Performance Econômica das Empresas da Construção Civil

Por: Fabio Furman e Luis Gustavo Budzuak

Observamos uma queda acentuada na venda de imóveis novos em todo o país. Somente na cidade de São Paulo a queda foi de 48% entre janeiro e agosto de 2015 se comparado com igual período de 2014, segundo o SECOVI (Sindicado da Habitação e Condomínio). Cabe perguntar como está a performance econômica das empresas da construção civil diante deste cenário de desaceleração e como seu resultado econômico foi impactado.

 

Para entender esse impacto, analisamos 17 empresas do setor da construção civil a partir de sua demonstração de resultado. Selecionamos os seguintes indicadores de performance econômica: EBIT (Earnings Before Interest and Taxes), índice que mede o resultado antes dos encargos financeiros e dos impostos; Margem Bruta, índice utilizado para medir o resultado bruto em relação à receita líquida; e, Margem líquida esse índice mede o percentual de lucro líquido sobre a receita líquida. Calculamos esses indicadores para os anos de 2010 a 2015, tendo como data de referência 30 de junho de cada ano.

As empresas escolhidas para nosso estudo foram: Helbor; Mills; PDG; CR2; João Fortes; Rossi; Viver; Direcional; Even; Eztec; Rodobensimb; Tecnisa; MRV; Cyrela; Gafisa; Trisul e Jhsf. Essas empresas foram escolhidas por terem seus dados econômicos e financeiros históricos disponíveis ao mercado (utilizamos o site Fundamentus).

Durante os cálculos observou-se que as empresas: CR2, João Fortes e Viver, apresentavam comportamento diferente das demais, com quedas muito bruscas em seus índices a partir do ano de 2012, como esse comportamento particular poderia distorcer a análise, as mesmas foram excluídas das análises (outliers).

Analisando o EBIT, observamos a empresa EZTec com o maior índice, 48,90%, em 2015, e o pior EBIT foi da PDG em 2012, -38,42%. Na Margem Líquida o melhor índice foi da EZTec, 58,83%, em 2015, e a pior foi da PDG, -42,45%, em 2012. No que diz respeito a margem bruta o melhor índice é o da Mills, 58,79%, em 2013, já o pior é da PDG, -19,35%, em 2012.

EVOLUÇÃO MÉDIA DOS ÍNDICES ANALISADOS

Foi também calculado a média para os três índices acima citados, no cálculo da média foram excluídas as empresas: CR2, João Fortes e Viver, pelo fato das mesmas provocarem grandes distorções em relação ao cálculo das médias.

O EBIT médio do setor de construção civil era de 22,3% em 2011, e atingiu 12,7% em 2012, retomando à 18,5% em 2014 e caindo à 11,1% em 2015, menor valor para o período analisado. Já em relação à Margem Bruta, em 2010, o índice era de 34,5%, reduzindo para 28,7% em 2012 e subindo para 33,2% em 2014 e finalmente 30,2% em 2015. E a Margem Líquida foi de 17,0%, em 2010, em 2012 foi de 8,7% e subiu em 2014 para13,1% caindo novamente em 2015 para 4,2%.

Observa-se no gráfico que, na média, há uma queda dos índices, EBIT, Margem líquida e Margem bruta, entre os anos de 2010 e 2012. Já em um segundo momento, no período 2012-2014 observa-se uma recuperação dos índices, retomando à patamares de 2010. Porém de 2014 a 2015 há uma queda brusca na média dos índices, EBIT e Margem líquida e uma queda menor na Margem Bruta.

 

Conclusão

 

Fazendo uma análise do setor a partir da média das empresas estudadas constatamos uma forte relação entre os três índices, uma vez que eles seguem tendências semelhantes.

A Margem Bruta foi o índice que sofreu o menor impacto no período recente, mantendo-se com patamar de 30% em 2015, superior ao ano de 2012.

Com relação ao EBIT, constatamos que há uma queda acelerada em 2015, chegando a 11,1%, metade do valor de 2010. Demonstrando que as empresas da construção civil não foram eficientes em cortar despesas operacionais no período.

Já a Margem líquida foi a que sofreu o maior impacto. Alcançando 4,2% em 2015, ou seja, menos do que a quarta parte do valor de 2010, que foi de 17,0%. Os juros e despesas financeiras, assim como os impostos, impactaram significativamente no resultado econômico das empresas da construção civil.

Constatamos que os índices de 30/06/2015 são os piores dos últimos cinco anos. Também se observou que o impacto é substancialmente maior na Margem líquida, seguida do EBIT e menos sensível à Margem bruta. O que representa que estas empresas apresentam menor eficiência nas suas despesas operacionais e na conta de juros.

Por: Fabio Furman e Luis Gustavo Budzuak

A alta do dólar e expectativas para a economia brasileira

Lucas Lautert Dezordi
Doutor em Economia e Sócio da Valuup Consultoria.

O mês de setembro foi marcado pelo rompimento da barreira de R$ 4,00 o preço do dólar. A última vez que a moeda estrangeira tinha registrado um valor tão elevado tinha sido no período 2002/03, durante a campanha eleitoral presidencial e a vitória do governo Lula para a Presidência. No primeiro mandato de Lula, os mercados foram estabilizados a partir de um forte ajuste fiscal, via superávit primário de 4,25% do PIB. Esses esforços em conjunto a uma política monetária contracionista conseguiram estabilizar a inflação e colocar novamente a economia brasileira em uma trajetória de crescimento sustentável, baseada na expansão do mercado doméstico.

Mas agora, o que podemos esperar de nossa economia?

 

alta-dolar-valuupNossa situação é muito mais delicada em virtude da forte instabilidade política, provocada pelas relações muitos conflituosas entre o Executivo (governo do PT) e o Legislativo (liderados pelo PMDB). Para ilustrar como esse ambiente hostil vem afetando a economia brasileira, desenvolvemos uma simples figura, destacando as inter-relações entre a política, o orçamento e os mercados.

tabela

Com a forte instabilidade política observada na esfera Federal, o Executivo não consegue aprovar medidas de redução do déficit público e sofre com as pautas-bombas apresentadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. É importante registrar que o orçamento público brasileiro está em frangalhos. Refrescando alguns números, temos que até 2013, o Brasil operava com um déficit público/PIB na ordem de 3,5%; em 2014 esse valor passou para 6,7%; e em 2015 estamos operando com um déficit na ordem de 7% do PIB. No dia 31 de agosto de 2015, quando o Executivo enviou ao Congresso um projeto de Lei Orçamentária para 2016 com uma projeção de déficit público de 8%, o mercado financeiro reagiu abruptamente: queda da nota de Investimento da S&P (aumento do risco país) e fortíssima pressão sobre o mercado de divisas.

O impacto imediato de um dólar mais forte e ultrapassando com folga a barreira dos R$4,00 é uma deterioração das expectativas inflacionárias. Uma economia com forte pressão inflacionária irá exigir o aumento nas taxas de juros de mercado (DI futuro), jogando a economia em uma severa recessão econômica. Infelizmente, estamos vivenciando uma situação de grande desequilíbrio orçamentário, com dominância fiscal. O pior de tudo é que os aumentos dos juros a partir desse estágio terão pouco ou nenhuma influência sobre a dinâmica inflacionária, a qual ganhou força e combustível oriundo do desequilíbrio fiscal. Essa situação é insustentável e perversa. Caso o setor público torne-se mais complacente com o déficit público/PIB crescente iremos ver no Brasil um colapso no mercado de crédito e uma recessão muito mais profunda, similar a observada nos países europeus durante a crise financeira internacional.

Neste sentido, torna-se fundamental o reestabelecimento das forças políticas do Executivo e Congresso para trabalharem em conjunto com o intuito de estabilizarem e reduzirem o déficit público cíclico o mais rápido possível. Não há mais tempo para brincar de política econômica, tornando-se um líder político irresponsável. O mercado não vai perdoar!

Sustentabilidade e empresas: como estas duas questões conversam!

Recentemente fizemos um estudo para investigar se as empresas que se dizem sustentáveis, de fato mantém os investimentos em sustentabilidade mesmo quando seus indicadores econômico e financeiros não vão muito bem. Descobrimos que a sustentabilidade das empresas é algo mais discursivo do que uma preocupação real com as gerações futuras.

sustentabilidade

Há uma grande discussão em torno do tema sustentabilidade. A preocupação surgiu na década de 1970, e tomou força na década de 1990. A partir do início deste século as empresas passaram a empregar o termo sustentabilidade para quase tudo o que fazem. Tornando-se um jargão no mundo dos negócios, um discurso. Esta comunicação, ou discurso, foi feita através da mídia e da divulgação dos valores das empresas (missão e visão das empresas) de modo a legitimar a ação destas na sociedade.

Do ponto de vista teórico existe um grande embate acerca do tema sustentabilidade. A grande pergunta é: como é possível crescer economicamente sem que haja impacto sobre as questões sociais e ambientais, ou seja, como podemos produzir tantos produtos para sociedade sem que isso prejudique a sustentabilidade do planeta?

Acabou-se por convencionar que o conceito  mais aceito é do triple botton line. Este conceito argumenta que uma ação é sustentável quando ela se preocupa com três aspectos: a sustentabilidade econômica, a sustentabilidade social e a sustentabilidade ambiental.

Analisamos 15 empresas brasileiras de grande porte que se declaram sustentáveis através de seu discurso como sociedade, neste caso analisamos o discurso através da presença da palavra “sustentabilidade” ou sinônimos na missão, visão e valores das empresas. Do outro lado analisamos os relatórios de sustentabilidade produzidos por essas empresas através do modelo GRI (Global Reporting Initiative), onde podemos constatar a evolução dos investimentos dessas empresas em ações sociais e ambientais, por meio de 52 indicadores obrigatórios existentes. Analisamos a evolução dessas empresas no período de 2009 a 2012, sempre comparando a evolução social e ambiental com a evolução econômica e financeira. Nós evidenciamos a performance financeira das empresas através de cinco indicadores que são considerados importantes pelo mercado de capitais: receita líquida, lucro líquido, o lucro operacional (EBITDA), o retorno sobre os ativos (ROA) e retorno sobre o patrimônio (ROE).

Na tabela abaixo apresentamos as empresas analisadas e a performance sustentável em comparação com a performance econômico-financeira, em ordem alfabética.

TABELA 1    NÚMERO DE INDICADORES SUSTENTÁVEL COM CRESCIMENTO ACIMA DA PERFORMANCE ECONÔMICA-FINANCEIRA

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A média de indicadores de sustentabilidade com crescimento acima do crescimento financeiro das empresas foi de: 10,5% para a Receita líquida; 16,7% para o Lucro líquido; 16,8% em relação ao EBITDA; 16,3% para o ROA; e, 16,6% quando analisado o ROE. Com isso confirmamos que as empresas que se declaram sustentáveis não apresentam uma performance sustentável (investimento em sustentabilidade) superior à performance econômico-financeira. O emprego da palavra “sustentabilidade” pela empresa em sua estratégia está mais ligada a um propósito discursivo da organização do que uma preocupação real.

Individualmente as empresa que apresentaram melhor desempenho sustentável foi, pela ordem: Light, EDP Energias e Petrobras.

Parece que usar o termo “sustentabilidade” no discurso com a sociedade é algo relativamente fácil, afim de contas inserir algumas palavras deste tipo na comunicação da empresa não é nada complicado. Porém manter investimentos sociais e ambientais em linha com o crescimento da receita, lucro ou do retorno econômico-financeira é algo ainda muito difícil para as empresas.

Sócio da Valuup consultoria fala sobre economia de energia elétrica

O Sócio da Valuup Consultoria, Dr. Lucas Dezordi, participou no dia 04/08/15 de uma reportagem da equipe de jornalismo da RPC sobre como mudanças de hábitos podem ajudar a reduzir consumo de energia elétrica.

Doutor e mestre em Desenvolvimento Econômico (UFPR) e graduado em Ciências Econômicas (UFPR). É professor titular e coordenador do Curso de Economia da Universidade Positivo. Foi professor da FAE Business School e da UFPR nas disciplinas de macroeconomia, economia monetária e econometria. Foi professor convidado na Faculdade Fachhochschule Münster – Alemanha. Publicou diversos livros e artigos. Tem 17 anos de experiência como consultor de diversas empresas, institutos e associações, como: Sinduscon-PR e Sindicombustível-PR. Foi economista-sênior do projeto Plano de Desenvolvimento Econômico de Curitiba do IPPUC e ISAE/FGV. É conselheiro fiscal do Instituto Life e conselheiro do CORECON- PR.

 

Link do vídeo:

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/edicoes/v/mudanca-de-habitos-em-casa-pode-ajudar-a-reduzir-consumo-de-energia-eletrica/4368545/

O atual processo inflacionário e a dinâmica da indústria nacional

Na análise microeconômica sobre a teoria dos preços, observamos que as empresas capitalistas buscam equilibrar as relações entre produtividade, salários, custos e mark-up com o foco de obter os melhores resultados operacionais. Em termos teóricos, a maximização dos seus lucros ocorre pela condição:

P(1+z)=w/PMgL                 (1)

A equação (1) é formada por:

P = Preço de mercado, líquido de imposto indireto;
z = Mark-up. Quanto maior a concorrência menor o valor de z;
w = salários nominais e encargos sociais; e
PMgL = Produtividade marginal do fator trabalho.

 

Podemos chamar w⁄PMgL=CUT; isto é: o custo unitário do trabalho é a razão entre os salários + benefícios sobre produtividade da mão de obra. Dessa forma, sabemos que a dinâmica dos preços em uma economia está diretamente relacionada, entre outros fatores, ao custo efetivo do trabalho (CUT).

A questão central desse artigo é responder, portanto, a seguinte pergunta: Como se comportaram essas variáveis, na industrial brasileira, nos últimos 5 anos?

Entre os anos de 2010 a 2014, os salários nominais subiram em 55,7% no período (9,26% ao ano); a produtividade industrial aumentou em apenas 9,5% (1,84% ao ano). Nossa capacidade de produção e geração de oferta não acompanhou a dinâmica dos salários, gerado uma forte pressão nos custos da mão de obra de 42,1% no período (7,29% ao ano).

 

Gráfico 1 – Produtividade versus Salários, na Indústria Nacional.

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2014, o IPCA (índice de inflação oficial) aumentou em 34,5% (6,11% ao ano). Descontando os impactos dos preços administrados, os quais foram manipulados pelo governo, temos que a inflação dos bens livres subiu em 39,3% (6,86% ao ano), como destacado pelo gráfico 2.

Gráfico 2 – Dinâmica da Indústria de Transformação, Brasil: 2010 a 2014.

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Infelizmente, a economia brasileira nos últimos anos cresceu com aumento nos custos de produção e perda na eficiência econômica. Essa dinâmica perversa vem gerando fortes pressões inflacionárias e constantes desvalorizações na taxa de câmbio.
Num ambiente instável ou de pessimismo econômico, com pouca visibilidade de melhorias ou crescimentos no médio e longo prazos, qualquer conhecimento mais aprimorado de variáveis que impactem no negócio pode ser um fator de sucesso num ambiente de alta volatilidade e de estresse econômico. Decisões de reposicionamento estratégico e de reestruturação interna devem ser baseadas em informações e podem ser a diferença entre o sucesso ou não. A Valuup assessora seus clientes nesse sentido, apoiando a tomada de decisão com informações, análises e estudos diversos, buscando sempre a maximização de resultados.

CPC 01 – Teste de Impairment – O que é, para que serve e como testar? (Parte 2)

Continuando sobre o entendimento dessa norma, iniciado na parte 1, o foco agora é como são as práticas mais aceitas desse teste.

Quando mencionamos as práticas mais aceitas, queremos nos referir àquelas que são usualmente aceitas pelas empresas de auditoria independente, e que seguem aquilo que foi estabelecido pelo CPC. A preocupação crucial se refere a rastreabilidade ou de evidenciação das fontes de informação.

TESTE IMPAIRMENT2No caso do valor líquido de despesa de venda, que é o valor a ser obtido pela venda de um ativo ou de uma UGC (Unidade Geradora de Caixa) em uma transação em bases comutativas, entre partes conhecedoras e interessadas, menos as despesas estimadas de venda, conforme já explicamos anteriormente, como fazer para se obter esse valor? Faço uma cotação? Procuro nos classificados ou sites especializados em vendas de ativos ou de empresas? Uso múltiplos de transações comparáveis?Os métodos mais utilizados e aceitos devem estar fundamentados nas melhores evidências disponíveis, que são:
•    Preço de um contrato de venda firme. Onde eu tenho uma ou mais propostas reais de aquisição de um determinado ativo ou UGC. Por exemplo, a sua empresa recebeu uma proposta de compra de uma linha de produção específica. Essa proposta tem que ser formal. Para evidenciar o interesse e o valor de mercado que o ativo possui.
•    Mercado ativo (preço atual de cotação/os itens são transacionados no mercado). Nesse caso as cotações devem ser bem específicas sobre o ativo, inclusive sobre o atual estado do mesmo, idade de uso, conservação e valor. Aqui não cabe a UGC se essa for composta por mais do que ativos que sejam transacionados em mercado.
•    Melhor estimativa disponível (Laudo). Que deve seguir normas específicas da ABNT, é realizada uma reavaliação dos ativos com cotações bem específicas, ativo a ativo, e calculado a vida útil remanescente e consequentemente o valor útil de cada ativo. Esse laudo pode ser feito internamente, desde que exista uma equipe técnica responsável, com engenheiro, ou como normalmente acontece, empresas de consultorias especializadas nesse tipo de avaliação emitem laudos técnicos.Os custos para a venda, excluindo custos financeiros e despesa de imposto de renda e custos já reconhecidos como passivo, são deduzidos do valor justo encontrado. Geralmente são compostos de tributos, fretes, despesas legais, comissionamento ou qualquer despesa incremental necessária para que o ativo fique em condição de venda.No caso do valor em uso, que é o valor presente dos fluxos de caixa futuros estimados que devem resultar do uso de um ativo ou de uma UGC (uso contínuo e venda estimada), as projeções do cenário para que tenhamos o fluxo de caixa descontado alguns elementos devem ser considerados:
•    As entradas e saídas de caixa devem ser específicas ao ativo/UGC.
•    O valor do dinheiro no tempo deve estar devidamente refletido na taxa de desconto utilizada inclusive com a incerteza inerente ao ativo incorporada nesta, as expectativas sobre possíveis variações no montante ou na ocasião desses fluxos de caixa futuros e até mesmo outros fatores (como falta de liquidez).Outras orientações, consideradas de boa prática, são:

•    Premissas razoáveis e fundamentadas que refletem a melhor estimativa por parte da administração;
•    Projeções financeiras recentes (budgets/forecasts) aprovadas pela administração (excluindo reestruturações futuras e dispêndios para investimento para aumento do desempenho da empresa);
•    Período de projeção fundamentado no ativo essencial para a UGC com maior vida útil; reposição dos ativos com vidas menores refletidas nos custos de serviços projetados.

Levando em consideração esses vetores, devemos elaboras as projeções de DRE e fluxo de caixa, incluindo necessidade de capital de giro operacional. Além do cálculo da taxa de desconto que reflita todo o risco do segmento do ativo específico, a qual será utilizada para desconto das projeções mencionadas. A taxa mais comumente utilizada é o WACC, que seria a sigla em inglês para custo médio ponderado de capital, onde há uma mescla de custos de capital próprio e de terceiros (como bancos por exemplo), onde estão inseridos os riscos de segmento, do país, as diferenças inflacionárias e etc.

O documento que dá suporte ao cálculo do valor em uso é um relatório que pode ser interno, se houver equipe técnica capaz, ou de empresa de consultoria especialmente contratada para esse fim. De qualquer modo o relatório deverá detalhar todas as informações que geraram as projeções e os cálculos, a metodologia utilizada e as memórias de cálculo.

Reforçamos que a Valuup Consultoria é uma empresa que realiza e auxilia seus clientes nesse tipo de teste. Porém, sendo cliente da Valuup ou não, sugerimos que não espere o final do ano fiscal para a realização do teste. A grande maioria das empresas deixa para última hora, o que acarreta estresse, correria, imprecisão na análise dos dados, resultados e impactos inesperados. Visto que nesta época ocorre o encerramento do ano fiscal, a publicação de balanços e auditoria.

Existe ainda a questão de ajustes e testes de valor recuperável em investimentos realizados em outras empresas, principalmente as que na aquisição houve o registro contábil de ágio (goodwill), para o qual se deve utilizar o Fair Value (ou valor justo) desse investimento. Esse é um tema que abordaremos futuramente, assim como a própria forma de apropriação contábil do Goodwill denominada PPA (Purchase Price Allocation – alocação do preço pago).

Escrito por  André Luis do Nascimento

CPC 01 – Teste de Impairment – O que é, pra que serve e como testar? (Parte 1)

O CPC 01 (norma editada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC) é uma diretriz que regulamenta o valor de registro dos ativos. Quando se fala em valor recuperável de ativos, deve-se entender que este é o valor de venda do ativo. E esse valor é o que deveria estar registrado nos livros contábeis.

TESTE IMPAIRMENT
Vamos tentar simplificar o entendimento dessa norma através de um exemplo prático. Sou vendedor autônomo e uso veículo para locomoção para chegar aos meus clientes com meus produtos. Adquiri um carro hoje por R$ 50 mil. O veículo é 0Km, tem todos os acessórios que tenho necessidade. Logo, se eu tivesse o costume de registrar toda minha movimentação financeira, eu registraria que tenho como patrimônio um veículo 0Km no valor de R$ 50 mil. Esse é o chamado valor de custo do ativo ou de aquisição. Passado um ano de uso do meu veículo resolvo olhar meus registros de patrimônio, de meus bens, e vejo que ali tenho um veículo de R$ 50 mil reais. Mas espera, esse veículo, que era 0Km, mas que teve um ano de uso, digamos com 10 mil Km rodados, ainda vale esses R$ 50 mil? A resposta correta é… não sei! É até provável que não seja mais esse valor que valha meu veículo, mas eu não deveria usar o senso comum ou o achismo pra decidir se esse registro está incorreto. E é aí que entra a CPC 01 e o famoso Impairment Test, ou teste de imparidade, que é nada mais que verificar (com determinadas regras) se o ativo que tenho registrado vale mesmo o valor que está ali contabilizado.

Portanto, segundo a CPC 01 os ativos não devem ser registrados contabilmente por um valor superior ao seu valor recuperável.

Mas como determinar então qual o valor deveria estar registrado? Voltemos ao carro. Tenho um veículo que um ano atrás comprei o mesmo 0Km por R$ 50 mil, que era o valor de mercado do mesmo. Mas agora ele tem 10 mil km rodados. Vamos supor que nunca bateu, manutenção em dia, etc. Está impecável. O mais lógico seria que eu buscasse no mercado qual seria o valor de um veículo similar ao meu, em uso e estado de conservação, para descobrir quanto eu receberia caso vendesse o meu. Digamos que olhei nas concessionárias e um veículo similar custa cerca de R$ 45,5 mil. Mas as concessionárias cobram uma comissão para a venda do veículo. Então o valor que eu deveria ter registrado do meu veículo, comparando com o mercado, seria de R$ 45,5 mil menos a comissão de venda, digamos R$ 1,5 mil, ou seja, deveria ter registrado R$ 44 mil, que é o valor recuperável do meu ativo pelo método de valor líquido de venda. De primeira já percebo que o meu bem perdeu valor, se eu vendesse hoje não valeria mais o que paguei por ele. Se por acaso o carro valesse mais que o valor que comprei, ou a mesma coisa ainda, pela norma eu não faço ajuste algum, mantenho o custo original de aquisição, ou seja, R$ 50 mil.

Valor líquido de venda (valor justo menos custo para a venda): é o valor a ser obtido pela venda de um ativo ou de uma UGC (Unidade Geradora de Caixa) em uma transação em bases comutativas, entre partes conhecedoras e interessadas, menos as despesas estimadas de venda.

UGC ou Unidade Geradora de Caixa é o menor grupo identificável de ativos. No caso de nosso exemplo é o veículo, já que ele é um ativo (bem) que uso para gerar renda. A CPC 01 orienta que o teste seja para cada ativo ou UGC isoladamente quando possível.
Mas digamos que sou um empresário e tenho uma empresa comercial, com diversos vendedores e frota interna própria. Investi em 10 veículos a R$ 50 mil cada, teria então registrado como ativo R$ 500 mil. E pelo valor líquido de vendas eu teria após um ano (e mantendo as condições do veículo unitário que descrevi acima) eu deveria ter registrado R$440 mil. Essa diferença entre o valor de aquisição e o valor recuperável chama-se imparidade. E essa diferença de R$ 60 mil deveria ser reconhecida pelo empresário como perda. Prejuízo, afinal, o bem perdeu valor. Entretanto existe um outro teste que se faz que é o do valor em uso.

Valor em uso: é o valor presente dos fluxos de caixa futuros estimados que devem resultar do uso de um ativo ou de uma UGC (uso contínuo e venda estimada).

Cada bem que eu adquiro com a finalidade de obter renda gera um fluxo de caixa, ou não haveria necessidade desse bem. Quando eu uso planejamento financeiro, fórmulas matemáticas e financeiras para projetar o que esse bem pode me gerar de caixa e trago a valor presente eu consigo mensurar o que esse bem vale hoje. Assim eu consigo determinar qual uma geração futura de caixa vinculada a esse bem (ou uma UGC) e qual seria o valor desse fluxo hoje. No nosso exemplo, se eu não tenho condições de limitar qual o fluxo gerado por cada veículo, posso considerar minha frota toda como UGC, e com isso todos os custos e despesas que eu tenho pra que essa frota me gere caixa. Digamos que esses meus 10 veículos possam gerar um caixa de R$ 150 mil ao ano. Se eu pegar 5 anos projetados com 150 mil ao ano e descontar a uma taxa de 10%, eu obtenho o valor presente do fluxo de caixa  de cerca de R$ 626 mil. Comparando esse valor com o valor registrado, eu tenho um valor positivo. Portanto, não preciso fazer nenhum ajuste, mesmo que no outro método o valor encontrado aponte imparidade.

Valor recuperável é o maior valor entre o valor líquido de venda de um ativo e seu valor em uso.

O CPC 01 orienta que o valor registrado contabilmente do ativo deve ser sempre o maior valor entre os dois calculados acima.
Mas então quer dizer que basta eu projetar um fluxo de caixa bom que eu não preciso me preocupar com o ajuste? Não, não é bem assim. Como o método do valor em uso é muito subjetivo, uma vez que se fala de projeções, existem algumas regras e um estudo deve ser feito para que suporte o valor obtido. Destacamos:

•    Premissas razoáveis e fundamentadas que refletem a melhor estimativa por parte da administração;
•    Projeções financeiras recentes (budgets/forecasts) aprovadas pela administração (excluindo reestruturações futuras e dispêndios para investimento para aumento do desempenho da empresa);
•    Período de projeção fundamentado no ativo essencial para a UGC com maior vida útil; reposição dos ativos com vidas menores refletidas nos custos de serviços projetados.

E a taxa de desconto? Bom, essa taxa é um cálculo feito para determinar qual o retorno mínimo esperado, considerando os riscos inerentes ao segmento, país e à empresa, para esse fluxo. Normalmente se usa o WACC, que seria a sigla em inglês para Custo médio ponderado de capital, onde há uma mescla de custos de capital próprio e de terceiros (como bancos por exemplo).

Mas falando contabilmente, quando deve-se fazer o teste?

Quando há indicação de desvalorização do ativo, seja por tempo de vida útil do ativo ou outros indicadores de desvalorização, tais como:
Fontes externas:
•    Declínio significativo no valor de mercado do ativo;
•    Mudanças no ambiente tecnológico, mercado, legal e econômico;
•    Aumentos nas taxas de juros ou taxas de retorno sobre investimento;
•    Valor de mercado (valor das ações) inferior ao valor contábil do patrimônio líquido.
Fontes internas:
•    Evidência de obsolescência ou danos físicos;
•    Planos de reestruturação, descontinuidade ou venda;
•    Declínio na performance do ativo ou expectativa de declínio.

Após ser realizado o primeiro teste, indica-se repeti-lo anualmente pelo menos, a qualquer tempo. Não é necessário fazê-lo somente no fechamento dos demonstrativos contábeis do ano fiscal.

Esse é um primeiro artigo de dois que visa explicar e desmistificar, com simplicidade essa CPC. No próximo falaremos mais tecnicamente de como obter o valor líquido de venda ou de passos para chegar ao valor em uso.

A Valuup Consultoria é uma empresa que realiza e auxilia seus clientes nesse tipo de teste. Porém, sendo cliente da Valuup ou não, sugerimos que não espere o final do ano fiscal para a realização do teste. A grande maioria das empresas deixa para última hora, o que acarreta estresse, correria, imprecisão na análise dos dados, resultados e impactos inesperados. Visto que nesta época ocorre o encerramento do ano fiscal, a publicação de balanços e auditoria.

Expansão do mercado de e-commerce no Brasil

Um mercado que não para de crescer no Brasil, e que passou praticamente incólume à crise econômica de 2008-09, é promessa de forte crescimento em 2015. Para 2015 a projeção de crescimento do faturamento é de 20% se comparado com 2014, segundo o site e-bit.

O e-commerce é algo bastante novo, tendo não mais do que 15 anos de existência no Brasil. Passou de um mercado inexistente para um total 61,6 milhões de consumidores que já efetuaram ao menos uma compra em 2014. Conforme o gráfico abaixo, pode-se observar que o número de consumidores aumentou 60 vezes, ou 33% ao ano desde 2001.

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O faturamento também cresceu no mesmo ritmo. A evolução do faturamento foi de 35% ao ano desde 2001, conforme gráfico abaixo. O faturamento foi de quase zero em 2001, para R$ 35 milhões em 2014 e em 2015 poderá atingir R$ 43 milhões segundo projeção do site e-bit.
graf2Porém é possível constatar que o mercado de e-commerce é concentrado em três principais setores: moda e acessórios, cosméticos e perfumaria e eletrodomésticos (por volume de pedidos). Estes três setores representam 44% dos pedidos em 2014, com um ticket médio de R$ 347, um aumento de 6% em relação a 2013.
Em linhas gerais, o mercado espera que o e-commerce continue a progredir de uma maneira consistente nos próximos, para 2015 esperasse um crescimento de 20% em relação a 2014. Identificamos que alguns setores ainda apresentam uma participação ainda tímida, como: esportes e lazer, brinquedos e games e turismo. Ou seja, ainda há muito para crescer, sobretudo em alguns setores específicos.
graf3Algumas vantagens e preocupações de quem pretende investir em e-commerce

•    A compra eletrônica proporciona uma comodidade muito maior ao cliente, o que gera maior possibilidade de experiências positivas de compras.
•    Disponibilidade de compras a qualquer horário do dia e da noite.
•    Acessibilidade muito prática nos dias atuais, através de smartphones ou qualquer aparelho com conexão à internet possibilita.
•    Redução do custo operacional. Principalmente as despesas diretas são muito reduzidas se comparados com lojas físicas tradicional.
•    Estoque reduzido. Num e-commerce a maior preocupação é a cadeia produtiva (fornecedores) ágil e com disponibilidade de estoque, não em manter estoque para pronta entrega como em uma loja física.
•    Entretanto, a preocupação e investimento com segurança nas plataformas de compra são focos importantes do negócio, devido à exposição de dados bancários do cliente.
•    A resposta ao cliente deve ser o mais breve possível em casos de problemas nas compras, para que a experiência negativa seja amenizada.
•    A facilidade de comparabilidade com outros produtos/concorrentes tem impacto na demanda se o diferencial competitivo não for claro ou se os preços não forem competitivos.
•    O maior investimento é no canal de distribuição e nos sistemas, além da divulgação do site e da marca.

Aumento do preço do leilão de energia estimulam projetos de PCHs

O último leilão de energia ocorrido no dia 30/04/15 (A-5) demonstrou que um fonte de energia até então pouco esquecida, as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), pode voltar a cena do mercado de geração em decorrência do preço do MW, o qual ficou acima do R$ 200,00 no leilão, através de PPA (Power Purchase Agreement – Acordo de Compra de Energia).

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As PCHs são usinas que aproveitam o potencial de geração de energia de rios, com capacidade de geração entre 1 MW e 30 MW. O aumento dos custos de instalação de usinas nos últimos anos e os preços de venda de energia abaixo dos R$ 200,00 no mercado regulado (geralmente entre R$ 105,00 a R$ 130,00), tornaram muitos projetos inviáveis ou pouco atrativos financeiramente. Outros fatores ajudam a explicar o resgate de projetos de PCHs, tais como: a) a expectativa de crise energética para os próximos anos; b) a constante preocupação com a demanda energética atual; c) o aumento do custo de energia devido a necessidade das UTEs (Usinas Termelétricas), as quais são relativamente mais caras; e, d) as facilidades de licenças ambientais que as PCHs tem comparativamente a UHEs (Usinas Hidrelétricas).

Nossos últimos estudos demonstram que projetos com MW acima dos R$ 200,00 se tornam viáveis a um custo de construção de R$ 5,5 milhões por MW (a 5 anos atrás este custo era de R$ 3 milhões/MW). Caso os preços de construção não subam excessivamente nos próximos períodos, projetos com preço de energia acima de R$ 200,00 serão viáveis economicamente, tornando-se alternativas de investimento com riscos menores.

No último leilão da ANEEL (A-5), foram comprados 1.973 MW ao preço médio de R$ 259/MW, dos quais 8% foram oriundos de PCHs, diante de um valor de R$ 196,00, e 2%, no último leilão ocorrido em 2014. Espera-se que nos próximos leilões o preço de energia seja ainda maior e há estimativa de potencial futuro para PCHs de 10,5 GW, segundo Abragel.