Por que o crédito diminuiu para pequenas empresas?

O crédito para empresas brasileiras diminuiu nos últimos 5 anos, principalmente para as de médio e pequeno porte.

O período prolongado da crise econômica brasileira amedrontou as instituições financeiras, o resultado foi o endurecimento das regras de financiamentos empresarial. Por óbvio o lado mais fraco foi quem sofreu as maiores consequências. As micro, pequenas e médias empresas ficaram mais vulneráveis à crise e mais propensas a problemas financeiros nas oscilações de mercado, assim os recursos disponíveis no médio e longo prazo para esses negócios ficaram mais caros e escassos.

A redução do volume de operações de crédito afetou diretamente os pequenos e médios empreendimentos. De setembro de 2013 a agosto de 2018 o crédito para essas categorias caiu 26%, enquanto que no mesmo período as operações para as grandes empresas aumentaram 27% em termos nominais.

Temos assistido isso de perto. Grande parte dos nossos clientes são empresas de pequeno e médio porte. Elas viram as fontes de financiamento secarem nos últimos anos. A redução da participação das instituições públicas, o aumento de exigências por parte das instituições financeiras, tais como avais e garantias, são os fatores que mais contribuíram para a redução do crédito às micro, pequenas e médias empresas.

Essa avaliação está baseada nos dados extraídos do SGS – Sistema Gerenciador de Séries Temporais do Banco Central. Observamos neste estudo que o crédito para empresa brasileira está praticamente estável nos últimos 5 anos. Houve uma retração geral do saldo de crédito disponível para as empresas em -0,1% ao mês (a.m.), ou seja, crescimento zero nos últimos 5 anos. Pior ainda para os pequenos e médios empresários, os quais ficaram com uma fatia menor do crédito total disponibilizado.

Desde de dezembro de 2015 as instituições financeiras sob controle público reduziram o volume total de recursos disponíveis em -0,27% a.m., reduzindo o saldo de R$ 1,8 trilhões para R$ 1,65 trilhões em agosto de 2018. Já as instituições privadas aumentaram seu volume em 0,26% a.m., passando de R$ 950 bilhões para R$ 1 trilhão, enquanto que as instituições estrangeiras reduziram em -0,21% a.m. suas operações. No saldo geral temos -0,1% ao mês de saldo de operações financeiras com empresas. Se considerarmos a inflação do período o saldo disponível é ainda inferior.

No entanto, na prática, as micro, pequenas e médias empresas sentiram muito mais esse esvaziamento de crédito do que as grandes. As de grande porte tiveram redução de -0,04% a.m., passando de R$ 940 bilhões em dezembro de 2015 para R$ 928 bilhões em agosto de 2018. Enquanto que as micro, pequenas e médias caíram R$ 767 bilhões para R$ 494 bilhões, ou seja, uma redução ao mês de 1,41% a.m. Veja:

A razão que encontramos para essa realidade é que risco de calote dentro do contexto da crise econômica brasileira é muito mais expressivo para as menores. Essa realidade é compreensível, mas também injusta, uma vez que quem mais precisa de alternativas de crédito não teve acesso a ele.

5 elementos que impactam no valor das empresas

Há muitas dúvidas sobre o que determina o valor da empresa, destacamos 5 elementos que podem determinar o resultado.

Observamos que um dos aspectos que tem maior relevância é o caixa, ou mais especificamente, como ele cresce ao longo dos anos e a qualidade das projeções. O valor da empresa pode ser medido através da metodologia de fluxo de caixa descontado e na análise fundamentalista o valor intrínseco de uma empresa depende essencialmente de sua capacidade de geração de caixa.

Assim as premissas que mais impactam na geração de caixa, e de valor consequentemente, para uma empresa são:

  1. Receitas: como elas vão se comportar no futuro, a qual taxa cresce e como se sustenta.
  2. Custos: manterão as mesmas representações em relação às receitas? A empresa opera em custos crescentes ou decrescentes?
  3. Necessidade de capital de giro (Working capital): quanto de capital será necessário para financiar as atividades da empresa?
  4. Investimentos (Capex): serão feitos investimentos no curto prazo? Isto reduz o caixa imediato, porém deve assegurar fluxos maiores no futuro.
  5. Taxa de desconto (normalmente WACC): os fluxos de caixa futuro são descontados pela taxa de risco (desconto) do negócio. Portanto, quanto maior a taxa, menor o valor da empresa.

Ater-se nestes cinco pontos dará uma certeza elevada quanto ao valor da empresa, acredito que algo em torno de 90%. Foco no que realmente importa na criação de valor.

Um Brasil exportador e as eleições 2018

Três questões a serem superadas pelo novo presidente para expansão brasileira no mercado internacional

Essa não é uma análise política das melhores propostas econômicas para as eleições 2018, propomos levantar questões que precisam ser buscadas no plano de governo de cada candidato.

Na nossa visão é preciso ter olhar atento nas propostas sobre as exportações brasileiras. O que cada candidato está falando com relação a essa questão? Como o novo governo irá tratar os acordos bilaterais para expandir a participação no mercado externo? Sem dúvida não se pode esquecer do mercado doméstico, mas para crescer é preciso ir além disso, a grande questão está no como.

Não iremos analisar as propostas, mas vamos abordar temas importantes para o avanço do Brasil além das fronteiras. Que dever de casa é necessário fazer para expandir no mercado internacional? O que falta aqui que impede a nossa economia de avançar com todo o potencial produtivo que tem? O que está travando o Brasil?

Elegemos três pontos que se superados irão colaborar muito para a recuperação e a retomada do crescimento: Reforma tributária, reforma da previdência e a infraestrutura, explicaremos a seguir as razões.

A Reforma Tributária. Não é possível pensar em ganho de produtividade, e consequentemente, de competitividade, sem falar na simplificação dos impostos para as empresas brasileiras. Se formos comparar a complexidade da nossa carga tributária e no peso que ela tem no custo das empresas e comparar essa realidade com os nossos concorrentes internacionais, compreendemos que é uma luta desleal. É importante pensar quais as promessas que estão sendo feitas com relação a esse tema.

O segundo ponto que está ligado ao primeiro, se queremos desoneração isso implica em diminuição da arrecadação. É um fato que o estado está quebrado e o déficit público é cada vez mais volumoso, por isso vamos estar atentos ao que dizem os candidatos sobre a Reforma da Previdência, é preciso saber quais são os planos de ação para sair deste imbróglio. Qual será a idade mínima? Quais serão as regras? Essas respostas podem sustentar uma desoneração fiscal, menos gastos com previdência pode significar um fôlego para as contas pública, antes disso não há como falar sobre reforma tributária, sejamos realistas.

O terceiro e último ponto é a infraestrutura. É preciso, literalmente, ter onde crescer. A economia precisa ter espaços e acessos para se desenvolver. Aqui listamos, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, energia, e por aí vai. Tudo que significa base sólida para o crescimento. O custo de não se ter tudo isso está se esvaindo, desenfreadamente. Como competir no mercado externo com a China, que fez seu dever de casa? É preciso pensar quais estratégias iram suprir essa demanda gigantesca desse país continental. É preciso muito investimento, não há recurso público disponível, o que fazer? Quais são as propostas? Como sair dessa situação? Fiquemos atentos nestas respostas nas propostas dos candidatos.

Acreditamos que se o futuro governante conseguir contrabalancear esses três fatores teremos uma economia saudável em pouco tempo. Tarefa nada fácil, mas nem por isso impossível.

Postos de combustíveis curitibanos veem margens de lucro caírem

Depois de pouco mais de um ano, a política de preço da Petrobrás causa prejuízo para varejistas.

Os revendedores de combustíveis em Curitiba tiveram impacto direto na lucratividade depois da mudança na política de preço da Petrobras. De julho de 2017 a setembro de 2018 o preço da gasolina ao consumidor no Brasil subiu 27,4% e as margens caíram R$ 0,08 centavos. Em Curitiba, o ajuste foi de 26,6% e as margens diminuíram em R$ 0,12 centavos. No caso do diesel, no período analisado, o preço ao consumidor no Brasil subiu 15,5% e as margens caíram R$ 0,09 centavos. Em Curitiba, o ajuste foi de 22,2% e as margens diminuíram em R$ 0,17 centavos.

Nos dois casos, o mercado varejista de combustíveis de Curitiba foi o que mais sofreu com a nova política de preços da Petrobras, prejudicando de forma significativa o restabelecimento das margens. O gráfico 1 reforça esse argumento, destacando o desempenho reprimido das margens no município de Curitiba ao longo do período.

Gráfico 1 – Desempenho das Margens da Gasolina C: jul/2017 a set/2018.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Essa história começou quando a Petrobras implementou sua nova política de preços dos combustíveis: diesel e gasolina. A empresa informou que os reajustes iriam ocorrer com mais frequência, podendo ser até mesmo movimentos diários, respeitando uma margem de menos 7% a mais 7%.

O objetivo central da Petrobras consiste em buscar, no curto prazo, um maior alinhamento dos preços domésticos com os praticados no mercado internacional. Com isso, a empresa teria maior competitividade em seus preços para concorrer com os combustíveis importados.

Gráfico 2 – Índice de Preço dos Combustíveis, Brasil: jul/17 a set/18.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Valuup Consultoria e Petrobras.

Os preços médios divulgados pela Petrobras são referentes aos produtos tipo “A”, sem a incidência de tributos. Os preços médios informados consideram a média aritmética nacional dos preços à vista, sem encargos e sem tributos, praticados na modalidade de venda padrão nos diversos pontos de fornecimento, que variam ao longo do território nacional, para mais ou para menos em relação à média. Essa variação pode ser de até 12% para gasolina A e até 9% para o diesel A.

No período de 04 de julho de 2017 a 12 de setembro de 2018, o índice de preços da gasolina aumentou de 100 para 170, isto é, uma valorização de 70%; e o índice do diesel subiu de 100 para 155, aumento de cerca de 55%. A tabela 1 descreve o comportamento dos preços médios nos meses de julho de 2017 e setembro de 2018. Nesse período, o preço médio da gasolina na refinaria aumentou de R$ 1,291 para R$ 2,197 o litro. A variação em centavos foi de R$ 0,906. Para o diesel, o preço médio subiu de R$ 1,509 para R$ 2,296, ou seja, aumento de R$ 0,787 centavos.

Tabela 1 – Preço médio da Refinaria Petrobras

 

 

 

Fonte: Valuup Consultoria e Petrobras.
Nota: setembro de 2018 até o dia 12.

Em virtude dessa nova política de preços, as distribuidoras e revendedores tiveram que aumentar seus preços também. Mas como se comportaram as margens dos revendedores durante esse período? Será que eles conseguiram repassar esse aumento para o consumidor, mantendo as margem em reais?

Tabela 2 – Preços ao Consumidor, Distribuidora e Margens: jul/17 a set/18.

 Fonte: Valuup Consultoria e ANP.

A resposta é não. Os revendedores de combustíveis no varejo não conseguiram repassar os aumentos das distribuidoras ao público final. Com isso, as margens operacionais em reais sofreram reduções, conforme destacado pela tabela 2. O reajuste gera diminuição do consumo e assim prejuízo para os empresários, logo, parte dessas oscilações são absorvidas pelos postos. Essa informação nem sempre é difundida pela sociedade que cria a falsa imagem de que os postos são os grandes vilões das altas dos preços dos combustíveis.