Por que o crédito diminuiu para pequenas empresas?

O crédito para empresas brasileiras diminuiu nos últimos 5 anos, principalmente para as de médio e pequeno porte.

O período prolongado da crise econômica brasileira amedrontou as instituições financeiras, o resultado foi o endurecimento das regras de financiamentos empresarial. Por óbvio o lado mais fraco foi quem sofreu as maiores consequências. As micro, pequenas e médias empresas ficaram mais vulneráveis à crise e mais propensas a problemas financeiros nas oscilações de mercado, assim os recursos disponíveis no médio e longo prazo para esses negócios ficaram mais caros e escassos.

A redução do volume de operações de crédito afetou diretamente os pequenos e médios empreendimentos. De setembro de 2013 a agosto de 2018 o crédito para essas categorias caiu 26%, enquanto que no mesmo período as operações para as grandes empresas aumentaram 27% em termos nominais.

Temos assistido isso de perto. Grande parte dos nossos clientes são empresas de pequeno e médio porte. Elas viram as fontes de financiamento secarem nos últimos anos. A redução da participação das instituições públicas, o aumento de exigências por parte das instituições financeiras, tais como avais e garantias, são os fatores que mais contribuíram para a redução do crédito às micro, pequenas e médias empresas.

Essa avaliação está baseada nos dados extraídos do SGS – Sistema Gerenciador de Séries Temporais do Banco Central. Observamos neste estudo que o crédito para empresa brasileira está praticamente estável nos últimos 5 anos. Houve uma retração geral do saldo de crédito disponível para as empresas em -0,1% ao mês (a.m.), ou seja, crescimento zero nos últimos 5 anos. Pior ainda para os pequenos e médios empresários, os quais ficaram com uma fatia menor do crédito total disponibilizado.

Desde de dezembro de 2015 as instituições financeiras sob controle público reduziram o volume total de recursos disponíveis em -0,27% a.m., reduzindo o saldo de R$ 1,8 trilhões para R$ 1,65 trilhões em agosto de 2018. Já as instituições privadas aumentaram seu volume em 0,26% a.m., passando de R$ 950 bilhões para R$ 1 trilhão, enquanto que as instituições estrangeiras reduziram em -0,21% a.m. suas operações. No saldo geral temos -0,1% ao mês de saldo de operações financeiras com empresas. Se considerarmos a inflação do período o saldo disponível é ainda inferior.

No entanto, na prática, as micro, pequenas e médias empresas sentiram muito mais esse esvaziamento de crédito do que as grandes. As de grande porte tiveram redução de -0,04% a.m., passando de R$ 940 bilhões em dezembro de 2015 para R$ 928 bilhões em agosto de 2018. Enquanto que as micro, pequenas e médias caíram R$ 767 bilhões para R$ 494 bilhões, ou seja, uma redução ao mês de 1,41% a.m. Veja:

A razão que encontramos para essa realidade é que risco de calote dentro do contexto da crise econômica brasileira é muito mais expressivo para as menores. Essa realidade é compreensível, mas também injusta, uma vez que quem mais precisa de alternativas de crédito não teve acesso a ele.

5 elementos que impactam no valor das empresas

Há muitas dúvidas sobre o que determina o valor da empresa, destacamos 5 elementos que podem determinar o resultado.

Observamos que um dos aspectos que tem maior relevância é o caixa, ou mais especificamente, como ele cresce ao longo dos anos e a qualidade das projeções. O valor da empresa pode ser medido através da metodologia de fluxo de caixa descontado e na análise fundamentalista o valor intrínseco de uma empresa depende essencialmente de sua capacidade de geração de caixa.

Assim as premissas que mais impactam na geração de caixa, e de valor consequentemente, para uma empresa são:

  1. Receitas: como elas vão se comportar no futuro, a qual taxa cresce e como se sustenta.
  2. Custos: manterão as mesmas representações em relação às receitas? A empresa opera em custos crescentes ou decrescentes?
  3. Necessidade de capital de giro (Working capital): quanto de capital será necessário para financiar as atividades da empresa?
  4. Investimentos (Capex): serão feitos investimentos no curto prazo? Isto reduz o caixa imediato, porém deve assegurar fluxos maiores no futuro.
  5. Taxa de desconto (normalmente WACC): os fluxos de caixa futuro são descontados pela taxa de risco (desconto) do negócio. Portanto, quanto maior a taxa, menor o valor da empresa.

Ater-se nestes cinco pontos dará uma certeza elevada quanto ao valor da empresa, acredito que algo em torno de 90%. Foco no que realmente importa na criação de valor.

Um Brasil exportador e as eleições 2018

Três questões a serem superadas pelo novo presidente para expansão brasileira no mercado internacional

Essa não é uma análise política das melhores propostas econômicas para as eleições 2018, propomos levantar questões que precisam ser buscadas no plano de governo de cada candidato.

Na nossa visão é preciso ter olhar atento nas propostas sobre as exportações brasileiras. O que cada candidato está falando com relação a essa questão? Como o novo governo irá tratar os acordos bilaterais para expandir a participação no mercado externo? Sem dúvida não se pode esquecer do mercado doméstico, mas para crescer é preciso ir além disso, a grande questão está no como.

Não iremos analisar as propostas, mas vamos abordar temas importantes para o avanço do Brasil além das fronteiras. Que dever de casa é necessário fazer para expandir no mercado internacional? O que falta aqui que impede a nossa economia de avançar com todo o potencial produtivo que tem? O que está travando o Brasil?

Elegemos três pontos que se superados irão colaborar muito para a recuperação e a retomada do crescimento: Reforma tributária, reforma da previdência e a infraestrutura, explicaremos a seguir as razões.

A Reforma Tributária. Não é possível pensar em ganho de produtividade, e consequentemente, de competitividade, sem falar na simplificação dos impostos para as empresas brasileiras. Se formos comparar a complexidade da nossa carga tributária e no peso que ela tem no custo das empresas e comparar essa realidade com os nossos concorrentes internacionais, compreendemos que é uma luta desleal. É importante pensar quais as promessas que estão sendo feitas com relação a esse tema.

O segundo ponto que está ligado ao primeiro, se queremos desoneração isso implica em diminuição da arrecadação. É um fato que o estado está quebrado e o déficit público é cada vez mais volumoso, por isso vamos estar atentos ao que dizem os candidatos sobre a Reforma da Previdência, é preciso saber quais são os planos de ação para sair deste imbróglio. Qual será a idade mínima? Quais serão as regras? Essas respostas podem sustentar uma desoneração fiscal, menos gastos com previdência pode significar um fôlego para as contas pública, antes disso não há como falar sobre reforma tributária, sejamos realistas.

O terceiro e último ponto é a infraestrutura. É preciso, literalmente, ter onde crescer. A economia precisa ter espaços e acessos para se desenvolver. Aqui listamos, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, energia, e por aí vai. Tudo que significa base sólida para o crescimento. O custo de não se ter tudo isso está se esvaindo, desenfreadamente. Como competir no mercado externo com a China, que fez seu dever de casa? É preciso pensar quais estratégias iram suprir essa demanda gigantesca desse país continental. É preciso muito investimento, não há recurso público disponível, o que fazer? Quais são as propostas? Como sair dessa situação? Fiquemos atentos nestas respostas nas propostas dos candidatos.

Acreditamos que se o futuro governante conseguir contrabalancear esses três fatores teremos uma economia saudável em pouco tempo. Tarefa nada fácil, mas nem por isso impossível.

Postos de combustíveis curitibanos veem margens de lucro caírem

Depois de pouco mais de um ano, a política de preço da Petrobrás causa prejuízo para varejistas.

Os revendedores de combustíveis em Curitiba tiveram impacto direto na lucratividade depois da mudança na política de preço da Petrobras. De julho de 2017 a setembro de 2018 o preço da gasolina ao consumidor no Brasil subiu 27,4% e as margens caíram R$ 0,08 centavos. Em Curitiba, o ajuste foi de 26,6% e as margens diminuíram em R$ 0,12 centavos. No caso do diesel, no período analisado, o preço ao consumidor no Brasil subiu 15,5% e as margens caíram R$ 0,09 centavos. Em Curitiba, o ajuste foi de 22,2% e as margens diminuíram em R$ 0,17 centavos.

Nos dois casos, o mercado varejista de combustíveis de Curitiba foi o que mais sofreu com a nova política de preços da Petrobras, prejudicando de forma significativa o restabelecimento das margens. O gráfico 1 reforça esse argumento, destacando o desempenho reprimido das margens no município de Curitiba ao longo do período.

Gráfico 1 – Desempenho das Margens da Gasolina C: jul/2017 a set/2018.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Essa história começou quando a Petrobras implementou sua nova política de preços dos combustíveis: diesel e gasolina. A empresa informou que os reajustes iriam ocorrer com mais frequência, podendo ser até mesmo movimentos diários, respeitando uma margem de menos 7% a mais 7%.

O objetivo central da Petrobras consiste em buscar, no curto prazo, um maior alinhamento dos preços domésticos com os praticados no mercado internacional. Com isso, a empresa teria maior competitividade em seus preços para concorrer com os combustíveis importados.

Gráfico 2 – Índice de Preço dos Combustíveis, Brasil: jul/17 a set/18.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Valuup Consultoria e Petrobras.

Os preços médios divulgados pela Petrobras são referentes aos produtos tipo “A”, sem a incidência de tributos. Os preços médios informados consideram a média aritmética nacional dos preços à vista, sem encargos e sem tributos, praticados na modalidade de venda padrão nos diversos pontos de fornecimento, que variam ao longo do território nacional, para mais ou para menos em relação à média. Essa variação pode ser de até 12% para gasolina A e até 9% para o diesel A.

No período de 04 de julho de 2017 a 12 de setembro de 2018, o índice de preços da gasolina aumentou de 100 para 170, isto é, uma valorização de 70%; e o índice do diesel subiu de 100 para 155, aumento de cerca de 55%. A tabela 1 descreve o comportamento dos preços médios nos meses de julho de 2017 e setembro de 2018. Nesse período, o preço médio da gasolina na refinaria aumentou de R$ 1,291 para R$ 2,197 o litro. A variação em centavos foi de R$ 0,906. Para o diesel, o preço médio subiu de R$ 1,509 para R$ 2,296, ou seja, aumento de R$ 0,787 centavos.

Tabela 1 – Preço médio da Refinaria Petrobras

 

 

 

Fonte: Valuup Consultoria e Petrobras.
Nota: setembro de 2018 até o dia 12.

Em virtude dessa nova política de preços, as distribuidoras e revendedores tiveram que aumentar seus preços também. Mas como se comportaram as margens dos revendedores durante esse período? Será que eles conseguiram repassar esse aumento para o consumidor, mantendo as margem em reais?

Tabela 2 – Preços ao Consumidor, Distribuidora e Margens: jul/17 a set/18.

 Fonte: Valuup Consultoria e ANP.

A resposta é não. Os revendedores de combustíveis no varejo não conseguiram repassar os aumentos das distribuidoras ao público final. Com isso, as margens operacionais em reais sofreram reduções, conforme destacado pela tabela 2. O reajuste gera diminuição do consumo e assim prejuízo para os empresários, logo, parte dessas oscilações são absorvidas pelos postos. Essa informação nem sempre é difundida pela sociedade que cria a falsa imagem de que os postos são os grandes vilões das altas dos preços dos combustíveis.

O lucro da Petrobras é bom? Depende

O lucro anunciado pela Petrobras no segundo trimestre do ano nos leva a uma reflexão mais sociológica que econômica. Do ponto de vista empresarial, das decisões de gestão, podemos dizer que a empresa está adotando uma estratégia focada no rápido restabelecimento de suas margens de lucro. Isso era de se esperar. Depois de toda a crise institucional, política, econômica e até policial que sofreu, o resultado positivo dá evidências de que estão arrumando a casa e buscam um caminho viável para sair do atoleiro. Mas quando se olha para situação do país, a pergunta é: a que custo?

A guinada começou em julho de 2017, com a mudança das políticas de preço praticadas pela petroleira. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) autorizou que os valores dos combustíveis fossem reajustados diariamente, se necessário, considerando duas variáveis: o preço internacional do barril de petróleo e as variações cambiais. Com isso, a empresa atrelou sua receita ao dólar, criando uma situação favorável para sua arrecadação em períodos de forte valorização da moeda estrangeira, como observado neste segundo trimestre. A partir dessa política de reajuste de preços, a Petrobras ganhou mais fôlego para negociar suas dívidas bilionárias no mercado financeiro. O hedge (proteção) natural da receita em dólares foi fator relevante para a empresa reduzir seu nível de endividamento e apresentar indicadores econômico-financeiros mais saudáveis.

De julho de 2017 a junho de 2018, período no qual a Petrobras adotou sua política de preço de combustíveis, o barril do petróleo no mercado internacional subiu cerca de 50% e o dólar valorizou-se em aproximadamente 15%. As combinações desses dois movimentos fizeram com que a empresa repassasse esses reajustes aos consumidor final, em virtude de seu poder de mercado. O posicionamento dominante da Petrobras no refino de combustíveis possibilita que movimentos internacionais no preço do barril de petróleo seja repassado, praticamente de forma integral, às distribuidoras. Preços mais elevados da gasolina e do diesel ao consumidor final geraram impactos negativos na sociedade. Os gastos familiares nesses itens aumentaram expressivamente e as empresas e trabalhadores do ramo do transporte e dependentes do diesel tiveram suas margens reduzidas em uma economia extremamente fraca.

Foi nesse ambiente que, concomitantemente, a Petrobras iniciou um forte processo de recuperação de suas margens de lucro e a greve dos caminhoneiros teve início. Impossibilitados de repassarem os aumentos diários do diesel para os fretes de transporte, os caminhoneiros decidiram “cruzar os braços”. Com a paralisação do transporte rodoviário de cargas por duas semanas, nossa economia viveu um verdadeiro choque. Falta de combustíveis aos consumidores, escassez de matérias-primas para as indústrias, voos cancelados e alimentos perecíveis perdendo suas validades ilustram alguns exemplos das consequências que essa crise do setor de transporte gerou em nossa sociedade.

 

De onde vieram então os R$ 10 bilhões de lucro líquido da Petrobras, apenas no segundo trimestre de 2018? A origem desse excelente resultado deve-se ao fato de uma gestão mais eficiente, queda do endividamento, desinvestimentos em áreas menos lucrativas e, sobretudo, na nova política de preços. Entretanto, não podemos deixar de associá-la com o estopim da greve dos caminhoneiros e todos seus impactos na vida dos brasileiros.

A Petrobras prejudicou diretamente um de seus maiores clientes: o transporte de cargas rodoviárias. Era de se imaginar que a recuperação da empresa a qualquer custo traria consequências, ainda mais em um período de recuperação lenta da atividade econômica. O preço do diesel ficou insustentável e o setor parou o Brasil por duas semanas. Se olharmos por esse ângulo, percebemos que o caminho adotado deixou sequelas em nossa sociedade, as quais vão demorar para cicatrizar.

Lucas Lautert Dezordi é doutor em Economia, sócio da Valuup Consultoria e professor titular da Universidade Positivo (UP).
O artigo foi publicado no site da Gazeta do Povo 15/08/2018

Setor de serviços tem queda no Paraná

Os paranaenses estão com mais dificuldade em retomar o consumo, pelo menos é o que mostra os números do setor de serviço, divulgados pelo IBGE nesta semana.

O volume de serviços prestados no Paraná recuou 2,3% no primeiro semestre de 2018. O resultado é pior que a média nacional que ficou em -0,9%. Se olharmos apenas para o mês de junho a situação fica ainda pior, no Brasil houve crescimento de 0,9%, melhor resultado desde 2011, já o Paraná manteve os -2,3%, esse não é um bom sintoma.

O mercado de trabalho é diretamente influenciado pelo setor serviços, junto com o comércio, representam 60% do PIB brasileiro. Essa baixa significa que as pessoas ainda não possuem renda suficiente para gastos considerados extras, como é o caso de alimentação fora de casa e viagens de lazer.

Logo, esse nicho da economia sofre diretamente a retração, aí recomeça o ciclo do desemprego, que é um dos piores reflexos da crise.

Os números mostram também que a queda foi significativa na área de informações e comunicação, que recuaram 8,1%. Significa que as famílias diminuíram ou cortaram pacotes de TV a cabo e telefone, por exemplo.

Uma das atividades que contrabalanceou foi o resultado positivo do grupo dos transportes que teve alta de 2,4%. O segmento é representativo, pois a necessidade de deslocamento de produtos e agronegócio pelas estradas e porto, é um indicativo de movimentação econômica no estado.

O grupo de outros serviços, que inclui o ramo imobiliário, manutenção de veículos e equipamentos, atividades financeiras, entre outros, cresceu 6,3%.

As três fases da greve dos caminhoneiros

A paralisação dos transportadores de cargas rodoviárias por duas semanas está custando caro à economia brasileira. Aqui, não entramos no mérito da greve, que sim, teve fortes motivos para ser desencadeada, vamos falar apenas do cenário que ela estabeleceu no país.

A primeira delas foi a crise:  as duas semanas do mês de maio foram as que impactaram diretamente toda a sociedade. A economia foi surpreendida pela estagnação quase total da logística. E interromper esse fluxo significa que a produção não sai e não chega a lugar nenhum. Não demorou faltar combustíveis, alimentos perecíveis e insumos de todas as naturezas. Não precisamos nos alongar para explicar os danos uma vez que todos vivemos intensamente esse período.

A segunda fase foi o choque: classificamos o mês de junho como o primeiro abatimento pós greve. A sociedade percebeu que não bastava a liberação das estradas para que tudo fosse normalizado. Os alimentos continuaram com preços elevados e se criou um bastidor de prejuízos que ainda não poderiam ser dimensionados. Muito mais que apenas o tempo perdido, muitos produtos deixaram de ser produzidos e consequentemente deixaram de ser vendidos no mês de junho. Podemos dizer que junho foi o mês para olhar para a destruição deixada pela greve.

A terceira fase chamamos de impacto: a mais longa, entendemos que se estenderá até o mês de setembro. Até lá não será possível olhar para os resultados e índices econômicos sem considerar a paralisação de maio. Acreditamos que será o tempo necessário para que a economia se desvencilhe dos efeitos pós greve. Neste período a produção será normalizada, os insumos deverão voltar aos preços de equilíbrio e será possível ter um cenário econômico menos atribulado.

Gráfico: A Greve dos caminhoneiros e seus impactos nos índices de preços IPCA e IGP-M

O preço dos combustíveis foi parar nas alturas, de quem é a culpa?

Em análise, a Valuup demostrou onde estavam e quais foram os impactos dos sucessíveis aumentos nos combustíveis.

Ainda há uma grande desinformação sobre os preços dos combustíveis, muitas pessoas ainda acreditam que os grandes vilões dessa história são os postos, isso não é verdade. Em estudo aprofundado a Valuup analisou as tomadas de decisões e ações que resultaram no descontrole dos preços do setor.

Os revendedores varejistas, que estão na ponta final desse processo, também pagam o preço alto das modificações nos preços no último ano. Na análise dos economistas da Valuup foi possível elencar três fatores que interferiram diretamente para a alta elevada desde julho do ano passado: aumento da carga tributária; mudança da política de preços da Petrobrás; e os repasses das distribuidoras.

O primeiro está relacionado diretamente às alíquotas de PIS e Cofins que tiveram aumento no segundo semestre de 2017, o resultado foi a elevação imediata de R$ 0,41 na gasolina. Com esse acréscimo, aumentou também o ICMS, uma vez que o imposto incide em 29% do preço médio. Quanto mais caro o combustível mais caro é o imposto. Hoje, 45% do valor que o consumidor paga na bomba, vai para os cofres públicos por meio de impostos.

A segunda ação que desencadeou sucessivos aumentos, também no início do segundo semestre do ano passado, foi a mudança da política de preços da Petrobras. A estatal passou a alterar os valores diariamente, baseados nos preços internacionais do barril de petróleo e na variação no preço do dólar.

O gráfico a seguir descreve as constantes mudanças de preços dos combustíveis praticados pela Petrobras às distribuidoras. Tendo como base 100, a data de 03/07/2017, a política de preços fez com a gasolina subisse 50% e o diesel 37%, no período analisado. O diesel só não subiu mais, em virtude dos termos do acordo entre os caminhoneiros e o governo.

Gráfico: Evolução nos Preços dos Combustíveis Pós-Política da Petrobras: 04/07/2017 a 15/08/2018.

 

Quais são as três grandes dúvidas no cálculo de valor da empresa

Quanto maior o lucro maior o valor da empresa? A marca interfere no valor? O terreno da empresa entra na conta? Essas são as questões mais debatidas quando o assunto é Valuation. Essa é a análise do economista e sócio da VALUUP, Luís Gustavo Budziak, que especialista na área, “ao longo de anos como consultor e professor de Valuation observei que algumas perguntas são bastante comuns e geram muita curiosidade e dúvidas.” Vamos ao que interessa, as respostas:

  • LUCRO: Quanto mais lucro tem uma empresa maior o valor dela?

Não necessariamente. Uma das metodologias para determinar o valor de uma empresa é a de fluxo de caixa descontado, ou suas derivações, como fluxo de dividendos entre outras. Porém todas elas partem do pressuposto que um fluxo será projetado e descontado por uma taxa de risco ao valor presente.

Na metodologia do fluxo de caixa o que importa é o “Caixa” da empresa, ou seja, o quanto ela consegue gerar de caixa para os sócios (não confundir com a conta “Caixa” do Balanço Patrimonial), e quanto maior for este valor de caixa mais valiosa ela será. Assim, o que importa é o caixa e não o lucro.

Podemos pressupor que uma empresa com altos lucros possa gerar altos valores de caixa. Mas uma empresa que tenha uma conta alta de depreciação, por exemplo, o que afeta o lucro, mas não o caixa, pode ter um valor maior do que outra que não tenha a mesma estrutura patrimonial.

  • MARCA: No cálculo do valor da empresa, como será calculada a marca?

Outra pergunta que é feita em 100% das aulas que eu ministro. Sempre explico que há, neste ponto, diferentes interpretações e algumas metodologias que calculam o valor de uma determinada marca, muitas delas recorrendo a percepção e pesquisa com consumidores. Do ponto de vista financeiro e do fluxo de caixa descontado o valor da marca já está representado dentro do próprio fluxo.

Uso como exemplo o cálculo do valor da empresa Coca-Cola e da XPO-Cola, aí da sua cidade. O primeiro todo mundo conhece e está disposto a pagar R$ 2,00 por refrigerante, enquanto que o segundo é vendido a R$ 1,00. Você acha que o fluxo de caixa, considerando o valor maior do refrigerante Coca-Cola, será maior na Coca ou na XPO, dado que estruturas de custos são semelhante? Claro que na Coca, assim a marca, que ajuda a vender mais e justifica preços maiores, contribui diretamente para a geração de caixa futura, estando já internalizada no fluxo.

  • ATIVOS NÃO OPERACIONAIS: O valor do terreno da empresa está dentro do fluxo de caixa?

Primeiramente é preciso saber se o terreno e os demais ativos da empresa são operacionais ou não. Ativo não operacionais não geram fluxo de caixa e, portanto, devem ser excluídos no momento da projeção e, ao final, ficarão com os sócios ou serão somados ao valor por meio de avaliação a valor de mercado.

Já o terreno operacional contribui para a geração de caixa, pois reduz a despesa com aluguel e edifícios geram depreciação. Ou seja, está dentro do valor projetado. Em algumas situações o imóvel é vendido separadamente, para outro interessado. Neste caso todo o efeito deve ser anulado e o valor calculado a preço de mercado.

O que disseram os primeiros números de 2018

Observamos os primeiros resultados de 2018 (IBGE) e confirmamos a expectativa, um ano incerto e minado de influências controvérsias. Puxa de um lado, descobre do outro. O cobertor da economia brasileira é curto, não existe câmbio controlado, taxa de juro baixa para financiamentos populares e economia aquecida, tudo ao mesmo tempo é uma ilusão.

Vamos começar falando do varejo, afinal, é preciso respirar. A notícia é boa, o mês de março teve aumento de 0,3% em relação a fevereiro. Se a comparação for com 2017 vemos luz no fim do túnel, o aumento foi de 6,5%. Eletrodoméstico chegou a 11,2%, reflexo da taxa de juros reduzida e a confiança do consumidor para assumir compras programadas. Com esse cenário podemos apostar no setor varejista como líder na recuperação econômica em 2018.

No Paraná é possível observar que as regiões agrícolas foram as que tiveram melhor desempenho no varejo. Não é difícil entender a razão, a safra de verão somada ao barateamento do crédito, puxaram cidades como Londrina a ter crescimento na ordem de 4,31%. Ganham destaque as concessionárias de veículos com a fatia de 29,13% e as lojas de departamentos com 17,01%.

A indústria começou bem, mas bambeou no mês de março. O recuo no último mês do trimestre demostrou fraqueza na recuperação. A queda de 2,5% do faturamento real interrompeu a sequência de crescimento dos dois primeiros meses de 2018, foi o pior resultado dos últimos cinco meses. Mas verdade seja dita, o cenário é bem melhor que 2017, a diferença do último ano é de 6,2% para o mesmo período.

E o dólar? A alta era esperada, mas não nesta velocidade. O aumento das taxas de juros americanas somadas às políticas monetárias expansionistas do BC, que diminuiu as taxas de juros, turbinaram a moeda americana antes e mais que o esperado. E a escalada do dólar pode continuar, entenda:

Fatores externos: O FED (banco central americano) deverá elevar ainda mais as taxas de juros, impulsionados pela aceleração da inflação americana.

Fatores internos: A taxa Selic ainda menor, por volta de 6,5%; Riscos políticos e fiscais de ano eleitoral.

A soma desses fatores traz insegurança econômica e podem expulsar o capital para ambientes macroeconômicos mais seguros, o que poderá minguar o interesse por investimentos.

Não há saída? Claro que sim, as crises são também carregadas de oportunidades e necessidades de soluções que precisam ser muito bem planejadas. Diante da complexidade deste cenário temos a certeza que os negócios demandam cada vez mais estudos e aprofundamento antes das tomadas de decisão.