A crise e o papel da Recuperação Judicial no Brasil

Em 2005 uma nova lei estabeleceu as bases para a Falência e Recuperação Judicial de empresas no Brasil, estamos falando da Lei Federal n.º 11.101.

Olhar para os números de pedidos, tanto de falência quanto de RJ, é uma das formas de avaliar como o Brasil vem enfrentando a crise.

Com base nos dados da Boa Vista SCPC, comparamos os números desde 2006, fizemos um corte em 2015, período da crise, e analisamos os dados atuais. De 2006 a 2015 a média de pedidos de falência por mês foi de 156. De 2015 até agora a média mensal foi para 177, aumento esse não significativo.

Já os pedidos de RJ tiveram um impacto maior. No primeiro intervalo, de 2006 a 2015, eram 218 pedidos ao mês. A partir de 2015 esse número saltou para 403 empresas que tiveram seus pedidos de Recuperação Judicial deferidos. Observem a inversão no gráfico.

Há muitas explicações para esse cenário. Não só a própria crise econômica que o país vem passando contribui para o aumento, mas a RJ passou a ser uma ferramenta utilizada pelo empresário em crise, desmistificando o movimento anterior de concordatas e falências (anterior a Lei 11.101/05). O processo, mesmo que lento e trabalhoso, pode estabelecer alicerces profundos que sustentarão a retomada e a real recuperação do negócio, evitando o pedido de falência.

O processo não é simples, requer muito trabalho e discernimento da gestão. Falamos sobre como avaliar a necessidade do pedido de RJ neste artigo. Aprofundamos a questão da preparação da empresa para o processo neste artigo também.

A Valuup conta com expertise de profissionais com ampla experiência na preparação e na execução dos planos de Recuperação. Estamos à disposição para colaborar com empresas que precisam de auxílio nesses momentos.

4 indicadores que avaliam a necessidade de uma Recuperação Judicial

Utilizar as melhores ferramentas para enfrentar a crise é uma arte; é preciso deixar o preconceito de lado e avaliar a melhor saída.

No Brasil, entrar com o Pedido de Recuperação Judicial (RJ), é, equivocadamente, assumir que o negócio está fadado a quebrar definitivamente. Esse conceito precisa ser desmistificado e entendido de forma ampla como opção para realinhamento a empresa.

As crises, sejam internas ou externas, fazem parte do jogo. Saber gerir um negócio que precisa de reestruturação é uma habilidade que, necessariamente, os gestores precisam desenvolver. É nessa hora que a tomada de decisão rápida e correta pode determinar o futuro da empresa.

Quando as coisas começam a apertar é preciso fazer um estudo e entender a necessidade de uma reestruturação de dívida. Percebido que a crise é mais intensa que o esperado, os gestores precisam avaliar as opções que melhor invertam o cenário. E é nesses casos que o Pedido de Recuperação Judicial (previsto na Lei 11.101/2015) pode ser uma alternativa interessante.

Mas o preconceito, por vezes, faz com que o empresário demore para entrar com o pedido recuperacional, e acaba não se preparando, o que normalmente faz isso um processo mais penoso.

Para diagnosticar se é hora ou não de entrar com uma RJ, é necessário que a empresa avalie seus indicadores econômico financeiro para que acenda o sinal de alerta e não seja tarde demais para tomar a ação.

Além da avaliação dos indicadores clássicos: Liquidez, Endividamento, Rentabilidade e Atividade, observa-se que os indicadores de risco (rating) usando amplamente no mercado de capitas pode apresentar um excelente diagnostico neste sentido. Os indicadores explicativos são:

Entende-se que quando estes indicadores apresentam conclusões negativas, está na hora de entrar com a Recuperação Judicial.

A Valuup tem amplo conhecimento nesses estudos e está à disposição para ajudar as empresas nessa tomada de decisão. Sejam com estudos diagnósticos, ou, com o Pedido de Recuperação Judicial.

Artigo Gazeta do Povo: A Ferroeste fora dos trilhos

Um dos grandes desafios da economia brasileira é diminuir a dependência do transporte rodoviário de cargas. Atualmente, 75% do escoamento da produção é feito por caminhões. Depois 9,2% segue por vias marítimas, 5,8% é aérea e apenas 5,4% é transportado por trilhos. Os dados, que são da Fundação Dom Cabral, preocupam, na medida que grande parte dessa produção é de commodities, e deveria estar acomodada em vagões, reduzindo o custo Brasil.

Mas para que esse cenário seja invertido, é preciso investimento em infraestrutura. A possibilidade de privatização da Ferroeste é uma oportunidade de retomada em aportes em ferrovias no Paraná, e, portanto, uma boa notícia para a economia do estado. A empresa, que tem como principal acionista o Governo paranaense, não tem mais condições de manter a operação. O sucateamento é generalizado e a expectativa de investimento estatal é praticamente nula. A Ferroeste está, definitivamente, fora dos trilhos.

Além da falta de recurso, o histórico da empresa demonstra total inaptidão do Estado para tocar o negócio. Foram 12 anos de prejuízo (no acumulado, são R$115 milhões de déficit). Os equipamentos estão ultrapassados e não conseguem atender à demanda. Hoje, a Ferroeste opera com apenas 20% da sua capacidade.

O trecho é relativamente curto: 248 quilômetros de trilhos que levam a produção de Cascavel à Guarapuava. Porém, está estrategicamente posicionado em um dos principais corredores do agronegócio brasileiro, podendo ligar a produção do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e até mesmo do Paraguai, ao Oceano Atlântico. Propósito da “nova Ferroeste” que ainda não chegou nem ao projeto de viabilidade. O objetivo é construir uma estrada que vai ligar Dourados – MT à Paranaguá.

As cargas hoje são basicamente de grãos, mas há potencial para produtos industrializados e toda a produção animal que está basicamente concentrada nessa região. A grande questão agora é qual é a melhor forma de fazer o processo. Uma das grandes discussões do setor férreo é o direito de passagem, que é a liberação para que outras empresas percorram o trecho administrado pela detentora da concessão. Essa liberação colabora na concorrência do setor e na diminuição dos valores de transporte, algo urgente no Brasil. Sem esse direito de passagem, as linhas se tornam ilhas férreas, dependentes de negociações caras para terem acesso ou aos produtores ou aos Portos.

A privatização da Ferroeste é uma oportunidade para alinhar essa questão com os investidores interessados. Hoje, as cargas vindas do Oeste dependem da autorização e negociação com a concessionária Rumo, que detém a concessão do restante dos trilhos que chegam à Paranaguá. O contrário também é verdadeiro, a Rumo precisa da Ferroeste para pegar as cargas na origem. Depois de inúmeras brigas jurídicas, recentemente, as duas operadoras entraram em acordo. A cooperação já trouxe bons resultados para ambas.

Mas a grande questão é que o Estado tem urgência por investimentos em infraestrutura. Esse é o maior entrave econômico atual. Somos uma potência agropecuária que não consegue entregar sua produção com a mesma eficiência que a produz. Tomar decisões estratégicas que tragam investimento para o Estado, é, sem dúvida, uma decisão acertada.

Lucas Lautert Dezordi, é doutor em Economia, sócio da Valuup Consultoria, economista-chefe da Trivèlla M3 Investimentos e professor da Universidade Positivo.

Esse texto foi publicado originalmente na Gazeta do Povo. Confira.

O que é Teaser no processo de Fusão e Aquisição

Como o documento de prospecção colabora na venda da empresa

Depois de tomada a decisão de venda da empresa é o momento de iniciar a busca por um comprador qualificado. Diferente de uma prospecção simples, a oferta de um negócio, precisa de um processo profissional e técnico.

Para iniciar essa jornada, a contratação de uma consultoria especializada, é fundamental para a elaboração dos documentos que embasam e dão sustentação para a negociação. O material que dá início à oferta da empresa no mercado é o Teaser de apresentação, e, é sobre as características desse documento que falaremos nesse artigo.

Algumas fases antecedem a elaboração do Teaser, o conteúdo desse material é o resumo de uma série de informações sobre a empresa que precisam ser consolidadas anteriormente. Abordamos esse tema no artigo: Como preparar sua empresa para venda. Além da preparação da empresa, também é preciso aplicar o Valuation, que também falamos neste artigo.

Com essas informações em mãos é a hora de organizá-las em um documento que valorize a empresa e ao mesmo tempo não exponha o negócio a ponto de transformar a venda em um leilão. Por isso a elaboração do Teaser é tão importante e estratégica.

As informações para o Teaser:

1 – Setor de atividade: Qual o setor de atuação da empresa? Neste ponto se explora o cenário competitivo em que a empresa atua.

2 – Descrição do negócio: O que a empresa oferece ao mercado? Evidenciar as capacidades da empresa e descrever o tipo de produto ou serviço que é ofertado aos clientes.

3 – Localização: Onde está o negócio? Neste ponto se coloca a região, sem expor endereço específico.

4 – Financeiro: Qual o perfil financeiro da empresa? Esta é uma das sessões mais delicadas e importantes do Teaser. De um lado não se pode expor a empresa, do outro é preciso atrair os compradores certos. É preciso classificar em pequena, média ou grande empresa para atrair os parceiros adequados ao negócio. Apresentar métricas financeiras também ajuda a dar a dimensão do negócio.

5 – Atração de investimento: Qual o diferencial? Nesta fase se diz por que o investidor deve considerar a compra desse negócio. Quais os diferenciais da empresa. Algumas informações técnicas podem servir de argumento, como: receitas recorrentes, base de clientes, tecnologia, patentes. Mas a decisão em divulgar essas informações no Teaser precisa ser analisada caso a caso.

6 – Tipo de transação – O que a empresa está oferecendo? O investido precisa saber se a empresa está sendo vendida em 100%. Se são quotas, se está propondo fusão de empresas.

7 – Informação de assessoria – Como prosseguir a negociação? No Teaser se especifica a empresa que está assessorando o processo de venda para contato dos interessados no investimento.

Esse é só o primeiro passo, falamos sobre toda a jornada de venda de uma empresa neste Artigo.

A presença de uma empresa especializada na oferta de um investimento é fundamental para o sucesso do negócio. A mediação traz transparência, profissionalismo e credibilidade para a transação.

A Valuup Consultoria é especializada em processo de Fusão e Aquisição e tem profissionais com ampla experiência na interlocução entre vendedores e compradores. Estamos à disposição para projetos dessa natureza com empresas que desejam comprar ou vender empresas de forma profissional.

Fusão e Aquisição – 7 fases do processo

O termo Fusão e Aquisição, ou M&A (Mergers and Acquisitions), em inglês, é o processo de compra, venda ou fusão entre empresas. Essa é uma tomada de decisão estratégica que vem acompanhada de uma série de etapas que precisam ser estudadas e baseada na realidade.

Neste artigo, vamos falar sobre o passo-a-passo para que a Fusão ou Aquisição aconteça de forma transparente e consciente para os dois lados da negociação. Quem vende deve garantir a segurança dos seus bens e segredos empresariais. Quem compra busca diminuir os riscos de fazer um mau negócio.

Esse processo, na maioria das vezes, acontece como uma estratégia de mercado. Há inúmeras razões para que uma empresa se interesse em comprar ou unir forças com outro CNPJ, mas o que vamos discutir aqui é como se dá esse processo e o que precisa ser feito em cada fase.

1 – Análise

Esse momento é configurado pela busca, o vendedor vai atrás de um potencial comprador ou o comprador analisa a possibilidade de contato com o vendedor. Essa fase é que dá origem a todo o processo, por isso, não deve ser feito de forma amadora.

É preciso elaborar um documento chamado Teaser que será utilizado para divulgar a oportunidade de investimento. O material resume as informações e preserva a identidade da empresa.

Quando há interesse em saber mais sobre o negócio, a empresa interessada deve formalizar uma carta de intensão (Letter of intente – LOI), em que demonstra o desejo de seguir para os próximos passos.

Em seguida, outro documento é essencial, o acordo de confidencialidade (Non Disclosure act – NDA). Esse documento garante que as informações sigilosas da empresa não sejam divulgadas pelo potencial comprador.

Esses documentos são essenciais para uma trajetória profissional e transparente no processo de Fusão e Aquisição.

2 – Preparação

Depois que o NDA é assinado se inicia as negociações propriamente ditas. O próximo passo e a realização de um Valuation, aprofundamos esse assunto neste artigo.

Com o acordo no valor do negócio para as duas partes ainda existe uma série de procedimentos que garantem o sucesso da negociação. É o caso do Due Diligence, que também falamos mais neste artigo.

Quando as etapas anteriores são superadas é o momento de formalizar o processo até a presente instância. Se trata de um memorando de entendimentos (Memorandum of undertanding – MoU). O objetivo é fixar os pontos já entendidos e os prazos para as duas partes.

3 – Contrato

Quando todas as questões anteriores são resolvidas e acordadas se inicia a elaboração do contrato definitivo.

Este é o principal documento da negociação e deve contemplar todos os direitos e deveres das duas partes.

4 – Acordos societários

Quando a compra não é de 100% da empresa é necessário que se faça uma reorganização societária. Por isso ela pode ser considerada uma etapa do processo de fusão e aquisição.

Entre as questões a serem debatidas nessa fase estão: como será feita a eleição dos administradores; as deliberações da companhia; dividendos; transferências de participações societárias; retirada; exclusão, entre outros fatores.

Esse processo acontece para que as regras sejam claras para todos os envolvidos.

5 – CADE

No caso de fusões e aquisições de grandes empresas o processo precisa ser submetido ao CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Nesta fase é analisado se não há atos de concentração econômica e com isso a formação de monopólio.

Pela Lei 12.529, existem dois critérios que impõem a consulta:

1 – O faturamento anual do último balanço ultrapassar R$ 400 milhões de reais por um dos grupos envolvidos.

2 – O outro envolvido ultrapassar o faturamento anual de R$ 30 milhões.

6 – Fechamento

O fechamento (closing) do negócio se dá na assinatura do contrato. Quando se cumpre todo o processo estabelecido no início da negociação.

Neste momento além do contrato de compra e venda assinado pelas duas partes ainda é necessário:

  • Os atuais administradores assinam um documento renunciando o negócio, ou parte dele.
  • Envio das certidões negativas da marca
  • Documento de fechamento de preço
  • As novas participações acionárias são apontadas nos livros de registros
  • É feito o pagamento na forma acordada no contrato.

7 – Pós Fechamento

Depois de todo o processo finalizado é preciso formalizar algumas questões:

Alteração no CNPJ, INSS e FGTS

Entrega do PPA – entenda o processo neste artigo.

Conclusão

A trajetória de uma Fusão e Aquisição pode ser longa e complexa, por isso as organizações contam com colaboração de empresas especializadas na gestão desse processo. A Valuup tem profissionais capacitados e com ampla experiência em M&A que estão à disposição de empresas que desejam transparência e segurança na saída ou investimento em novos negócios.

Como preparar a empresa para ser vendida

Os 9 pontos que irão ajudar a valorizar sua empresa e que começam muito antes de colocá-la à venda.

Preparação e planejamento são conceitos importantes na hora de colocar uma empresa à venda. Para evitar a depreciação do negócio o processo se inicia muito antes da oferta da empresa.

A expressão “arrumar a casa” não significa maquiar informações ou apresentar realidade fictícias e sim dar máxima transparência ao processo e organizar todas informações que serão solicitadas pelo novo investidor.

De um lado quem compra quer saber o que está comprando, quem vende precisa estar preparado para responder as perguntas de forma clara e objetiva e com isso valorizar o seu negócio. Quanto mais transparente e com volume consistente de informação, mais valor se atribui à empresa.

Por que vender?

Essa informação precisa estar muito clara para quem vende. Como se trata de uma decisão estratégica, ter a consciência dos motivos, ajuda a identificar e prevenir impulsos e decisões emocionais na hora de fechar negócio. Além disso, será uma das primeiras perguntas dos potenciais compradores.

Essa resposta precisa ser sincera, sem a consciência desse motivo é possível que o vendedor cometa erros caros e não faça uma saída bem-sucedida.

Definido o motivo da venda é preciso entender a estratégia de venda e saber as implicações da condição da venda. Em alguns casos a prioridade é valor, em outros é tempo e até mesmo a continuação da empresa.

Preparação

Essa fase irá dar sustentação para toda a negociação. É nesse momento que se passa um pente fino em todos os documentos da empresa e nos processos estabelecidos na organização.

1 – Contratos

Analisar e revisar todos os contratos de grande impacto para o negócio é essencial, seja com fornecedores, distribuidores, consultorias, locação, empréstimos, etc. Entenda em que condições eles estão com relação a cumprimento e prazos. Tenha essas informações de forma organizada e clara para apresentar ao comprador.

2 – Financeiro

Nesta fase é preciso preparar os demonstrativos financeiros dos últimos cinco anos, além do balanço patrimonial. É importante que esses relatórios sejam os mais completos e reais possível.

E isso precisa ser feito muito antes do momento da venda, precisa ser uma prática constante da empresa. Não se pode maquiar informações. Por isso é tão importante que uma empresa mantenha suas informações financeiras consistentes e organizadas, essa prática irá valorizar o negócio no momento da venda.

O comprador irá comparar as informações oficiais de balanço com a realidade da empresa, normalmente com a averiguação do Due Diligence, falamos mais sobre essa ferramenta neste artigo.

3 – Planilhas de controles gerenciais

É importante demostrar como funciona as entradas e saídas da empresa. Apresentar os orçamentos planejados e os realizados. Mais uma vez, essa tarefa precisa ter sido feita no decorrer da atuação e história da empresa, evidenciando a importância desses controles como cultura de organização.

4 – Licenças, alvarás e seguros

Esses documentos constitutivos da empresa são básicos e precisam estar em dia e à mão para quando o comprador solicitar. É importante que sejam revisados no momento de preparação de venda.

5 – Clientes

Explore ao máximo as informações de quem é, onde está e como se comporta o público que compra seu produto ou serviço. Prepare uma lista com seus principais clientes e contratos já assinados nesse sentido. Forneça dados históricos sobre eles com o comportamento de compra e de pagamento.

6 – RH

Faça um dossiê com o organograma da empresa e a lista de empregados com as datas de admissão e salários.

7 – Produtos ou Serviços

É importante ter um documento com a descrição do produto ou serviço ofertado pela empresa. Neste descritivo deve conter todas as informações inerentes ao produto, incluído os insumos necessários para a produção, a tecnologia envolvida e a lista dos preços de custo e venda.

8 – Patentes/tecnologias/propriedade intelectual

Se a empresa desenvolveu alguma tecnologia, se tem patente de algum produto ou processo ou se é detentora de alguma propriedade intelectual é muito importante que esses direitos estejam assegurados de forma legal.

9 – Valor

Depois de reunir essas informações é possível estabelecer o valor da empresa para colocá-la no mercado. É possível que o vendedor tenha um valor em mente, mas é preciso submeter o negócio a uma avaliação profissional, isso se dá no Valuation, saiba mais sobre essa ferramenta neste artigo.

Esses são alguns pontos que merecem atenção depois da tomada de decisão de vender uma empresa. Há muitos outros aspectos que precisam ser olhados, mas com esse roteiro já se tem um bom começo. É importante se ter uma assessoria profissional para guiar essa jornada de forma transparente e segura. A Valuup tem profissionais com ampla experiência em processo de Fusão e Aquisição e estão à disposição de empresas que desejam realizar bons negócios.

Como o Due Diligence colabora na Fusão e Aquisição de empresas

Saber o que está comprando, essa é a principal função do Due Diligence no processo de Fusão e Aquisição.

Comprar e vender uma empresa envolve riscos para todas as partes, mas há como lançar mão de ferramentas que minimizam os erros e trazem mais clareza para a negociação. O objetivo é entender quais obrigações se assumem com a compra ou fusão da firma.

Nesta fase, se faz a auditoria nas áreas contábeis, tributárias, técnica, comercial, trabalhista e jurídica. O resultado desse estudo trará uma visão ampliada do negócio.

Um comprador deseja saber qual é a extensão dos passivos, se há ou não contratos problemáticos firmados pela empresa-alvo. Há riscos de litígios? Existem questões de propriedade intelectual envolvida? São perguntas que serão respondidas pelo Due Diligence.

Muitos aspectos são analisados, vamos listar alguns dos principais pontos de observação.

1 – Questões financeiras

Como está a saúde financeira da empresa? Essa será uma das primeiras perguntas as serem respondidas. Será essencial ter acesso aos últimos balanços para com eles se fazer a projeção de desempenho futuro.

No Due Diligence se busca saber se as demonstrações financeiras são auditadas, se sim, conta como aspecto positivo no processo. Procura-se saber se as informações trazem todos os passivos da empresa. As margens estão em curva ascendente ou descendente? As projeções de entradas e saídas estão se cumprindo?

Outro aspecto avaliado é a condição e a necessidade de capital de giro para o negócio. Com essas informações também é feita a projeção de quanto de investimento será necessário.

Se confronta as informações de ativos e passivos, dívidas, contas a pagar e a receber.

2 – Tecnologia/propriedade intelectual

Neste aspecto o comprador deseja ter informações sobre a tecnologia e a propriedade intelectual da empresa. Se há patentes, se a empresa tomou as precauções para proteção de sua tecnologia e suas informações confidenciais. Isso inclui acordos de confidencialidade com funcionários e consultores.

3 – Comercial

Saber quem compra os produtos ou serviços. Qual é a base de clientes, como eles se comportam quanto a reincidência, pagamentos etc. Quais são os termos e políticas de venda estabelecidas. Qual é a política de compensação para a área comercial? Existe sazonalidade de vendas?

O comprador também investiga se terá problema na manutenção desses clientes com a mudança societária.

4 – Contratos

Uma das áreas mais complexas para análise. Quais são os contratos firmados pela empresa e quais os riscos que eles podem apresentar? Há garantias, empréstimos, contratos de crédito? Qual é a proporção desses acordos e como eles podem impactar o negócio.

5 – Recursos Humanos

Além de saber como está a empresa o comprador faz uma pesquisa de quem é a empresa, ou seja, as pessoas que compõem o quadro de funcionários. Desde a alta gestão até a base da produção. Ele analisará o organograma e as informações biográficas. Também há interesse em passivos trabalhistas. Formas de contratos de trabalhos, salários, benefícios e planos de carreira.

6 – Tributário

Entender o regime fiscal da empresa e saber e todas as obrigações estão em dia. Nesta fase se analisa as receitas de rendimentos federias, estaduais e locais.

7 – Propriedade

Revisão de todos os bens da empresa. O que inclui imóveis, terrenos, maquinários, carros, softwares, hardwares e tudo que é necessário para a existência da empresa.

Artigo Gazeta do Povo: A infraestrutura que não chega ao esgoto

O acesso da população aos serviços de saneamento básico está diretamente relacionado aos indicadores de desenvolvimento humano. Economias maduras necessariamente apresentam índices satisfatórios e de referência internacional. É conhecido que a melhora de indicadores de saúde, tais como expectativa de vida, taxa de mortalidade infantil e doenças epidêmicas de origem hídrica são obtidos a partir da universalização dos serviços de água e esgoto. O Brasil está muito longe dessa realidade.

Segundo a ABCON e o SINDCON, no Panorama da Participação Privada no Saneamento no Brasil 2019, ocupamos a 105ª posição em um ranking mundial em termos de acesso a esses serviços. Estamos atrás de países como China, África do Sul, Jordânia, México, Chile e Peru. Para avançar, deveríamos investir pelo menos 20 bilhões de reais por ano em saneamento. Atualmente, investimos apenas 50% desse recurso.

Para mudar esse cenário, é preciso encontrar caminhos que ampliem os investimentos, que leve condições básicas de saúde à população a um preço justo. Essa mudança impactará diretamente na economia do país. Mas, com a estrutura institucional e jurídica atual, não conseguiremos mudar essa realidade.

Estados e União não têm recursos para ampliar os investimentos. Mudanças estruturais são essenciais. A medida provisória que atualiza o Marco Regulatório do Saneamento Básico (MP 868/2018) acaba de caducar e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou proposta com mesmo conteúdo. Ela representa um instrumento jurídico que certamente poderá melhorar o acesso de grande parte da população à rede de esgoto e água potável. A mudança possibilita a regulamentação de projetos de concessão e de parcerias público-privadas para a execução de obras de infraestrutura voltadas ao saneamento básico.

Outra questão importante nesse processo é a falta de concorrência e de clareza na obrigatoriedade de investimentos. Atualmente, a escolha é feita sem necessidade de licitação. Um novo marco regulatório pode intervir diretamente na redução dos preços e no volume de investimentos estruturais. Mas, sem essa mudança, continuaremos observando um quadro dramático do setor.

O economista Douglass North, Nobel em Economia em 1993, defendeu que o principal papel das instituições inclusivas em uma sociedade é de reduzir a incerteza, ao estabelecer uma estrutura estável para a interação humana e investimentos de longo prazo. North argumenta que mudanças institucionais que incentivam os monopólios, restringem as oportunidades de negócios e ampliam a concentração de poder na mão de poucos, levando à ineficiência econômica e queda na produtividade. Realidade típica de países subdesenvolvidos.

O ponto central, o qual defendo, consiste na necessidade de buscar uma nova interação entre organizações público-privadas e instituições políticas para modernizar o marco legal do saneamento básico no Brasil. Apenas 6% dos municípios brasileiros contam com parceria da iniciativa privada, em um ambiente de incerteza. Garantir a segurança jurídica necessária para gerar novas oportunidades de investimentos público-privados, além de promover uniformidade regulatória e eficiência na prestação dos serviços tornam-se vitais para o desenvolvimento do setor.

*Lucas Lautert Dezordi, é doutor em Economia, sócio da Valuup Consultoria, economista-chefe da Trivèlla M3 Investimentos e professor da Universidade Positivo.

Esse artigo foi publicado originalmente no site da Gazeta do Povo.

 

5 momentos para se fazer um Valuation

Quando a análise do valor da empresa (Valuation) colabora na assertividade da tomada de decisão.

A avaliação do valor de uma empresa (Valuation) é um processo determinante na gestão. Saber quanto vale o negócio e qual a posição no mercado pode determinar o futuro da empresa.

Abordamos o que é um Valuation neste artigo. Mas é preciso entender que a metodologia diz respeito a uma estimativa futura, por tanto não se trata de uma ciência exata. Há várias formas de se calcular o valor, a mais comum é o fluxo de caixa descontado.

A estratégia de definição de valor é utilizada em muitas situações, aqui vamos falar sobre cinco momentos em que o Valuation se torna uma ferramenta determinante.

  1. Compra ou venda de cotas
  2. Solução de conflitos societários
  3. Precificação de ações
  4. Captação de recursos
  5. Valorização de cotas de fundos

Compra ou venda de Cotas

Quando se compra, vende ou ainda há a fusão entre empresas é essencial que se saiba o valor justo da negociação. Nessas transações é determinante que se balize os valores de compra e venda ou de cotas entre sócios com um Valuation.

Nestes casos, não há espaço para achismos, por isso é preciso muita cautela e profissionalismo na hora do cálculo.

Por isso as aplicações mais comuns dessa ferramenta são nas fusões e aquisições. Nesse processo não há como se abster dessa análise.

Solução de conflitos societários

Quando um dos sócios decide sair da sociedade precisa ter o valor real da sua cota no negócio. O Valuation determina quanto vale o percentual de cada sócio no momento da saída e dissolução daquele cenário societário.

Quando não há entendimento entre as partes é comum que o Valuation seja aplicado pelas partes para que se faça o comparativo de valores.

Destacamos que a avaliação de valor da empresa não é uma ciência exata, há algumas variáveis sobre a expectativa de valor futuro que pode ser entendida de formas diferentes. Por isso quanto mais detalhado e quanto mais fatores forem levados em consideração, mais próximo se estará da realização do valor estipulado pela ferramenta.

Neste caso a Valuation é utilizado nos processos judiciais e extrajudiciais.

Precificação de ações

O Valuation das empresas de capital aberto determina o valor de cada ação emitida, que somadas devem resultar no valor total da empresa.

Por isso, a precisão de um bom Valuation impactam diretamente no mercado de ações. Quanto mais informações se tem da empresa e mais amplo for o olhar sobre o mercado, mais próximo se estará da realidade.

Captação de Recurso

Neste caso o Valuation busca a estrutura ótima de capital, isto é, quanto de dinheiro a empresa pode, ou deve, tomar emprestado e manter a saúde financeira.

Ao contrário do que muitos pensam, existem dívidas boas. Quando ela é planejada e baseada em um Valuation consistente, o dinheiro de terceiros colabora diretamente para o crescimento do negócio.

Em alguns casos, dívidas estratégicas e fundamentadas podem, inclusive, aumentar o valor da empresa.

Valorização de cotas de fundos

Fundos regulamentados pela CVM (FII, FDIC, FIP) devem prestar contas regularmente aos seus cotistas, bem como às instituições reguladoras.

O Valuation é utilizado para determinar os fluxos dos investimentos desses fundos e a marcação das cotas a valor de mercado.

Qual é o seu momento?

A Valuup está à disposição para qualquer um desses cenários. Vamos estudar e entender qual é melhor estratégia para agregar valor à sua empresa.

Oferta de crédito: o problema não será dinheiro

Aumentam as linhas de crédito para MPMEs em bancos públicos e privados.

O início, mesmo que lento, da retomada da economia já dá sinais positivos. Há mais opções de crédito no mercado para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME). Nicho importante para girar a engrenagem econômica do país.

Os bancos apostam em soluções digitais, buscam desburocratizar os processos e agilizar a tomada de crédito das empresas. Em matéria publicada no Valor Econômico, os Bancos Santander, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e BNDES, falaram de suas estratégias de atuação e expansão nessa fatia de mercado.

  • O Santander, que pretende dobrar a carteira de clientes nessa categoria, vai investir em suporte técnico financeiro, de gestão, tributário e operacional. Serão 1,3 mil eventos espalhados pelo país para chegar até o empreendedor. Eles pretendem passar de 250 mil para 500 mil empresas atendidas.
  • O Banco do Brasil prevê um aumento de 10% em sua carteira de MPE. A estratégia será colocar todo o portfólio de produtos no ambiente digital. Além disso pretende especializar o atendimento para esse segmento, existe a previsão de expansão de agências exclusivas para atendimento das MPE.
  • O Itaú também optou em investir em digital para melhorar os resultados. As empresas que faturam de R$ 1 milhão a R$ 30 milhões têm gerentes exclusivos que vão até o cliente e fecham negócios em tablets. Sem papéis, assinaturas físicas e necessidade de ir ao banco. Essa estratégia, já implantada em 2018, gerou aumento de 20% na tomada de crédito dos clientes.
  • No BNDES atua com parceiros e tem colocado foco na agilidade dos processos. Segundo a matéria, as transações como o Finame, que demoravam de três a quatro dias, agora são aprovadas em segundos.
  • O Brasdesco é hoje o maior repassador do BNDES, o crescimento de 2018, comparado com 2017, foi de 10% de crédito para MPMEs. No primeiro trimestre de 2019 a carteira já avançou 23%, comparada com 2018.

A boa notícia é que o crédito estará disponível em várias vias, restará um bom planejamento e estudos técnicos para entender as necessidades específicas. A tomada de crédito consciente passa por entender qual é a melhor opção para cada tipo de negócio e se a injeção de dinheiro agregará valor à empresa, que é o principal objetivo.