Movimentação aquecida no setor de energias renováveis: empresas eólicas e solares são negociadas no início de 2019

2019 começa aquecido no setor de energias renováveis, várias fusões e aquisições já mostram força e movimentam o mercado. A Valuup traz alguns exemplos de empresas que foram ou serão vendidas ainda neste trimestre.

No início de fevereiro o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a venda de 100% do Complexo Assuruá, do Fundo de Investimentos em Participações em Infraestrutura Energias Renováveis (FIP IEER) pela Omega Geração. O complexo fica na cidade de Gentio do Ouro, na Bahia. São 13 plantas eólicas com capacidade de 303 MW.

Os chineses também estão investindo nesta área aqui no Brasil. A chinesa CGN (China General Nuclear Power Group) adquiriu quatro projetos de exploração de energia renovável nos dois primeiros meses deste ano. A mais significativa foi a aquisição da Atlantic Renováveis. São 642 MW de energia eólica que agora estão nas mãos dos chineses. O investimento lançado em 2013 é de U$ 1,4 bi com duração de dez anos. A Atlantic tem parques eólicos nos estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí.

Além da Atlantic a CGN assinou acordo para compra de mais três projetos que estavam nas mãos da italiana Enel. Agora os chineses irão comandar os parques solares de Nova Olinda, com potência de 292 MW, que fica no Piauí, também de energia solar o parque de Lapa, que fica na Bahia, com 158 MW. E para completar as aquisições da CGN o parque eólico Cristalândia, com 90 MW, também na Bahia.

A oferta mais recente é da estatal gaúcha CEEE, que colocou à vendo o parque eólico Povo Novo, no Rio Grande do Sul. A questão da estatal é mais complexa, as obras estão paradas e cerca de 65% dos trabalhos ainda precisam ser concluídos. Depois de pronto o parque terá capacidade instalada de 52,5 MW. A previsão do investimento em 2013, quanto a companhia conquistou o leilão de exploração era de 266 milhões.

Imóveis em Curitiba tem valorização estagnada durante a crise, mas cenário poderia ser pior

Os imóveis em Curitiba tiveram seus valores praticamente congelados durantes os anos de crise a partir de 2015. Esse não é um resultado bom, obviamente quem investe e também quem adquire um imóvel espera valorização ao longo do tempo, a questão é que a realidade poderia ser ainda pior.

Mesmo com a queda abrupta na concessão de crédito e diminuição escancarada do poder de compra da população, os imóveis não tiveram desvalorização nominal. Os preços conseguiram se manter mesmo com a demanda diminuindo de forma significativa. Veja no gráfico o comparativo dos preços dos imóveis (eixo à direita) com a concessão de crédito (eixo à esquerda) no país no mesmo período.

Esse é um sintoma de que tivemos recessão econômica, mas não se chegou em uma depressão, como aconteceu nos EUA em 2008. A estabilidade dos valores dos imóveis em nossa economia e uma curva, ainda que pequena, em ascensão, nos mostra que não chegamos ao caos.

A recessão brasileira foi severa, entretanto, não vivemos um problema de crise bancária. Como consequência, o mercado imobiliário ficou estagnado e até mesmo em retração em alguns períodos.  Mas não quebrou. Com a retomada do financiamento, o setor poderá recuperar de forma revigorada com melhoras no preço dos imóveis.

A retomada ainda que lenta é medida pelo grau de otimismo do setor na construção civil, medida pela FGV. Se analisarmos os últimos oito anos, observamos que falta pouco para se chegar na linha do otimismo, veja no gráfico a seguir.

Há muito espaço para crescimento. A utilização da capacidade instalada na construção civil ainda tem um caminho considerável a percorrer. Ainda há muita ociosidade de mão-de-obra, e com essa retomada teremos a melhora de um dos índices mais preocupantes da economia, do desemprego.

Sabemos que, se completada a capacidade de produção da construção civil, veremos uma avalanche de empregos serem ofertados, e com certeza, ocupados pela população que sofre na pele as consequências do desemprego. Sem dúvidas é o que todos queremos ver na economia brasileira.

Por que os gestores precisam estar atentos aos índices macroeconômicos?

Saber para que lado o vento sopra. Entender que caminho a economia do país, e também o mercado internacional, estão seguindo. Essas informações, principalmente a interpretação delas, têm se tornado um grande diferencial de mercado.

É fato que nenhuma empresa vive em um ciclo fechado, as influências são múltiplas, logo, não se pode permitir ignorar os acontecimentos externos. No entanto, a grande questão está na análise, é preciso estudar com profundidade quais serão as consequências diretas e indiretas desses movimentos.

Hoje, dentro das empresas, os tomadores de decisão, além das competências de gestão de ordem prática, precisam estar constantemente atentos a esses índices. A tarefa é correlacionar o que acontece lá fora com a realidade interna. Tarefa nada fácil para quem tem uma engrenagem inteira nas mãos.

Outro complicador para essa tarefa são as múltiplas fontes de informações que precisam ser cruzadas. As empresas precisam estar atentas se os mercados estão em retração ou expansão; como caminha a inflação, que repercutirá diretamente nos custos; como anda o comportamento dos preços, a renda per capita, a política salarial; que pé está a renda e o custo de vida dos consumidores. Esses são apenas alguns aspectos essenciais para o planejamento e gerenciamento de um negócio.

Ainda podemos entrar no domínio e conhecimento sofre os recursos disponíveis: como anda a taxa de juros? Há fontes internas e externas para empréstimos disponíveis? Qual é a melhor opção ao analisar a macroeconomia? O governo tem programas de incentivo que se encaixam no meu projeto?

É possível concluir que, apesar de ser essencial, a análise macroeconômica com aplicação personalizada não é nada simples. Por isso vamos relacionar aqui alguns índices que não podem ser esquecidos e precisam estar no radar constante dos gestores.

PIB

É essencial que se saiba quanto o país produziu no intervalo de um ano. O PIB é uma medida essencial para balizar se a economia está expandindo ou encolhendo. Na recessão dos anos 2015 e 2016 o PIB chegou a cair 7% e a lenta recuperação de nossa atividade produtiva indica que as empresas ainda sofrem com um mercado retraído.

Índices de consumo

Uma das formas mais eficazes de medir a febre da economia são por meio dos índices de consumo das unidades familiares, que inclusive são um dos pilares do cálculo do PIB. Para termos uma ideia de sua importância, o consumo das famílias responde por cerca de 60% do PIB. Ou seja, esse motor de crescimento está muito mais alinhado com a queda dos juros, expansão do crédito e a retoma da confiança dos consumidores.

Desemprego

Não há nada que preocupe mais um país que ver seus índices de desemprego ladeira acima. Elevadas taxas de desemprego indicam uma ociosidade da força de trabalho. O maior desafio de nossa economia consiste em combater a elevada taxa de desemprego e retomar o nível de renda das famílias brasileiras.

Inflação

As empresas privadas precisam se orientar através do bom funcionamento do sistema de preços da economia. Em períodos de inflação elevada, os mercados deixam de ser um sistema eficiente e a economia pode entrar em recessão.

Taxa de juros

A taxa de juros é o preço do dinheiro em diversos mercados. Para os macroeconomistas, a taxa de juros Selic, formada no mercado bancário, é a mais importante e referência para a formação de diversos preços do dinheiro.

O valor do dinheiro é algo importante para o dia a dia da empresa, por isso acompanhar a taxa de juros é algo até mais prático que estratégico, no entanto, os movimentos dessa variável podem dizer muita coisa sobre investimentos futuros e planejamento a longo prazo.

Esses são apenas alguns parâmetros básicos para a análise da direção do vento. As empresas têm profissionalizado esses estudos e mitigado as perdas pela falta de análise desses cenários. A Valuup oferece projetos personalizados que aprofundam todos os impactos possíveis no curto, médio e longo prazo. Estudos como esse amplificam e dão segurança às empresas. Cada vez mais é preciso tomar decisões baseados na realidade da empresa e nos índices macroeconômico e assim, não ir de encontro ao vento, por falta de informação e interpretação.

Artigo Gazeta do Povo: A extinção do BNDESPar e as fronteiras do Estado mínimo

Por que limitar totalmente a participação do BNDES em um mercado promissor?

A declaração do secretário de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, sobre a venda de todas as participações acionárias do BNDESPar para, enfim, fechá-lo nos próximos quatro anos chamou muita atenção sobre as fronteiras do Estado mínimo. A economia brasileira está reagindo bem a esse movimento de governo, mas não se pode generalizar, já que sair de todos os cenários pode não ser a melhor alternativa.

A justificativa consiste em vender a carteira de ações de empresas e utilizar esse recurso para abater dívidas. Em valor de mercado, pode-se obter cerca de R$ 110 bilhões em participação e fazer frente ao crescimento da dívida pública. Como consequência, o governo teria mais recursos para investir em educação, saúde e infraestrutura.

Vamos abordar três pontos sobre essa decisão. Em primeiro lugar, é preciso olhar para o mercado acionário brasileiro e para o movimento que ele vem fazendo. As ações estão valorizando, e o valor que seria recuperado (R$ 110 bilhões) poderia rapidamente ser levantado em ações no médio prazo. Por isso, essa justificativa ainda é rasa, necessitando de aprofundamento.

É preciso observar que a conjuntura macroeconômica atual mostra um cenário de juros reais em queda. Com o avanço de importantes reformas estruturais do Estado brasileiro, como a da Previdência Social e a tributária, os juros reais de longo prazo poderão operar próximos a 3% ao ano, e um novo ciclo de crescimento sustentável poderá ser observado. Teremos, portanto, o índice Ibovespa batendo novos recordes, com a forte valorização das principais ações negociadas no mercado de capitais. Ou seja, a venda do BNDESPar poderá gerar um custo de oportunidade significativo. Em outras palavras, o BNDES irá perder dinheiro.

A seguinte questão está relacionada à experiência internacional no desenvolvimento econômico. Muitos países ou instituições financeiras multilaterais utilizam seus bancos de desenvolvimento com o objetivo de se tornarem sócios de empresas. Seguem alguns exemplos: o Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aprovou 67 projetos em 2017, no total de US$ 85 milhões. Desse montante, US$ 47 milhões foram destinados a operações de cooperação técnica e US$ 38 milhões a empréstimos e operações com participação acionária. Outro caso é do Banco de Desenvolvimento da Ásia, que em 2017 aprovou US$ 32,2 bilhões, sendo que US$ 20,1 bilhões foram de empréstimos, doações e investimentos com recursos próprios, incluindo operações não governamentais de US$ 2,3 bilhões. Dessas operações não governamentais, cerca de US$ 300 milhões foram investimentos acionários. É comum os bancos de desenvolvimento se tornarem sócios de projetos e empresas.

A terceira questão – e a mais impactante para o país – consiste em entender a relevância do BNDESPar para financiar a inovação e empresas de tecnologia. Investidores desse segmento argumentam com a necessidade de uma atuação mais técnica e voltada às boas práticas no mercado de capitais. É preciso reestruturar o processo de seleção, mas não o extinguir. Cabe destacar que, no caso de empresas em estágios mais avançados de maturidade, há a possibilidade de o BNDESPar fornecer apoio por meio de fundos de private equity ou da subscrição de valores mobiliários, como ações ou debêntures conversíveis. São fontes de recursos que viabilizam as áreas de inovação e pesquisa nacional.

O desenvolvimento econômico deve contar com diversas opções de investimentos e instrumentos financeiros. As mudanças que o ministro da Economia, Paulo Guedes, irá buscar imprimir no mercado de capitais certamente farão dele uma fonte fundamental para alavancar os grandes investimentos necessários para o Brasil. As empresas terão maior acesso aos instrumentos e financiamentos do mercado de capitais. Com isso, fica a pergunta: por que limitar totalmente a participação do BNDES nesse mercado?

Esse artigo é de autoria do economista e sócio da Valuup, Lucas Dezordi e foi publicado originalmente na Gazeta do Povo.