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Plano ABC+ e incentivo à agricultura sustentável

Como o governo pretende estimular a preservação ambiental

O Plano ABC “original” esteve vigente entre 2010 e 2020 e tinha, como principal objetivo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa na agricultura (respeitando acordos climáticos internacionais), ao mesmo tempo em que visava ampliar a produção agrícola sob bases sustentáveis até 2020. Para isso, o plano foi dividido em sete programas de mitigação e adaptação das práticas agrícolas às mudanças climáticas.

O financiamento dos programas contidos no Plano era feito por meio de linhas de crédito e recursos orçamentários. Uma linha de crédito específica para atender às demandas do plano foi lançada pelo BNDES, o Programa ABC. Outros programas concorreram com o mesmo objetivo:

  • Moderagro;
  • Inovagro;
  • Pronaf; e
  • Pronamp.

A taxa de juros variava entre 4,5% a 6% a.a., o que representa um custo bastante interessante aos produtores rurais. A concessão do crédito foi intermediada por meio de bancos comerciais e exige a apresentação de um Projeto Técnico passível de avaliação, devendo ser elaborado de modo a permitir o enquadramento dos itens financiáveis aos objetivos do Plano ABC. Todavia, o Projeto Técnico não exigia um estudo de viabilidade econômico-financeira e estudo de impactos sociais, o que, em nossa opinião, enfraquece o programa.

O “face lifting” do plano veio em 2021, com o objetivo de renovar o Plano ABC até 2030. Denominado Plano ABC+, a nova versão introduziu instrumentos indutores transversais de comercialização de créditos de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). O novo programa mantém os estímulos da versão anterior, com a promessa de introdução de melhorias na governança e nas estratégias de avaliação do plano em comparação com o plano ABC original.

Por enquanto, somente foram divulgadas algumas intenções do ABC+; não foram detalhados os programas desse novo plano, nem suas metas, nem seus instrumentos e incentivos econômicos. Todos os detalhes devem ser esclarecidos com a divulgação do Plano Operacional do ABC+ no segundo semestre de 2021.

Nossos estudos revelam que o Plano ABC+ é um importante instrumento de financiamento para o produtor rural; entretanto, ao menos dois pontos nos chamam atenção:

1) a importância de estudos de cunho econômico-financeiro e de impactos sociais das ações financiadas;

2) a mensuração dos retornos à sociedade e dos impactos ambientais.

Vamos aguardar o segundo semestre de 2021 para avaliar como os agentes econômicos irão ofertar os programas relacionados ao Plano ABC+.

Preço internacional de commodities, mais uma preocupação para o Brasil

Agregar valor na cadeia produtiva é fundamental

O Conselho Internacional de Grãos (IGC) prevê uma safra recorde em 2020/21, atingindo 2,22 bilhões de toneladas, um aumento de 2% em relação à safra anterior, segundo site Agrolink.

Segundo o Boletim Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos publicado pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), em 20/04/20, a produção brasileira de grãos esperada para 2020 é de 251 milhões de toneladas, superando em 4% a safra de 2019. O Brasil representa 10% da produção mundial de grãos.

O aumento da produção de grãos, decorrente de aumentos de produtividade e de área plantada, não são acompanhadas de aumento de preços. Ainda que possam passar desapercebidas devido a desvalorização cambial, o histórico real de preço nos mostra justamente o contrário.

O gráfico abaixo demonstra a queda dos preços reais, em moeda constante, das commodities. Observamos que nos últimos 100 anos os preços médios caíram praticamente pela metade.

Segundo Miguel Daoud, em sua entrevista no 17/04/2020 no Canal Rural, o produtor rural deveria pensar em formas de agregar valor às commodities, quebrando a dependência de exportação de grãos. Da mesma forma políticas agrícolas dos governos deveriam induzir o desenvolvimento da cadeia do agronegócio de modo a agregar valor aos produtos primários, gerando maiores ganhos para o produtor.

Repensar estrategicamente, no sentido de buscar novas fontes de financiamento para possibilitar investimentos que possibilitem a agregação de valor aos produtos primários, deve estar no radar dos agentes agrícolas.

Cooperativas do agronegócio mostram eficiência em 2018

Administração e controles profissionais somados ao dólar valorizado: resultados positivos para o setor.

Os olhares se voltam para o cooperativismo agropecuário no Brasil. A principal atividade econômica do país tem segurado as pontas da economia em tempo de vacas magras.

O setor do agronegócio não tem só parado em pé em meio à crise, ele tem se consolidado com estratégias bem desenhadas.

Essas evidências são observadas na atuação dos cooperados no mercado internacional, além do investimento na profissionalização da gestão.

Não atoa as cooperativas tem sido alvo de fusões e aquisições importantes nos últimos tempos. Investidores já olham atentos ao formato de negócio que está cada vez mais sólido e atrativo. A colaboração e a união de esforços não é apenas um discurso bonito, é eficiente.

É verdade que as dimensões continentais e as terras férteis colaboram muito para o título de celeiro do país. Mas nem só de solo produtivo vive o agronegócio. Quando se fala em business, o buraco é mais em baixo. Os números de 2018 comprovam a eficiência e o profissionalismo que o cooperativismo agro vem desenvolvendo.

Os números divulgados recentemente pelo Sistema Ocepar, que reúne 215 cooperativas no Paraná, registraram crescimento de 19,5% no faturamento, com R$ 83,7 bilhões movimentados.

O ramo agropecuário, que representa 81,4% das cooperativas, teve a maior representatividade na balança comercial paranaense, o saldo positivo foi de U$3,5 bilhões.

Esse número representa dinheiro estrangeiro entrando no país, e aí se fecha um ciclo virtuoso para a economia.

Ponto 1:   Em uma ponta um mercado externo aquecido e com grande potencial de expansão. Os gringos recebem produtos de qualidade e com grande segurança sanitária. esse diferencial permite a venda dos produtos brasileiros para países com legislações muito exigentes, como é o caso da China.

Ponto 2: Na outra ponta se tem as cooperativas com uma gestão cada vez mais eficiente, investindo em tecnologias e inovações que permitem a aceleração de potencial e controle do negócio.

Por isso se percebe o interesse de investimento, nacionais e estrangeiros, nesse setor de negócio brasileiro.

É um ciclo de ganha ganha, ganham os cooperados, que veem seus negócios sendo valorizados e ganha toda a economia do país que sente o reflexo do fortalecimento dessa enorme cadeia produtiva brasileira.

Vida longa ao cooperativismo.