessoas e da empresa;

8.     Direitos públicos: direitos de uso, exploração ou permissão de certa atividade ou operação

Todos esses cenários, em algumas empresas, são o bem de maior valor, que mais contribui para a geração de receita. Essa realidade foi comprovada na pesquisa da Brand Finance (2019). Segundo o levantamento 95% dos investidores sêniores concordam que os ativos intangíveis contribuem para o modelo de negócio e objetivos futuros da empresa; outros 88% dos entrevistados concordam que os modelos tradicionais de avaliação, como o fluxo de caixa descontado, não conseguem mensurar os ativos intangíveis. E para 59% dos investidores os ativos intangíveis estão tomando maior significância na hora de decidir investir. 

Avaliar os ativos intangíveis vem tomando um espaço cada vez mais importante na avaliação das empresas. Das 20 empresas mais valiosas no mundo, em 18 o valor dos intangíveis representa mais de 80% do valor da empresa: na Microsoft (mais valiosa) o intangível representa 90% do valor da empresa, na Amazon, 93%; em algumas como: Johnson & Jonhson, Procter & Gamble e Novartis, o valor supera 100%.

A verdade é que essa tendência não terá retorno, será preciso aprofundamento e estudo para se chegar cada vez mais perto da precisão destes valores. O mercado exige a capacitação de profissionais e disposição para desvendar cada empresa e suas particularidades na hora do cálculo.

Cada cenário será construído de forma customizada, não bastará aplicar uma ferramenta padrão para se chegar em um valuation justo.

A Valuup possui profissionais capacitados e dispostos a esses desafios.

Quais são as três grandes dúvidas no cálculo de valor da empresa

Quanto maior o lucro maior o valor da empresa? A marca interfere no valor? O terreno da empresa entra na conta? Essas são as questões mais debatidas quando o assunto é Valuation. Essa é a análise do economista e sócio da VALUUP, Luís Gustavo Budziak, que especialista na área, “ao longo de anos como consultor e professor de Valuation observei que algumas perguntas são bastante comuns e geram muita curiosidade e dúvidas.” Vamos ao que interessa, as respostas:

  • LUCRO: Quanto mais lucro tem uma empresa maior o valor dela?

Não necessariamente. Uma das metodologias para determinar o valor de uma empresa é a de fluxo de caixa descontado, ou suas derivações, como fluxo de dividendos entre outras. Porém todas elas partem do pressuposto que um fluxo será projetado e descontado por uma taxa de risco ao valor presente.

Na metodologia do fluxo de caixa o que importa é o “Caixa” da empresa, ou seja, o quanto ela consegue gerar de caixa para os sócios (não confundir com a conta “Caixa” do Balanço Patrimonial), e quanto maior for este valor de caixa mais valiosa ela será. Assim, o que importa é o caixa e não o lucro.

Podemos pressupor que uma empresa com altos lucros possa gerar altos valores de caixa. Mas uma empresa que tenha uma conta alta de depreciação, por exemplo, o que afeta o lucro, mas não o caixa, pode ter um valor maior do que outra que não tenha a mesma estrutura patrimonial.

  • MARCA: No cálculo do valor da empresa, como será calculada a marca?

Outra pergunta que é feita em 100% das aulas que eu ministro. Sempre explico que há, neste ponto, diferentes interpretações e algumas metodologias que calculam o valor de uma determinada marca, muitas delas recorrendo a percepção e pesquisa com consumidores. Do ponto de vista financeiro e do fluxo de caixa descontado o valor da marca já está representado dentro do próprio fluxo.

Uso como exemplo o cálculo do valor da empresa Coca-Cola e da XPO-Cola, aí da sua cidade. O primeiro todo mundo conhece e está disposto a pagar R$ 2,00 por refrigerante, enquanto que o segundo é vendido a R$ 1,00. Você acha que o fluxo de caixa, considerando o valor maior do refrigerante Coca-Cola, será maior na Coca ou na XPO, dado que estruturas de custos são semelhante? Claro que na Coca, assim a marca, que ajuda a vender mais e justifica preços maiores, contribui diretamente para a geração de caixa futura, estando já internalizada no fluxo.

  • ATIVOS NÃO OPERACIONAIS: O valor do terreno da empresa está dentro do fluxo de caixa?

Primeiramente é preciso saber se o terreno e os demais ativos da empresa são operacionais ou não. Ativo não operacionais não geram fluxo de caixa e, portanto, devem ser excluídos no momento da projeção e, ao final, ficarão com os sócios ou serão somados ao valor por meio de avaliação a valor de mercado.

Já o terreno operacional contribui para a geração de caixa, pois reduz a despesa com aluguel e edifícios geram depreciação. Ou seja, está dentro do valor projetado. Em algumas situações o imóvel é vendido separadamente, para outro interessado. Neste caso todo o efeito deve ser anulado e o valor calculado a preço de mercado.