Dois cenários para o futuro da economia no Brasil

A pandemia, causada pela COVID-19, encontrou a economia brasileira frágil, ensaiando os primeiros passos para a retomada depois de seis anos de crise. Não se esperava outra coisa que não uma queda livre da produção, do consumo e aumento generalizado do desemprego. Mas os últimos acontecimentos políticos no país provaram que o cenário pode ser ainda pior.

É possível visualizar dois cenários, um pessimista e outro muito pessimista. Vamos começar pelo pior.

Cenário1: muito pessimista

O pior dos cenários projetados para o Brasil para os próximos meses inclui a piora da crise política, somada à instabilidade econômica e ao avanço da pandemia. A união dos três fatores custaria alto para a sociedade brasileira. Quais fatos poderiam determinar esse cenário catastrófico?

  • A saída de Paulo Guedes do governo, uma troca de comando no Banco Central e a interferência política de militares na condução da economia;
  • A apresentação de mais evidências, pelo ex-ministro Sergio Moro, de interferências políticas do presidente nas investigações da Polícia Federal;
  • A Procuradoria Geral da República (PGR) oferecer denúncia ao Judiciário, e esse processo, encaminhado pela corte, ser aceito no Congresso;
  • O avanço do Plano Pró-Brasil, com Rogério Marinho, mas sem uma pauta consistente de reforma que garanta a solvência do Estado brasileiro;
  • O avanço do contágio por coronavírus, com aumento de internações e mortes acima do projetado;
  • O pico da pandemia se prolongar até junho.

Diante desses fatos, imaginam-se uma recessão intensa, profunda e longa (em W), uma queda abrupta do PIB e um dólar alto. Veremos também pressão na curva de juros de curto e médio prazos. Podemos, inclusive, ser ver o aumento da taxa Selic.

O resultado de tudo será a redução do crédito ao consumo de bens semiduráveis (eletrodomésticos, roupas) e financiamento (bens de capital e imóveis).

Cenário2: pessimista

Para esse cenário, um pouco menos pessimista, enxerga-se o Brasil ainda com piora na crise política, no entanto, com estabilidade econômica e sem avanço dos estímulos fiscais, vislumbrando também o controle da pandemia. Para que essa realidade prospere, seria necessário:

  • Paulo Guedes permanecer no governo e manter comando do Banco Central;
  • PGR conseguir reduzir a interferência política dos militares na economia;
  • A apresentação de mais evidências pelo ex-ministro, Sergio Moro, de interferências política do presidente nas investigações da Polícia Federal;
  • A Procuradoria Geral da República (PGR) oferecer denúncia ao Judiciário, e esse processo, encaminhado pela corte, ser aceito no Congresso;
  • Plano Pró-Brasil não avançar sem uma pauta consistente de reforma que garanta a solvência do Estado brasileiro;
  • Em relação ao coronavírus, avanço no número de internações e mortes igual ao projetado.
  • Pico da pandemia acontecer em abril e início de maio.

Neste caso teremos uma recessão daria profunda e longa (em U). Também com queda do PIB, ainda que um pouco menor. Haveria pressão na curva de juros de longo prazo. O dólar se manteria alto. A taxa Selic se manteria como no cenário anterior, podendo subir para conter o câmbio. Ainda assim, veríamos a redução do crédito ao consumo de bens semiduráveis (eletrodomésticos, roupas) e financiamento (bens de capital e imóveis).

Não haverá como fugir da crise que já está instalada, entretanto, o que se espera é que fatores políticos não venham causar ainda mais sofrimento a uma economia duramente fragilizada.

PL apresenta novas possibilidades para o cenário de RJ

Muito se tem escutado sobre uma possível nova onda de Recuperações Judiciais e Falências, mas e o que tem de novidade em relação a este ambiente no Brasil? No dia 02/04 foi apresentado à Camará pelo deputado Hugo Leal, um Projeto de Lei (PL), que altera em caráter provisório, até 30/12/2020, aspectos da Lei de Recuperações Judiciais e Falências (11.101/2005) e cria um mecanismo chamado popularmente de Recuperação Judicial Express.

Em relação a Recuperação Judicial Express (negociação preventiva), o esquema a seguir resume o funcionamento deste possível mecanismo:

Sendo assim, a empresa requerente deve demonstrar queda de ao menos 30% do faturamento, decorrente do COVID-19, após decretação do estado de calamidade pública (20/03). As empresas que comprovarem os requisitos poderão requerer o mecanismo de negociação preventiva, junto com a apresentação da indicação de um Negociado e as condições comerciais entre Empresa Requerente e Negociador. Com o deferimento do Juízo, é concedido um período de 60 dias de Stay Period, suspensão de ações e execuções. O Negociador deve apresentar para o judiciário o andamento das negociações e os possíveis acordos firmados, que serão protocolados no processo.

Após os 60 dias de suspensão dois resultados são esperados:

  • Acordos foram firmados, salvaguardando a empresa requerente, e o processo é encerrado; ou
  • Impossibilidade de acordos, o processo também é encerrado, porém com a possibilidade de a Empresa Requente solicitar Recuperação Judicial ou Autofalência.

É notório que este é um mecanismo preventivo, buscando evitar possíveis Recuperações Judiciais e Falências, dando agilidade e assertividade a negociação e evitando todos os ônus que um processo de RJ pode trazer.

A Valuup tem expertise em Recuperações Judiciais e está à disposição de empresas que necessitem aprofundar esse assunto e avaliar as possibilidades de enquadramento. Se esse for o seu caso, entre em contato.

Goodwill, como registrar e como testar

O registro do goodwill nas demonstrações financeiras requerer cuidados específicos

O goodwill é um ativo intangível associado a compra de uma empresa por uma outra empresa. Basicamente ele surge da diferença entre o valor justo dos ativos e passivos assumidos na aquisição e o valor desembolsado efetivamente na compra, também podemos entender como o ágio pago na aquisição. Para entender e aprofundar esse conceito é possível consultar o CPC-15 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e Instrução Normativa IN 1700/2017 da SRF (Secretaria da Receita Federal).

Considera-se que o ativo intangível tem uma vida útil indefinida, ou seja, sem um prazo específico para amortizá-lo nas demonstrações financeiras. Quando uma demonstração financeira apresentar ativos com vidas úteis indefinidas a regra pede que eles sejam testados anualmente (CPC-1).

O teste consiste em evidenciar a recuperabilidade do goodwill, ou determinar seu valor recuperável. O valor recuperável é obtido por meio do valor de uso, calculado pelo fluxo de caixa descontado do ativo à que o goodwill está associado, ou pelo valor de mercado desse ativo associado ao goodwill, desses dois o maior.

O objetivo central aqui é saber se o valor registrado na contabilidade será recuperado no futuro. Ou se estamos com um ativo com registro superavaliado. Se esse for o caso, o goodwill deve ser desvalorizado até o limite máximo do valor recuperável, e a perda registrada no resultado do exercício. Cabe destacar que o goodwill está sempre vinculado a um ativo ou um grupo de ativos, e não pode ser vendido separadamente, como bem destacado por Marshall Hargrave, na Investopedia (07/03/2020).

Curioso notar que uma vez registrada a perda de goodwill ela não poderá ser revertida para o ativo no futuro, caso um novo teste, no ano seguinte, demonstre uma recuperação do ativo vinculado ao goodwill.

A Valuup contribui com diversos clientes na realização de testes de recuperabilidade de goodwill.

Preço internacional de commodities, mais uma preocupação para o Brasil

Agregar valor na cadeia produtiva é fundamental

O Conselho Internacional de Grãos (IGC) prevê uma safra recorde em 2020/21, atingindo 2,22 bilhões de toneladas, um aumento de 2% em relação à safra anterior, segundo site Agrolink.

Segundo o Boletim Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos publicado pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), em 20/04/20, a produção brasileira de grãos esperada para 2020 é de 251 milhões de toneladas, superando em 4% a safra de 2019. O Brasil representa 10% da produção mundial de grãos.

O aumento da produção de grãos, decorrente de aumentos de produtividade e de área plantada, não são acompanhadas de aumento de preços. Ainda que possam passar desapercebidas devido a desvalorização cambial, o histórico real de preço nos mostra justamente o contrário.

O gráfico abaixo demonstra a queda dos preços reais, em moeda constante, das commodities. Observamos que nos últimos 100 anos os preços médios caíram praticamente pela metade.

Segundo Miguel Daoud, em sua entrevista no 17/04/2020 no Canal Rural, o produtor rural deveria pensar em formas de agregar valor às commodities, quebrando a dependência de exportação de grãos. Da mesma forma políticas agrícolas dos governos deveriam induzir o desenvolvimento da cadeia do agronegócio de modo a agregar valor aos produtos primários, gerando maiores ganhos para o produtor.

Repensar estrategicamente, no sentido de buscar novas fontes de financiamento para possibilitar investimentos que possibilitem a agregação de valor aos produtos primários, deve estar no radar dos agentes agrícolas.

O lado real da crise: Fluxo de caixa

“Uma empresa não quebra por falta de lucro, ela quebra por falta de caixa.” Essa foi a afirmação de Luiz Antônio Giacomassi Cavet, CFO da Cocelpa, empresa de papel e celulose, na região de Curitiba. Cavet participou, junto com mais de uma dezena de outros empresários, do evento on-line organizado pela Valuup, que discutiu o lado real da economia em meio à crise.

Cada participante teve três minutos para falar sobre as maiores aflições neste momento de incertezas. A maioria citou o caixa como um dos principais pontos de atenção. “Nós ouvimos de muitos empresários sobre a queda abrupta no caixa da empresa. Como pagar salários? Como honrar compromissos com fornecedores? Então, questionamos se as ações do governo estão sendo suficientes. A resposta é que ainda há uma cortina de fumaça sobre essa questão,” relata Luís Gustavo Budziak, sócio da Valuup e um dos organizadores do evento.

“A realidade é que os bancos estão restringindo o crédito e criando dificuldades que teremos que vencer”, segundo Danny Berté, CEO da Perfimec. Essa também foi a opinião de Gilberto Heinzelmann, CEO da Zen, empresa de metalmecânica. “O governo fez os anúncios, mas os recursos não estão chegando na ponta, nós não temos acesso,” explica Heinzelmann.

Dario Beccari, diretor da Mecanotécnica, diz que há um grande esforço pra resolver o problema de caixa, mas que de um dia para outro os clientes deixaram de pagar os produtos que foram enviados. Reforçou que o desafio está chegando a todos os níveis.

A mesma preocupação está na WHB. Ricardo Cecy, CFO da empresa, informou que as medidas governamentais não facilitaram em nada o acesso às linhas de crédito. A empresa passa por uma recuperação judicial e avalia solicitar um novo stay period (colocar link da matéria sobre o assunto) para preservar o caixa da empresa. Cecy também falou da dificuldade das empresas que trabalham na cadeia de produção automotiva, uma vez que o setor é um dos primeiros a sofrer retração e o último a retomar as atividades em momento de crise. “Quem é que vai pensar em comprar um carro novo em um momento como esse?”, questionou o empresário.

A conclusão a que se chegou, depois de ouvir os debatedores, é de que os problemas são comuns, independente do tamanho ou setor de atuação, e de que as fontes de financiamento serão um grande entrave para a recuperação da economia. “Já sabemos onde está o problema, mas ainda não há resposta certa, nem ações efetivas por parte do governo. Nossas dúvidas agora alcançam outro nível, ainda não é possível desenhar um cenário futuro, o momento é de muita incerteza”, conclui Budziak.

Empresários traçam cenário real da economia em meio à crise

O evento online, promovido pela Valuup Consultoria, na manhã desta quarta-feira, (01/04), reuniu cerca de 200 pessoas e trouxe a realidade de mais de uma dezena de empresários. Os organizadores trouxeram para discussão os mais diferentes setores: metal mecânica, serviço hospitalar, supermercados, fundos de investimentos, portos, TI, agronegócio, entre outros.

A Valuup questionou as lideranças empresariais sobre as dificuldades enfrentadas neste período de crise. Os participantes abordaram desafios comuns em diferentes realidades.

A maioria dos debatedores pontuou a manutenção dos empregos e o cuidado com os colaboradores como prioridade dentro das empresas. Os pagamentos de fornecedores, principalmente os de menor porte, também estão entre as preocupações em meio à crise.

Empresários relataram atenção total com o fluxo de caixa e dificuldade para acessar linhas de crédito. No cenário real, os anúncios governamentais sobre liberação de recursos para ajudar empresas a enfrentar a pandemia não estão chegando na ponta.

Além dos depoimentos dos convidados, a organização do evento promoveu questionamentos ao público para entender a opinião de quem acompanhava o debate online. Quando questionado sobre qual setor sofreria mais os impactos da crise, 56% do público disse que o comércio seria o mais afetado, seguido de serviços, com 27%. Construção civil ficou com 9% e indústria de transformação com 7%.

Sobre quanto tempo a empresa sustentaria a operação na situação atual, 44% dos participantes responderam que por apenas dois meses. Até três meses, 21%; também com essa porcentagem, os empresários conseguiriam segurar de três a seis meses. Apenas 14% disseram que conseguiriam manter as portas abertas por mais de seis meses.

A esmagadora maioria, 87%, afirmou estar encontrando muita dificuldade para acessar financiamento novo para capital de giro.

Os convidados falaram sobre seus enfrentamentos e prioridades, no entanto, não conseguiram traçar um cenário futuro, o momento ainda é de muita incerteza. Contudo, houve muitos relatos de esperança e solidariedade, com a certeza de mudanças profundas na cultura e na dinâmica da economia global.

6 alertas de gestão financeira na pandemia COVID-19

O temor ao coronavírus inundou a vida de todos. Mas certamente tem outro temor que tem tirado mais o sono de boa parte dos empresários no Brasil: como manter o caixa vivo em tempos de coronavírus.

Além das prevenções de saúde, é preciso estar atendo à gestão financeira da empresa neste momento, ter o controle da situação é essencial.

Normalmente empresas de médio e pequeno porte não tem caixa futuro suficiente para sobreviver, e o anseio pela crise financeira que está se desenhando coloca em cheque sustentabilidade financeira dos negócios. Algumas dicas para gestão financeira e estabilização do caixa fazem ainda mais sentido neste momento:

  1. Mapeamento completo de custos e despesas: nem sempre os empresários têm o domínio total de todos os custos, despesas e impostos relacionados. Neste momento é fundamental fazer e mapeamento completo, dividindo por grandes grupos e classificando por prioridade para o seu negócio. OBS.: Cuidado com as contas relacionadas a pessoa física que podem estar “penduradas” na pessoa jurídica, eles podem ser determinantes neste momento.
  2. Levantamento e renegociação das dívidas: em muitas empresas as despesas financeiras acabam derretendo todo lucro que poderia gerar. Este é um momento fundamental de levantamento das dívidas com suas taxas e prazos, visando uma possível renegociação das dívidas, as grandes instituições tendem estar dispostos para o movimento de renegociação.
  3. Créditos e financiamentos: os bancos públicos já começam a sinalizar com linhas de créditos diferenciadas, pelo momento, e os bancos privados tendem a seguir o mesmo caminho. Evitando assim que as despesas financeiras não acabem só com o lucro do empresário, e condene a empresa também.
  4. Definição de prioridades: com contas de saída (custos, despesas e dívidas) mapeadas, é o momento de reorganização este mapa, focando no core business da empresa. Descontinuar produtos, linhas e negócios menos rentáveis e priorizar o que mantém a empresa viva no curto prazo, pode ser uma estratégia interessante para este momento;
  5. Negociação de prazos: a situação exige que empresário e sua equipe entrem em contato com os fornecedores e levantem as melhores condições de pagamento, afinal é um momento em que todos estão propensos a este movimento. Com estas informações é necessário voltar a definição de prioridades e por vezes escolher com quais fornecedores manter, não perdendo de vista a necessidade de “sobrevivência” no curto prazo;
  6. Gestão do caixa: a gestão do caixa diário e o acompanhamento sobre a liquidez do negócio se torna a chave mestre deste processo. No fim das contas não é suficiente fazer todos os movimentos citados, se o caixa não realizar o previsto. O caixa se torna o coração da empresa em momentos de crise, e só ele pode sinalizar melhora e/ou piora da saúde financeira.

Todas estas medidas fazem com que possíveis caminhos se abram para que o empresário passe por este período de crise. As informações são as maiores armas para as tomadas de decisões rápidas e eficientes que o momento exige.

A Valuup é especializada em ferramentas econômico financeiras, e pode ajudar com gestão de caixa, estudos de restruturação e soluções financeiras em momentos de crise, nossa equipe está à disposição das empresas que enfrentam estes desafios.

Viabilidade econômica de novo stay period

A crise econômica, causada pela pandemia, pode justificar pedidos de prorrogação ou novo stay period.

As empresas enfrentarão grandes desafios em meio ao período recessivo que estamos prestes a entrar. Haverá deterioração acentuada do caixa futuro, entre outros impactos. Não resta dúvidas que as empresas que estão em Recuperação Judicial tendem a ter um caminho ainda mais tortuoso. A Valuup entende ser viável do ponto de vista econômico e financeiro um pedido de postergação ou novo stay period, sendo possível até mesmo a revisão dos planos de Recuperação Judicial frente ao judiciário e credores.

Essa situação já foi concretizada na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. O Juiz Tiago Henriques Papaterra Limongi, concedeu suspensão da Assembleia Geral de Credores e prorrogação do stay period para a Nasa Laboratório Bioclinico Ltda – em Recuperação Judicial.

Na decisão o magistrado diz ser “inevitável a prorrogação do stay period pelo período de suspensão da AGC, valendo o registro, uma vez mais, de que a recuperanda não deu causa ao retardamento da marcha processual e de que se está diante de um evento externo e imprevisível”.

Esta decisão é tempestiva e precaucional não só do ponto de vista da saúde pública, mas também do ponto de vista econômico e financeiro, em decorrência das incertezas de geração de caixa nos períodos futuros.

O temor de uma recessão financeira é eminente. As empresas em Recuperação Judicial, normalmente financeiramente fragilizadas, precisam agir rapidamente para resguardar que suas atividades permaneçam vivas. Caso contrário, teremos marcas históricas de convolação em falência.

Sendo assim, do ponto de vista econômico e financeiro, nós da VALUUP entendemos ter elementos suficientes para solicitações de prorrogação e/ou novo stay period. E até mesmo necessidade de novo estudo de viabilidade econômico financeira acarretando ajustes no Plano de Recuperação Judicial.

Processo: 1026155-53.2019.8.26.0100

Artigo Gazeta do Povo – Correios: mudanças para crescer

Artigo Publicado originalmente na Gazeta do Povo

Por Lucas Dezordi

Nos últimos anos, as transações econômicas via internet ganharam velocidade e intensidade. Para termos uma ideia, os relatórios sobre e-commerce da Ebit|Nielsen apontaram um crescimento de 12% no primeiro semestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a uma receita de R$ 26,4 bilhões. Cada vez mais, os brasileiros buscam nas compras online presentear seus pais, filhos, companheiros e amigos. Estamos observando uma diversificação cada vez maior de produtos nesse segmento e a entrega final dos produtos e pacotes deve ser ágil e precisa.

Entretanto, a atuação dos Correios no comércio virtual caiu quase 20% nos últimos 6 anos, como aponta estudo conduzido pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm). A participação da estatal passou de 81%, em 2013, para cerca de 62,5% em 2019. Em contrapartida, no mesmo período, a participação das transportadoras privadas no comércio eletrônico saltou de 15% para 33,4%.

A dificuldade dos Correios em ampliar sua competitividade e eficiência nos serviços, frente ao crescimento das transportadoras privadas, é um importante argumento para a privatização desse segmento. Contudo, buscando um modelo de desestatização que sustente a concorrência. Para que isso aconteça, é preciso que a formatação da abertura da empresa não aconteça de forma integral, ou seja, saia do monopólio estatal para se tornar um monopólio privado. Logo, a divisão dessa oferta, oportunizando que várias empresas tenham a possibilidade de atuação, se mostra um caminho sensato. Dividir os Correios por áreas de atuação, regiões etc., pode ser uma alternativa.

Os recentes escândalos envolvendo corrupção nos Correios e sua gestão ineficiente são elementos que favorecem a privatização. Comandar a estatal, além do prejuízo financeiro, enfraqueceu a imagem do estado, que foi carimbado, mais uma vez, como administrador ineficiente. E está na gestão o maior benefício da entrada da iniciativa privada. O comando dos serviços de postagens gerido por empresas profissionais, que buscam eficiência e qualidade, tende a beneficiar todos os usuários do serviço.

Muitos governos estrangeiros já passaram por esse processo de desestatização e estão satisfeitos com as mudanças. Dos países integrantes da União Postal Universal, que reúne 192 nações, 56 renunciaram às empresas públicas para deixá-las a cargo da iniciativa privada. Na lista, temos a Alemanha, que fez a transição gradual. Em 1995, abriu parte do processo, ficando com o monopólio de envio de cartas até 50g, mas, em 2007, repassou tudo para a gestão privada. Portugal acabou com o monopólio em 2014.

Além da venda direta da empresa – seja ela de forma integral ou em partes -, outra alternativa para a diminuição da participação do estado é a abertura de mercado. Neste formato, a empresa passa a ser mista, podendo abrir capital para venda de ações e, assim, ter uma fonte extra de arrecadação.

O fato é que os Correios precisam de mudanças para crescer e as opções do mercado devem fazer parte desse processo. A resposta deve partir dos estudos de viabilidade. Existem muitos caminhos para aliviar o governo, impulsionar o crescimento e entregar mais qualidade aos usuários. Que prevaleça a decisão técnica e consciente dos governantes.

Como os ativos intangíveis alteram o valuation de uma empresa

Selecionamos 8 itens que podem alterar o valor de um negócio e que não podem ser contabilizados de forma simples.

Avaliar uma empresa é uma arte que exige sofisticação. A medida que o valor é percebido de forma diferente é preciso calibrar o peso desses diferenciais no momento do cálculo.  

Entender os valores dos ativos tangíveis é uma prática comum e de menor dificuldade. Existe uma série de ferramentas e metodologias disponíveis e no fim das contas (literalmente) eles são mensuráveis monetariamente.

Mas quando se entra no universo dos ativos intangíveis a conversa sobe o nível e a complexidade se eleva a potencias maiores. Ao longo dos anos esse cálculo vem se tornando uma parte importante, senão a de maior peso, para uma série de empresas e mensurá-lo é hoje um dos maiores desafios do valuation.

Vamos abordar oito pontos em que essas informações precisam ser levadas em consideração, mas calculá-las não se aplica em uma matemática simples: 

1.     Propriedade intelectual: ativos relacionados a criação, patentes, direitos e marcas, ou ainda segredos industriais;

2.     Direitos B2B: basicamente royalties e direitos ou acordo de licença;

3.     Marca: valores relacionados a percepção do consumidor e do mercado;

4.     Intangíveis registráveis: tais como goodwill na aquisição e licenças de software;

5.     Dados: banco de dados, como lista de clientes, por exemplo;

6.     Direitos de não competição: acordos de não competição, que visam preservas receitas;

7.     Relacionamento: valores associados as redes de pessoas e da empresa;

8.     Direitos públicos: direitos de uso, exploração ou permissão de certa atividade ou operação

Todos esses cenários, em algumas empresas, são o bem de maior valor, que mais contribui para a geração de receita. Essa realidade foi comprovada na pesquisa da Brand Finance (2019). Segundo o levantamento 95% dos investidores sêniores concordam que os ativos intangíveis contribuem para o modelo de negócio e objetivos futuros da empresa; outros 88% dos entrevistados concordam que os modelos tradicionais de avaliação, como o fluxo de caixa descontado, não conseguem mensurar os ativos intangíveis. E para 59% dos investidores os ativos intangíveis estão tomando maior significância na hora de decidir investir. 

Avaliar os ativos intangíveis vem tomando um espaço cada vez mais importante na avaliação das empresas. Das 20 empresas mais valiosas no mundo, em 18 o valor dos intangíveis representa mais de 80% do valor da empresa: na Microsoft (mais valiosa) o intangível representa 90% do valor da empresa, na Amazon, 93%; em algumas como: Johnson & Jonhson, Procter & Gamble e Novartis, o valor supera 100%.

A verdade é que essa tendência não terá retorno, será preciso aprofundamento e estudo para se chegar cada vez mais perto da precisão destes valores. O mercado exige a capacitação de profissionais e disposição para desvendar cada empresa e suas particularidades na hora do cálculo.

Cada cenário será construído de forma customizada, não bastará aplicar uma ferramenta padrão para se chegar em um valuation justo.

A Valuup possui profissionais capacitados e dispostos a esses desafios.